Carolina Kirchner Furquim, especial para a Gazeta do Povo
09/09/2016 21:00
A empresária Camila Damaceno, 36 anos, teve Samuel aos 17 e Caleb um ano atrás: mais maturidade agora, mas pior recuperação. Fotos: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
Dezoitoanos separam os dois filhos da empresária Camila Barbosa Damaceno, 36 anos. “Tive meu primeiro filho aos 17, em uma gravidez planejada, e achava uma ótima ideia”, lembra. Com a segunda gravidez, aos 35, ficaram claras para ela as particularidades entre gerar e educar uma criança em diferentes fases da vida.
“Aos 17 tinha muita disposição e meu corpo praticamente não sentiu os efeitos da gravidez. Ganhei 10 quilos e uma semana depois do parto já tinha perdido quase tudo. Porém, tinha menos estruturaemocional e me sentia mais vulnerável aos palpites dos outros. Aos 35 encarei tudo com muito mais serenidade, maturidade, informação e confiança, mas a recuperação física e o metabolismo nãosão os mesmos”, conta.
A rotina também sente os efeitos desta diferença de idade entre os filhos. “Com o Samuel, de 19 anos, a preocupação gira em torno das amizades, namoros, notas na faculdade e trabalho. Com o Caleb, de 1 ano, as atenções vão para o calendário vacinal, alimentação e amamentação, por exemplo”, diz.
Partindo do zero
A gravidez da pedagoga Naura Catarina Szatkoski Aquino, aos 19 anos, veio revolucionar sua vida para o bem. “Na época, meu marido tinha acabado de entrar na empresa onde está até hoje e tudo ainda era muito novo. Morávamos de aluguel e precisamos começar tudo do zero. Por outro lado, a vinda da Érica organizou nossa vida de tal maneira, além de ter sido uma felicidade imensa”, conta.
A segunda filha, Eduarda, aos 32 anos, veio em um momento notadamente diferente para o casal. “Eu já tinha passado por dois abortos espontâneos neste intervalo e estávamos pensando na possibilidade de adotar uma criança, até que me descobri grávida novamente.
Meu marido já tinha conquistado a estabilidadeprofissional há anos e minha primeira filha pedia um irmão. Foi tudo muito mais tranquilo, em especial quanto aos nossos recursos, embora a idade e o histórico nos exigisse mais atenção ao pré-natal. Depois que ela nasceu, conciliar a criação das duas filhas deu tão certo que até consegui voltar a estudar e cursar a faculdade”, diz.
Diferenças sensíveis
A artesã curitibana Lucimara Gomes de Campos, de 43 anos, tem três filhos e foi mãe em três décadas distintas: aos 24, aos 32 e aos 40. “Ser mãe aos 20, aos 30 e aos 40 teve uma diferença muito grande para mim. Aos 24 tudo foi mais fácil, da gravidez ao parto. Quando a Maria Eduarda nasceu, tive disposição para ficar acordada, para brincar e tudo parecia mais simples, nada custava e nada pesava. Comparando, vejo que tive muito mais gás, energia, ânimo e paciência”, conta.
Aos 32, Lucimara afirma que a gestação de Arnaldo deu uma chacoalhada na vida, embora tenha sido muito bem planejada. “Notei que a gravidez me deixou mais inchada, com dores e já não me sentia tão bem, bonita e animada quanto na anterior. Em relação ao emocional, foi mais difícil ter calma e paciência.
Aos 40, fui completamente impaciente, mas com mais vivência para deixar o Pedro Augusto experimentar os próprios limites, o que também fez com que ele desenvolvesse uma personalidade muito mais independente, ao contrário dos outros dois. Sei que ele não vai se machucar tão facilmente e que ficar em cima o tempo todo não é preciso. Mas é uma diferença gritante, estava muito cansada”.
Com todas as diferenças, Lucimara afirma que os filhos, independentemente da fase em que estejam, serão sempre sua prioridade. “Tenho uma na faculdade e outro na pré-escola. Cada um com suas necessidades, eles virão sempre em primeiro lugar na minha vida”.