Calor facilita transmissão da doença do verme do coração em pets; saiba mais sobre ela
Rodrigo Batista, especial para a Gazeta do Povo
14/12/2018 12:00
Golden retriever and lagrador running on the beach
Se o seu cão está com sintomas como dificuldade para respirar, apresenta cansaço com facilidade ou o ritmo de pulsação cardíaca está mais acelerado do que o normal, fique atento: ele pode estar com um parasita dentro do coração. Comum principalmente em regiões quentes e litorâneas, a doença do verme do coração tem mais incidência no verão, devido à proliferação dos mosquitos que são transmissores. A doença pode ser fatal para os cães, dependendo do caso.
Conhecida tecnicamente como Dirofilariose, a enfermidade é da mesma classe de outras que podem atingir o intestino do animal. Neste caso, entretanto, o parasita pode se alojar em vasos ligados ao pulmão ou dentro do coração, conforme explica o médico veterinário Bernardo Dagostin.
“É um parasita que tem um ciclo de vida longo, de sete a nove meses e, comparado a outros, é extremamente grande. Em alguns casos a fêmea deste verme pode chegar a 12 centímetros de comprimento”, explica. Além dos problemas cardíacos e de respiração, o animal pode apresentar concentração de líquido abdominal.
Dirofilariose: transmissão por mosquitos
Assim como algumas endemias que podem acometer seres humanos, a doença do verme do coração é transmitida aos cães por meio da picada de mosquitos, entre eles o Culex (pernilongo) e até mesmo o Aedes Aegypti, conhecido por transmitir Dengue, Zika e Chicungunha entre as pessoas. “Mas isso [a transmissão] não é privilégio de nenhum mosquito. A doença [do verme do coração] é comum em todos os continentes e em cada região depende da prevalência de determinadas espécies de mosquitos”, explica.
Locais quentes são de alta infestação
O calor é um fator que acentua a proliferação de mosquitos transmissores e, consequentemente, do parasita. Por isso, épocas como o verão podem aumentar os índices da doença. Locais quentes e litorâneos em geral são considerados de grande risco para o desenvolvimento da verminose nos cães, segundo o médico veterinário.
Dagostin cita uma pesquisa do ano de 2014 desenvolvida por profissionais da Fundação Osvaldo Cruz e da Universidade Federal Fluminense (UFF) que analisou cachorros de diversos municípios do Brasil. Foram constatados índices de infestação acima de 50% dos animais de cidades do estado do Rio de Janeiro. No Paraná, os municípios de Guaraqueçaba, Guaratuba e Pontal do Paraná apresentaram infestação entre 25% e 30% dos animais analisados.
O médico alerta para esses números por causa do trânsito de animais com seus tutores durante as viagens. Ele exemplifica com o caso do Paraná. “Não temos dados sobre Curitiba, mas se considerarmos que o índice no litoral do Paraná é alto, uma vez que um animal vá a praia e contraia a doença, ela pode se espalhar na capital”, diz.
Diagnóstico e tratamento
De acordo com o médico, o diagnóstico pode ser feito por meio de exames de sangue. Nesses casos, os especialistas constatam a presença do que seriam larvas desses vermes, ou seja, os parasitas em estágio ainda muito imaturo. O tratamento depende muito do estado de saúde do animal. Por isso, se um tutor tem mais de um animal de estimação e um dos cães é constatado com a doença, o melhor é que os demais também façam exames para diagnosticar se estão com o parasita. “O tratamento é muito individualizado e vai depender da quantidade de vermes presentes no organismo”, afirma o especialista.
Uma das maiores preocupações em relação ao tratamento é evitar o óbito dos animais, segundo o médico veterinário. “Isso decorre porque, conforme os parasitas morrem, podem obstruir as vias sanguíneas dos animais, o que pode levar a sérias complicações de saúde” explica o médico.
Para evitar esse tipo de consequências, há três saídas para tratamento: uma delas envolve medicação para conter o desenvolvimento das larvas do parasita (o que diminui a quantidade de vermes adultos progressivamente); o combate a uma bactéria que se desenvolve associada ao verme durante seu período de incubação (o que enfraquece o parasita); ou, em casos extremos em que o número de vermes no coração é muito alto, pode-se recorrer a cirurgia.
Prevenção é melhor saída
A melhor forma de evitar essa doença, segundo o médico, ainda é a prevenção. “O combate ao mosquito transmissor é algo difícil. Por isso, o melhor a se fazer é a aplicação de vermífugos periodicamente, uma vez por ano, que garantem a imunização contra vários parasitas, inclusive contra o verme do coração”, explica Dagostin.