Centro de longevidade: espaço em Curitiba foca no respeito à biografia do idoso
Daliane Nogueira
24/08/2022 21:45
Estamos envelhecendo. Em 2019, o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a tendência é de que o número de pessoas com 65 anos ou mais chegue a 58,2 milhões em 2060 – 25,5% da população.
Para além dos impactos no cenário macroeconômico e previdenciário, é preciso entender como seremos cuidados. O estereótipo de velhice cercada de limitações vem dando espaço para o de pessoas longevas desfrutando a vida com qualidade e autonomia. Baseado nesta visão, foi inaugurado recentemente em Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba, o Elissa Village, que segue o conceito de um centro de longevidade. O espaço tem 300 mil m² e natureza abundante. São seis mil m² de área construída, com 74 apartamentos. “Nossa inspiração foram os empreendimentos europeus e norte-americanos”, afirma o CEO do negócio, Edson Matos.
Preservação da biografia
Matos conta que o projeto surgiu por volta de 2014, quando a família Caron, com tradição na atenção à saúde em Curitiba, teve dificuldades em encontrar espaços capazes de oferecer um atendimento que fosse além da paliatividade para atender um caso de doença crônica na família. “A partir dessa experiência começamos a pensar no empreendimento. Foram dois anos e meio pesquisando o mercado fora do país para depois desenvolver o conceito e chegar ao projeto de engenharia e arquitetura”, relata.
O objetivo é proporcionar a participação em atividades coletivas, mas mantendo a individualidade e preservando a biografia. Para tanto, antes da admissão, a família informa como o idoso gosta ser chamado, o que gosta de ler ou assistir, as comidas que são afetivas, entre outros hábitos. As informações vão para um mural que é consultado pelos colaboradores. “Envelhecer não é adoecer. Oferecemos atenção à longevidade com muitas atividades e convivência e uma retaguarda em saúde.”
Estrutura
O projeto de interiores é da arquiteta Flávia Ranieri, especialista em geroarquitetura, ramo que cria soluções voltadas à terceira idade. Além dos apartamentos com 29 m², há espaço gourmet (inclusive para receber a família), biblioteca, salão de beleza e spa, sala de jogos, cinema, espaço ecumênico, piscina aquecida, pista de caminhada, entre outros. A escolha do mobiliário manteve a preocupação com a linguagem residencial e não hospitalar.
Há ainda o incentivo para que os hóspedes mantenham suas atividades externas, assim como a presença da família é bastante incentivada. Ela aliás, pode usufruir da estrutura do restaurante ou promover eventos no local para celebrar datas especiais.
Saúde integral
A equipe de assistência à saúde conta com geriatras, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros e cuidadores, treinados para mudar a visão para com os idosos. “Os profissionais de saúde estão acostumados a cuidar e não a proporcionar a autonomia. No treinamento simulamos as dificuldades de visão, audição e locomoção, para gerar a empatia”, relata.
Matos explica que os quartos têm sensor de movimento que acende uma luz de vigília na altura do rodapé. O piso é antiderrapante e opaco, evitando confusão visual. Os caminhos são livres de obstáculos ou tapetes e há barras de apoio por todo o empreendimento. Um sistema integrado de câmeras, com identificadores de queda, faz o monitoramento por meio de mapa de calor. Os hóspedes contam ainda com alarmes de emergência individuais.
Há planos de moradia, hospedagem temporária ou day use, sempre com sistema all inclusive. O preço é informado apenas sob consulta. Em 2022 o empreendimento dobrou a ocupação e planeja expansão com a construção de chalés, ampliando a autonomia e individualidade.
Serviço:
Endereço: Rodovia do Caqui, 1.525, Campina Grande do Sul. Agendamento de visitas: (41) 98792-7965 ou www.elissavillage.com.br.