Realizar o sonho de quem queira presenciar uma aurora boreal. Esse é o propósito do empresário e fotógrafo curitibano Marco Brotto, 50, que há dez anos observou o fenômeno pela primeira vez. Desde então, se apaixonou pela experiência de tal modo a mudar sua trajetória de vida para se tornar um especialista em auroras boreais.
Em dez anos de expedições, Marco Brotto presenciou a aurora boreal na Rússia, Noruega, Finlândia, Suécia, Groenlândia, Islândia, Canadá e Estados Unidos.
Possíveis de serem vistas nas regiões próximas ao Círculo Polar Ártico, que abrange o extremo norte dos continentes americano, europeu e asiático, a aurora boreal é um fenômeno causado pelo impacto de ventos solares no campo magnético da Terra, que canaliza a reação para os pólos, onde a interação do plasma solar com a atmosfera emite reações em forma de luz. No hemisfério sul também é possível acompanhar as luminescências, são as auroras austrais, porém a visualização pelos continentes é mais difícil, por estarem mais afastados do Círculo Antártico e da zona auroral, sendo mais visível da Antártida.
A primeira vez que Marco presenciou as “luzes do Norte”, como também é conhecido o fenômeno, foi em 2011, em viagem a passeio para Noruega. Depois de alguns dias visitando pontos fixos de avistamento em excursões, sem condições propícias para a manifestação da aurora, quase voltou para casa sem conseguir nenhum feixe de luz. Foi na última noite, passando sozinho pelos fiordes, que contemplou a manifestação exuberante da natureza, no que considera uma experiência de persistência e sorte. “Fiquei como teimoso no meio do fiorde, com -15°C fotografando, até que em certo momento veio uma explosão de luzes magnífica em cima de mim”, relata, e descreve a sensação do primeiro avistamento como de “beleza e magia”.
De empresário à caçador de aurora boreal
Depois daquele momento, Marco decidiu que iria em busca do espetáculo de luzes mais vezes. Nos anos seguintes fez viagens a outros países onde é possível o avistamento. Aos poucos, reorientou sua trajetória profissional – que antes era de empresário no setor moveleiro em Curitiba – para se tornar guia em expedições à caça de auroras boreais. “Depois que eu vi pela primeira vez, se tornou um sonho repetitivo, e de rever e de realizar o sonho das pessoas de ver as auroras. É isso que me move hoje “, conta.
De lá pra cá, chegou à marca de 82 expedições, realizadas em todos os países da zona auroral onde é possível acompanhar o fenômeno, Rússia, Noruega, Finlândia, Suécia, Groenlândia, Islândia, Canadá e Estados Unidos. Em todas as viagens conseguiu avistar as luzes a olho nu e, não à toa, se tornou reconhecido internacionalmente como o “Caçador de Aurora Boreal”, sua marca registrada.
Registro feito na Lapônia durante uma expedição de avistamento da aurora boreal.
Desde os últimos dois anos realiza as expedições por sua própria operadora, com pacotes de viagem para a Islândia, o Alasca e a Lapônia, que abrange territórios da Finlândia, Noruega, Suécia e Rússia, junto a um grupo operacional que o acompanha desde o Brasil e em cada uma das localidades. Os roteiros acontecem entre setembro e abril, período de melhor visualização da aurora, com programações de uma a duas semanas, que variam de acordo com o lugar, período e condições para ver as luzes.
“Faço um desenho para que a gente possa aproveitar a viagem muito bem durante o dia e durante à noite, sempre maximizando a chance de ver a aurora, tanto nos passeios quanto nos lugares em que a gente dorme”, explica Marco.
Define suas expedições como um misto de conforto e aventura, uma experiência para todas as idades, e conta que já levou desde crianças de sete anos, acompanhadas dos pais, até idosos de 80 anos.
Desafios e dificuldades
As condições para ver a aurora boreal dependem de diversos fatores, como a atividade solar, o campo magnético da terra, a cobertura de nuvem e a pressão atmosférica, dados que Marco aprendeu sozinho a investigar ao longo dos anos. Apesar disso, alerta, “estamos lidando com um evento natural, por mais que tenha conhecimento, experiência, os dados e gráficos, e todos os elementos para determinar onde nós teremos a melhor aurora, isso pode mudar de uma hora para outra”.
Além disso, suas expedições são à caça de luzes que possam ser vistas a olho nu, quando o espetáculo é mais exuberante e promove rastros no céu de cores que variam entre verde, branco, amarelo e púrpura. Para potencializar as chances desses avistamentos, Marco aconselha que as expedições não sejam feitas sem acompanhamento, além da questão da segurança, por dirigir em estradas congeladas e muitas vezes enfrentar temperaturas negativas em ambientes inóspitos.
Paixão vira fotolivro
O livro, de capa dura, possui 220 páginas com registros das 82 viagens que fez aos países do Círculo Polar Ártico.
Para celebrar os dez anos de avistamentos de auroras boreais, Marco Brotto lançou no mês de março o livro “Aurora Boreal: amor em forma de luzes e cores”. São 220 páginas com registros fotográficos de sua autoria que ilustram um recorte da longa trajetória à caça das “luzes do Norte”. O livro tem prefácio de Alberto Andrich, fundador e CEO da World Adventure Society, e citações de fotógrafos renomados como Luciano Candisani, da revista National Geographic, e Cristiano Xavier, além de relatos dos viajantes que acompanham Marco em suas expedições. Para adquirir o livro, e saber mais sobre as próximas viagens, acesse auroraboreal.com.br.