Em Curitiba e em todo o Paraná, onde o inverno de 2025 já se anuncia com um rigor particular, a preocupação com o bem-estar dos animais de estimação durante os períodos de baixas temperaturas torna-se uma prioridade para muitos tutores. A adaptação ao frio, embora natural para algumas espécies, exige intervenção humana para garantir a saúde e o conforto de cães e gatos.
A Dra. Palloma Rose, médica veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), conversou com a Casa Pinó para oferecer orientações detalhadas sobre os cuidados essenciais para enfrentar o clima curitibano, que em junho – e, em breve, no inverno – deve continuar com geadas e temperaturas próximas ou abaixo de zero.
Sinais de alerta para o frio intenso
Os sinais de que um animal está sentindo frio e precisa de atenção imediata variam de acordo com a intensidade da exposição. "Cães e gatos são mais resistentes ao frio do que nós, mas isso não impede que eles também experimentem desconforto térmico em baixas temperaturas", observa a Dra. Palloma.
Em dias mais amenos, com máximas em torno de 15-16°C, a letargia, tremores leves e extremidades geladas podem ser notados. Contudo, para animais que vivem dentro de casa, a hipotermia é rara. A maior preocupação reside nas viroses respiratórias, mais comuns no inverno, cujos sintomas incluem coriza, secreção ocular, espirros, tosse ou chiado na respiração, demandando uma visita ao veterinário.
A situação se agrava para animais que permanecem fora de casa, especialmente com a massa de ar polar que pode manter o frio intenso e mínimas de até 1°C na capital, ou mesmo temperaturas negativas em regiões próximas do Paraná.
Nestes casos, a hipotermia é uma ameaça real, manifestando-se por tremores intensos, rigidez muscular, letargia acentuada e alteração na coloração das extremidades, que, além de geladas, podem apresentar mudanças de cor. "Caso isso seja observado, é importante levar com urgência para atendimento veterinário", alerta a Dra. Palloma.
Proteção em passeios diários em parques ou ao ar livre
Quando pensamos nos passeios de cães e gatos que vivem em apartamentos, a necessidade de vestimenta e proteção para as patas é muitas vezes superestimada para a maioria dos animais, dada a curta duração da exposição ao frio curitibano. A Dra. Palloma explica: "Como são passeios curtos e a exposição ao frio será pontual, a maioria dos animais não necessita de nenhuma proteção."
A exceção são os animais idosos, que, devido ao metabolismo mais lento e à perda de massa muscular e gordura, têm maior dificuldade em regular a temperatura corporal. Para eles, uma roupinha durante o passeio é recomendada.
Em dias chuvosos ou com garoa, que podem ocorrer em Curitiba mesmo com as baixas temperaturas e nevoeiros de junho, uma capa pode proteger animais de pelo longo ou, alternativamente, uma secagem cuidadosa com toalha após o retorno.
Adaptações no ambiente doméstico
As adaptações no ambiente doméstico são cruciais para o conforto térmico, especialmente diante das geadas frequentes e temperaturas mínimas próximas ou abaixo de zero esperadas para maio e junho de 2025.
A Dra. Palloma sugere o uso de caminhas elevadas, preferencialmente com estrado de madeira, para isolar o animal do frio do piso e melhorar a circulação de ar, prevenindo o mofo. Cobertas são opcionais, mas podem ser úteis para raças que apreciam se "entocar", como Dachshunds e Chihuahuas, buscando um conforto extra nas noites frias. Para gatos, caminhas em formato de toca são particularmente apreciadas.
Alimentação e hidratação no inverno
A alimentação e hidratação também sofrem alterações no inverno rigoroso. O corpo dos animais demanda um aumento calórico para gerar calor. "No inverno há um aumento da necessidade calórica porque o metabolismo aumenta o gasto de energia para produzir calor", pontua a Dra. Palloma. Embora alguns animais possam manifestar maior apetite, é fundamental equilibrar o aporte calórico para evitar ganho de peso excessivo.
A hidratação deve ser constante, com água fresca disponível à vontade. A inclusão de alimentos úmidos na dieta também pode contribuir para a hidratação. Para aqueles que consomem alimentação natural ou ração misturada com ela, aquecer ligeiramente o alimento antes de oferecer pode aumentar a palatabilidade, tornando-o mais atrativo nas baixas temperaturas.
Doenças comuns e prevenção
O inverno de 2025 em Curitiba também traz consigo um aumento na prevalência de certas doenças, potencializado pelas temperaturas que podem chegar a 1°C na capital. As viroses respiratórias são as mais comuns, transmitidas por aerossóis em ambientes com maior concentração de animais, como parques, creches e pet shops.
Em cães, adenovírus, influenza e parainfluenza causam sintomas como espirros, secreção nasal, tosse e febre leve. Embora frequentemente autolimitantes, filhotes, idosos e animais imunocomprometidos podem desenvolver broncopneumonia, exigindo tratamento com antibióticos.
A cinomose, um vírus mais grave que afeta múltiplos sistemas, também tem sua transmissão aumentada no inverno. Em gatos, o Complexo Respiratório Felino (herpesvírus, calicivírus, clamídia e micoplasma) é uma preocupação, manifestando-se com sinais respiratórios e oculares, e ocasionalmente úlceras orais.
A Dra. Palloma enfatiza: "As doenças de inverno são transmitidas com mais facilidade em momentos de aglomeração e terão sinais mais graves dependendo do estado de imunidade do animal." Ela ressalta a importância da vacinação em dia, uma alimentação adequada e um ambiente protegido como medidas preventivas essenciais para minimizar os riscos e, se necessário, garantir um tratamento eficaz sob orientação veterinária, especialmente em um inverno tão frio quanto o previsto para Curitiba em 2025.
5 conselhos essenciais para cuidar dos pets no frio:
Conforme reforçado ao longo da conversa, a Dra. Palloma elenca os principais conselhos a ter em vista para cuidar dos animais de estimação no frio:
Monitore os sinais de frio: observe tremores intensos, letargia e extremidades geladas. Procure um veterinário se notar secreção nasal, tosse ou espirros persistentes.
Adeque a proteção em passeios: animais idosos se beneficiam de roupinhas. Para todos, uma capa de chuva pode ser útil em dias úmidos, e sempre seque o pet ao retornar.
Garanta um ambiente aquecido: ofereça caminhas elevadas e, se o pet gostar, cobertas. Gatos apreciam tocas para dormir.
Ajuste alimentação e hidratação: aumente ligeiramente a oferta de alimentos para suprir a demanda calórica. Mantenha água fresca sempre disponível e considere alimentos úmidos.
Previna doenças respiratórias: mantenha a vacinação em dia, proporcione alimentação balanceada e evite aglomerações em locais frios. Em caso de sintomas, procure orientação veterinária.