Apresentações em maio a partir de R$ 10
Exclusivo: OSP completa 40 anos com concerto de Beatles e obra de Mahler com 200 músicos
No ano que marca quatro décadas de sua criação, a Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) consolida um novo momento sob a regência do maestro Roberto Tibiriçá. Na condução do time desde 2022, Tibiriçá levou OSP a um patamar de reconhecimento crescente, com apresentações esgotadas de forma recorrente.
Em entrevista exclusiva à Casa Pinó, o maestro compartilhou a satisfação pelo momento de sucesso, com salas de concerto lotadas e uma conexão vibrante com a plateia, mas também revelou planos ambiciosos para celebrar o quadragésimo aniversário da orquestra: um mergulho sinfônico no universo dos Beatles e a monumental execução da Sinfonia nº 2 de Mahler, uma obra que exigirá a presença simultânea no palco de 200 músicos.
Desde sua fundação em 1985, a OSP teceu uma rica "tapeçaria" sonora, com um repertório vasto e diversificado que reverencia os grandes mestres internacionais mas mantém o apreço à produção musical brasileira. Nomes como Alceo Bocchino, maestro emérito e figura seminal na história da OSP, pavimentaram o caminho para a excelência atual.
Visão democrática e desmistificação da música clássica
A chegada de Tibiriçá, em um período de transição pós-pandêmica, injetou novo vigor à OSP. Com uma trajetória rica em experiências em palcos nacionais e internacionais, o maestro encontrou no Paraná um terreno fértil para ideias e sua paixão pela música. “Houve uma imediata afinidade com a orquestra e um apoio fundamental da Secretaria de Cultura. Essa união de forças é essencial para que um projeto artístico dessa magnitude prospere. Algo que me deixa muito feliz, inclusive, é que o convite para mim foi um pedido em conjunto do time da orquestra”, relembra.
Apresentações recentes no último ano – focadas no repertório de nomes como Maurice Ravel, Heitor Villa-Lobos, Mozart e mais – tiveram ingressos esgotados no Teatro Guaíra com dias de antecedência. Da mesma forma, uma série chamada “Mostly Mozart”, de concertos ao ar livre no Museu Oscar Niemeyer, frequentemente tem lotado o vão do local. Para Tibiriçá, essa resposta é um indicativo do compromisso da orquestra em oferecer excelência musical com acessibilidade.
“Acredito muito no poder dos concertos ao ar livre para desmistificar a música clássica e criar laços mais fortes com o público. Mas o teatro continua sendo o nosso palco principal”, pondera o maestro, que se vê como um defensor da democratização do acesso à música clássica.
A política de preços populares, com ingressos a R$ 10 e R$ 20, implementada com o apoio do Governo do Paraná, tem se mostrado um catalisador para a formação dessas novas audiências. “É emocionante ver pessoas que talvez nunca tivessem acesso à música sinfônica se permitindo viver essa experiência. Estamos construindo um futuro de apreciadores, quando vemos crianças acompanhando os pais numa manhã de domingo no Guaíra”, avalia Tibiriçá.
Amigo de Rita Lee, estudos como pianista e regente em diversas orquestras
Antes de assumir a posição de diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Paraná em 2022, Roberto Tibiriçá construiu uma sólida e diversificada carreira musical. Iniciou seus estudos musicais como pianista e, posteriormente, dedicou-se à regência, tornando-se um nome respeitado no cenário da música clássica brasileira. Ao longo de sua trajetória, Tibiriçá regeu diversas orquestras importantes no Brasil e no exterior, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), da qual foi regente convidado por quase 18 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), onde atuou como diretor artístico, a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas e a Orquestra Filarmônica de São Bernardo do Campo. É, também, titular da cadeira de nº 5 da Academia Brasileira de Música desde 2003.
A experiência musical de Roberto Tibiriçá também se estendeu a colaborações com renomados artistas da música popular brasileira. Com direito a agradecimento pessoal de Rita Lee em sua autobiografia, quando foi responsável pela Orquestra Nova Sinfonieta em um álbum infantil narrado por ela, "Pedro e o Lobo", lançado em 1989. “Adorei fazer a gravação”, contou a ex-vocalista dos Mutantes, no livro. Além dela, Tibiriçá também trabalhou com Gilberto Gil, Wagner Tiso, Frejat, Daniela Mercury, Ivan Lins e Nana Caymmi, entre outros.
Viagem sinfônica pelos Beatles e grandiosidade de Mahler marcarão aniversário em maio
Tibiriçá compartilhou com exclusividade à Casa Pinó dois projetos que devem seguir a toada de mais uma manhã movimentada dentro do Teatro Guaíra. A orquestra apresentará o inédito “Beatles Sinfônico” no dia 18 de maio, às 10h30, sob a regência do maestro convidado João Maurício Galindo. Este tipo de incursão não é uma novidade ao repertório dos fab four – o “quinto beatle”, George Martin, era um arranjador responsável por momentos como “In My Life”, “Yesterday” e “Strawberry Fields Forever” – mas a apresentação deve reservar surpresas no teatro.
O ápice das celebrações do 40º aniversário, entretanto, será a execução da monumental Sinfonia nº 2 de Gustav Mahler, a “Sinfonia da Ressurreição”. Os concertos, agendados para os dias 28 e 29 de maio, às 20h30, e 1º de junho, às 10h30, no Guairão, reunirão um impressionante contingente de cerca de 200 artistas no palco.
Além da orquestra, o público será envolvido pelas vozes da soprano Gabriela Pacce e da mezzo-soprano Ana Lucia Beneditti, e pela força expressiva de um coro misto com aproximadamente 80 integrantes.
“Reunir 200 músicos para executar a Sinfonia de Mahler é um desafio logístico considerável, mas a magnitude da obra e a emoção que ela transmite justificam todo o esforço. Será um marco para a nossa história”, afirma o ansioso Tibiriçá.
A Sinfonia nº 2 em dó menor de Gustav Mahler, apelidada de “Ressurreição”, é uma obra de proporções épicas, composta entre 1888 e 1894, com revisões posteriores. Sua jornada musical explora temas profundos como a vida, a morte e a fé na ressurreição, culminando em um final coral de intensidade única. A complexidade da obra reside não apenas na sua duração – que geralmente ultrapassa os 80 minutos – mas também na sua rica orquestração, que exige uma vasta gama de instrumentos e nuances expressivas.
A necessidade de um efetivo instrumental tão grande para a Sinfonia nº 2 de Mahler decorre da ambição sonora, como é de se imaginar, mas também da busca por uma paleta de “cores” orquestrais que possa traduzir a profundidade emocional e filosófica da composição. A presença de uma seção de metais reforçada, múltiplos instrumentos de percussão – incluindo sinos tubulares e tam-tam – e, crucialmente, as vozes solistas e o coro, são essenciais para a realização plena da visão sinfônica de Mahler.
Instituto de apoio à orquestra prepara documentário em celebração aos 40 anos
Samuel Lago, presidente do Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP), também compartilhou sua perspectiva dos 40 anos de existência da OSP à Casa Pinó, ressaltando o papel vital do grupo no suporte contínuo às atividades da OSP. Fundado em 2016 por um grupo de apaixonados pela música, o IAOSP atua como um elo entre a orquestra e a sociedade, viabilizando projetos através de leis de incentivo fiscal.
“Nosso principal objetivo é garantir que a OSP tenha as condições necessárias para seguir encantando e educando através da música. Os projetos que apoiamos abrangem desde os grandes concertos até iniciativas de formação de público”, explica Lago.
Lago enfatizou a sinergia com Roberto Tibiriçá e o impacto positivo de sua visão artística na trajetória recente da orquestra. “O maestro Tibiriçá trouxe uma energia renovadora e uma paixão contagiante para a OSP. O sucesso que temos visto é um reflexo direto de sua liderança”, avalia.
Para celebrar os 40 anos da OSP, o IAOSP está produzindo um documentário especial em formato de websérie, com estreia programada para maio. Dividido em quatro episódios de cerca de 40 a 45 minutos cada, o documentário costurará a história da orquestra através das vozes de seus protagonistas: músicos, maestros, organizadores e todos aqueles que dedicaram sua vida à música no Paraná. “Queremos que as pessoas conheçam a OSP por dentro, através das histórias e memórias daqueles que a construíram ao longo dessas quatro décadas”, revela.
O primeiro vislumbre do documentário já está disponível nas plataformas digitais do Teatro Guaíra, da Orquestra Sinfônica do Paraná e do IAOSP, com um depoimento do renomado maestro João Carlos Martins, que dividiu o palco com Tibiriçá em um concerto memorável em 2024. Os três primeiros episódios da websérie serão lançados em antecipação aos concertos de aniversário, e o quarto, que incluirá momentos da apresentação da Sinfonia nº 2 de Mahler, será divulgado logo após.
Serviço
Projeto Beatles Sinfônico
18 de maio de 2025 (domingo), às 10h30
Local: Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão) - Conselheiro Laurindo, 175 - Centro, Curitiba/PR
Maestro: João Maurício Galindo
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada). Vendas a partir de 10 dias antes do espetáculo na bilheteria do Teatro Guaíra e pelo site www.deubalada.com
Concerto de Aniversário de 40 Anos da OSP – Sinfonia nº 2 de Mahler “Ressurreição”
28 e 29 de maio (quarta e quinta-feira), às 20h30; 1º de junho (domingo), às 10h30
Local: Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto (Guairão) - Conselheiro Laurindo, 175 - Centro, Curitiba/PR
Maestro: Roberto Tibiriçá
Solistas: Gabriela Pacce (soprano) e Ana Lucia Beneditti (mezzo)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada). Vendas a partir de 10 dias antes do espetáculo na bilheteria do Teatro Guaíra e pelo site www.deubalada.com
