Jardim Botânico comemora 30 anos; conheça a história
Heloisa Nichele, especial para Pinó
05/10/2021 10:00
Fundado em 1991, o Jardim Botânico possui um maiores herbários do país. | Luiz Costa/SMCS
Um dos pontos turísticos mais visitados de Curitiba está de aniversário. O Jardim Botânico, fundado em 5 de outubro de 1991, comemora neste mês 30 anos de existência. As comemorações deste ano incluem a reabertura do Jardim das Sensações para os visitantes, fechado durante as piores fases da pandemia, e o retorno da escultura Amor Materno, de Zaco Paraná, restaurada especialmente para a data. Foi elaborado, ainda, um canteiro comemorativo com o número 30, com cerca de mil mudas de begônias no formato da inscrição.
Nesses anos de existência, o Jardim Botânico se consagrou como um dos principais cartões-postais da cidade, por onde passam mais de um milhão de pessoas por ano. Os 178 mil m² do espaço abrigam especificidades características dessa unidade de conservação, que se renova com o passar do tempo para permanecer como um ponto de contemplação e experimentação da natureza pelos visitantes.
O estilo arquitetônico
O projeto da estufa do Jardim Botânico segue o estilo de outras edificações inauguradas na década de 1990 na cidade com a estrutura em ferro e vidro.
A construção da estufa, que se tornou cartão-postal da cidade nesses 30 anos, tem história. O sistema construtivo combina uma estrutura tubular com peças de vidro e remonta a outros projetos públicos que foram desenvolvidos na mesma época na cidade, como a Rua 24 Horas e as estações-tubo, inauguradas também em 1991, e a Ópera de Arame, de 1992. É o que explica a Diretora de Projetos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Célia Bim, que participou da criação do projeto inicial. “Quando o Ippuc iniciou os estudos do Jardim Botânico, por pedido do prefeito Jaime Lerner, tinha uma diretriz de metodologia construtiva que o prefeito estava adotando na cidade”.
O desenho da estufa, que ocupa 458 m² do Jardim, foi assinado pelo arquiteto Abraão Assad, responsável também por outras obras em Curitiba. A inspiração das três cúpulas que fazem o contorno da edificação seriam de origem árabe, mas a principal associação se faz com o Palácio de Cristal, de Londres, pela estrutura em ferro e vidro.
No longo jardim em frente à estufa estão os canteiros geométricos que remontam aos jardins franceses, renovados por diferentes plantas a cada estação ou campanhas periódicas, como em conscientização do Maio Amarelo (campanha para reduzir acidentes de trânsito), ou do Outubro Rosa (alerta de prevenção ao câncer de mama e de útero).
O Jardim Botânico não é parque
O projeto inicial, criado na terceira gestão municipal do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, tinha como proposta a fundação de um espaço de pesquisa, conservação da flora e educação ambiental na cidade. Desde o princípio, o planejamento incluiu a estufa de preservação de espécies da flora local, sobretudo da Mata Atlântica, a manutenção do bosque de mata nativa e a implementação da sede do Museu Botânico. O local se tornou um dos maiores herbários do país, além da construção de lagos, fontes e quiosques na extensão do Jardim.
A julgar pelo nome, parece óbvio que o Jardim Botânico se diferencia de outros espaços de preservação ambiental na cidade. Porém, na prática, as regras para a utilização se diferenciam daquelas estabelecidas para os parques públicos. Integrante da Rede Brasileira de Jardins Botânicos, o modelo curitibano está integrado ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado pelo Governo Federal no ano 2000.
Nesse sentido, a principal atividade de lazer estimulada pelo espaço é a contemplação ambiental. Assim, seja nas pistas de caminhada, nas trilhas pelo bosque ou nos demais ambientes projetados para este fim, algumas práticas são proibidas, como pedalar, jogar bola, passear com o cachorro ou empinar pipa, por exemplo.
“O Jardim tem muitos elementos que existem também no parque, mas é um jardim botânico, então tem também essa característica de unidade de conservação, que contempla estudos científicos da vegetação, a conservação e educação ambiental, a preservação da flora”, explica Bim. A legislação vigente que regula o uso do Jardim Botânico segue o decreto 170, de 2015, que especifica todas as atividades permitidas no local.
Atrações que estimulam os sentidos
No Jardim das Sensações os visitantes caminham em um jardim projetado para estimular o olfato, tato e a audição.
Nesses 30 anos, novas atrações foram criadas para fomentar a proposta de educação e conservação ambiental. “Ao longo do tempo foram sendo acrescentadas novas edificações, novos usos para o Jardim, e isso foi revigorando, atualizando, trazendo novidades. Contribuiu para o sucesso do Jardim Botânico”, destaca Bim.
Em 2008, foi criado o Jardim das Sensações, com a proposta de sensibilizar a experiência dos visitantes por meio dos sentidos. Em um caminho de 200 metros, o visitante percorre um jardim com plantas nativas e aromáticas que estimulam o olfato, pode sentir a textura das plantas, e é envolvido pelo som de uma cascata e do zumbido das abelhas mirins, sem ferrão, do programa Jardins de Mel.
Na Galeria das Quatro Estações, quatro canteiros exibem as plantas características de cada ciclo anual.
A mais nova atração, inaugurada no ano passado, é a Galeria das Quatro Estações. Atrás da estufa, o visitante percorre uma área com canteiros de plantas características de cada estação do ano. Ainda, o espaço é coberto, com energia gerada por painéis fotovoltaicos e abriga o Café Escola do Senac.
Serviço:
Rua Engenheiro Ostoja Roguski, Jardim Botânico, Curitiba, PR Jardim Botânico: de segunda-feira a domingo, das 6h às 19h30 Jardim das Sensações: de terça-feira a domingo, das 9h às 17h (fechado em caso de chuva ou de condições climáticas adversas)