Parque Tingui abriga escultura “Raízes afro-brasileiras”; conheça os símbolos
Por Yuri Casari, especial para Pinó
23/03/2023 15:00
A obra está à beira do lago do parque, instalada num local estratégico no caminho da Linha Turismo. | Leo Flores
Um dos mais belos e simbólicos parques de Curitiba, o Parque Tingui consegue expressar toda a identidade curitibana em seus mais de 400 mil metros quadrados de extensão. A começar pelo verde que percorre as margens do Rio Barigui, dividindo os bairros Santa Felicidade, São João, Vista Alegre e Pilarzinho, realçando o tradicional perfil ecológico da capital.
A natureza se entrelaça com os diversos monumentos espalhados pelo local: a escultura de Tindiquera, o cacique do grupo indígena que dá nome ao parque e que remete às origens curitibanas; o Memorial Ucraniano, inaugurado em 1995, um ano após a criação do parque, e que é mais um dos espaços da capital que destacam a cultura de seus imigrantes; e a Praça Brasil 500 Anos, uma referência da chegada dos portugueses ao país.
Em 2022, o espaço ganhou um novo item artístico-cultural com elevada representatividade. À beira do lago do parque, instalado num local estratégico no caminho da Linha Turismo, surge um majestoso totem vermelho. Feita de aço dobrado e formado por linhas diagonais, a peça “Raízes afro-brasileiras” traz consigo toda a influência africana na formação da nação da qual fazemos parte, dando ainda mais cor ao Parque Tingui.
Simbolismo
A imponente escultura é de autoria do artista plástico Emanoel Araújo. Com grande cartaz no cenário cultural brasileiro, Araújo se aventurou nas mais diversas manifestações artísticas, gravando um estilo marcante, caracterizado por dobras, sobreposições, relevos e cortes.
Em novembro de 2021, Araújo, que doou a peça em conjunto com a galeria de arte Simões de Assis e a empresa de engenharia metálica Brafer, esteve em Curitiba com a escultura em escala menor, e ajudou na escolha do local de sua instalação. Meses depois, ficou acertado que a inauguração ocorreria em novembro de 2022, por ser o mês da Consciência Negra. Além da simbologia racial, a entrega da obra para a capital também teve como pretexto a comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna.
Durante o ano passado, o artista chegou a vir a Curitiba para dobrar o aço que compõe sua arte. Porém, Araújo não teve a oportunidade de concluir o projeto. Aos 81 anos, o artista faleceu em sua casa, em São Paulo, vítima de um infarto, no dia 7 de setembro.
Sobre o artista
Emanoel Araújo nasceu em 1940, na cidade de Santo Amaro, a 79 quilômetros de Salvador. No início dos anos 60, o ainda jovem artista se muda para Salvador, onde estuda na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Da década de 1970 em diante, o trabalho de Araújo ganha relevância internacional, com exposições nos Estados Unidos, Japão, Portugal, Itália, Suíça, México, entre outros. Por dez anos, entre 1992 e 2002, atuou como diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
No ano de 2004, foi responsável pela criação do Museu Afro-Brasil, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, um espaço com o intuito de valorizar a produção cultural brasileira e, claro, destacar as influências afro-brasileiras em nossa cultura. Desde o ano de 2009, o museu passou a fazer parte do patrimônio público do Estado de São Paulo.