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Obras de Luiz de Souza são expostas no Azerbaijão. Crédito: divulgação.

Luiz de Souza

Surrealismo de artista radicado em Curitiba é tema de exibição no Azerbaijão

Bruno Raphael Müller
Bruno Raphael Müller
27/08/2025 12:34
O artista plástico Luiz de Souza, radicado em Curitiba por anos, comemora 30 anos de carreira com uma exposição retrospectiva em um dos principais centros culturais do mundo. A mostra Reflexões da Eternidade fica em cartaz até abril de 2026 no Centro Heydar Aliyev, em Baku, capital do Azerbaijão. A exposição é composta por 39 obras inspiradas no realismo fantástico, estilo que o artista autodidata abraçou após ser classificado assim por curadores europeus.
A exposição de Luiz de Souza acontece no Salão Principal do espaço, que já recebeu coleções de artistas como Andy Warhol e Salvador Dalí. O convite para a mostra chegou a Luiz de forma inesperada. Em 2024, ele foi contatado pela equipe do Centro Heydar Aliyev através do Instagram. Inicialmente cético, Luiz percebeu a seriedade da proposta quando os organizadores entraram em contato com a galeria que o representa em Curitiba, a Um Lugar ao Sol. Com apenas quatro meses para criar obras inéditas, ele teve que recorrer a colecionadores para conseguir empréstimos e acelerar a produção de novas peças.
O tema central da exposição, a passagem do tempo, surgiu da urgência da produção. O título Reflexões da Eternidade sintetiza as investigações filosóficas presentes na trajetória do artista, que questiona o desejo humano de permanência e a busca por resistir ao tempo. Para Luiz de Souza, a eternidade pode ser um momento de carinho ou uma construção que dura séculos, e essa reflexão perpassa toda a sua obra. O artista utiliza a pintura como um meio de se perder na noção do tempo e de imortalizar sentimentos. Em suas telas e esculturas, ele explora a tensão entre o efêmero e o duradouro, convidando o público a pensar sobre sua própria finitude e legado.
A chegada das obras a Baku foi uma saga à parte, em que o próprio tempo, tema central da exposição, se tornou um personagem. As obras ficaram retidas por 40 dias no aeroporto de Campinas devido a uma greve da Receita Federal. O artista viajou antes, cumprindo compromissos enquanto aguardava a chegada das peças, que foram liberadas e montadas em tempo recorde, dias antes da abertura. A noite de estreia, que coincidiu com o aniversário de Luiz, reuniu quase mil convidados e celebrou a arte brasileira, provando que o tempo pode ser um grande aliado quando se transforma em arte.