olhos

Catarata induzida

Adriano Justino
11/12/2014 02:14
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Para manter a transparência do cristalino, uma lente interna do olho, o corpo produz regularmente algumas enzimas. Porém, o uso prolongado de medicamentos como os corticosteroides inibe a produção e funcionamento, tornando o cristalino opaco, causando catarata.
Os também chamados corticoides são potentes anti-inflamatórios muito usados contra reumatismos, rinites, sinusites, bronquites e conjuntivites crônicas e podem ser encontrados em forma de colírio, via oral, injetável ou em cremes, que se usados sem orientação e repetidamente podem provocar catarata e até mesmo glaucoma, o aumento da pressão intraocular. "A catarata de origem medicamentosa também tem como único tratamento a cirurgia, que troca o cristalino por uma lente intra-ocular", diz Luiz Fernando Lima, oftalmologista do Instituto de Oftalmologia de Curitiba e especialista em Córnea, Doenças Externas, Catarata e Cirurgia Refrativa, assinalando que a catarata faz parte do envelhecimento normal dos olhos.
Efeitos do sol
A exposição ao sol também pode gerar a opacificação da vista, mas não do cristalino, e sim de uma pequena pele situada na superfície do olho, gerando uma condição a que muitos se referem erroneamente como catarata, diz Hamilton Moreira, diretor clínico do Hospital de Olhos do Paraná. "A catarata real, da lente do olho, tem relação muito mais evidente com o envelhecimento e com fatores genéticos do que com a exposição excessiva ao sol", fala ele, que é membro e colaborador da American Society of Cataract and Refractive Surgery e da American Academy of Ophthalmology (EUA).
Por outro lado, Lima cita que alguns estudos têm mostrado que populações que vivem em regiões de maior radiação solar e que usam menos proteção ocular contra raios UV são acometidas por catarata mais precocemente e em maior número do que entre quem vive mais distante da linha do Equador ou que utiliza mais proteção UV. "Isto nos sugere que o uso de óculos escuros com proteção UV pode retardar o processo de opacificação do cristalino humano", diz.
Diagnóstico aos 50 anos
A mudança da idade de diagnóstico da catarata dos 60 para 50 anos se deve a mudanças culturais: hoje, as pessoas nesta idade lutam contra a redução da capacidade de trabalhar, conduzir veículos, dirigir empresas, ler e usar aparelhos eletrônicos, o que precisa das possibilidades visuais. A divulgação de procedimentos mais modernos favorece este público.
A recuperação é medida em horas com os procedimentos atuais, e o paciente não precisa ficar no hospital. Mesmo atividades físicas mais pesadas, como academia de ginástica, podem ser retomadas em dois ou três dias, sem necessidade de muito tempo de descanso. Isto decorre da incisão mínima e sem pontos e do uso de equipamentos cirúrgicos sofisticados.