
Entre fazer uma pequena incisão no pescoço e retirar a placa de gordura da artéria carótida ou inserir um stent (tubo metálico) a partir de uma punção na virilha, muitos médicos e pacientes tendem a escolher o segundo procedimento para tratar da obstrução da artéria carótida (Doença da carótida), sem levar em conta os riscos. Um estudo realizado em Curitiba e aceito para publicação na Revista Brasileira de Cirurgia Cardiovascular mostra que a cirurgia aberta no pescoço, ou endarterectomia, reduz a probabilidade de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) durante e após a cirurgia a 1,6%, contra de 4% a 9% que podem resultar do uso do stent.
A placa de gordura que se localiza na bifurcação da artéria carótida se assemelha a uma massa folhada, que se desfaz com facilidade, e cada pedaço que se solta pode seguir o caminho da carótida, atingindo o cérebro e causando um AVC. "Apesar de menos invasiva, não há garantia de que a técnica do stent não irá soltar o coágulo, causando o AVC", diz o professor de Cirurgia Vascular da Universidade Positivo e um dos autores da pesquisa, Célio Teixeira Mendonça. Na endarterectomia, o fluxo de sangue na artéria carótida é interrompido acima e abaixo da placa, de forma que nenhum coágulo ou pedaço da placa de gordura se desprenda.
Essa técnica não é nova, mas a forma como foi feita e apresentada neste estudo trouxe resultados animadores, especialmente pelo uso da anestesia local, que deixa o paciente acordado e melhora o monitoramento da saúde. Em 125 cirurgias realizadas entre 1996 e 2012, foram constatados apenas dois AVCs. "Nos dois incidentes que tivemos, as sequelas foram pequenas, e os pacientes se recuperaram completamente após sessões de fisioterapia. Infelizmente, vemos hoje pacientes que colocam stent na artéria carótida e saem plégicos, sem poder movimentar o braço e a perna do lado contralateral ao operado", afirma.

Colunistas
Agenda
Animal