A hiperidrose se manifesta na pré-adolescência e atinge homens e mulheres em igual proporção | Shutterstock
Debaixo de sol, ao dirigir seu carro, a pele da gerente comercial Rosane Jabs, 47 anos, torna-se naturalmente úmida, com exceção das suas axilas, que estão secas. Longe dali, no calor de uma partida de tênis de mesa em seu colégio, Marco Aurélio Costa, 15, também sente o corpo suar um pouco, porém suas axilas e mãos permanecem sequinhas. Se hoje tais situações são tranquilas para Costa e Rosane, tempos atrás eles estariam encharcados de suor, especialmente nas partes que agora ficam secas. Até terem feito cirurgia de simpatectomia, eles sofriam de hiperidrose.
Essa doença atinge cerca de 2,5% da população mundial (na Grande Curitiba seriam cerca de 75 mil pessoas) e faz o corpo suar em excesso em regiões como axilas, mãos, pés, couro cabeludo, face, virilha e nádegas, tanto em dias quentes quanto frios. A causa ainda é um mistério para a ciência, mas suspeita-se que tenha caráter hereditário. "O que se constata é que nesses casos o sistema simpático, responsável pela ação das glândulas sudoríparas, fica excessivamente estimulado", diz o cirurgião vascular Cléber Fabre, diretor da Clínica do Suor do Paraná.
A doença se manifesta na pré-adolescência e atinge homens e mulheres em igual proporção. Ao fazer o diagnóstico, o cirurgião de tórax Paulo Boscardim, do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, diz que é preciso descartar outras doenças primárias: "Distúrbios psiquiátricos, obesidade, menopausa, tumores e hipertirioidismo provocam hiperidrose secundária, que pode desaparecer se tratadas as causas".
Quando a hiperidrose surge isolada, a forma de tratamento mais eficaz é a simpatectomia, cirurgia em que os gânglios que desencadeiam o suor são cortados ou clipados. A operação é feita com uma microcâmera, e deixa cicatrizes pequenas, no tórax ou abdome, a depender da área afetada. Para uma minoria de pacientes, o uso crônico de cremes e de toxina botulínica (botox) pode surtir efeito, porém não definitivo como a operação.
Problema sério
Por muito tempo a hiperidrose foi subestimada pelos planos de saúde, diz Boscardim: "Ela era considerada um problema estético, quando na verdade afeta diretamente a vida das pessoas". Rosane, por exemplo, desde a adolescência andava com camisetas sobressalentes na bolsa. "No inverno, podia estar 3°C, e eu continuava suando. É muito chato você não poder usar certas roupas nem saber se está cheirando mal. Isso mexe com a autoestima", diz ela, que após tentar o uso de vários cremes, fez a cirurgia em 2010.
Para Costa, até segurar uma raquete de ping pong era um problema, antes da operação em 2011. "As coisas escorregavam da minha mão e algumas pessoas tinham de se secar depois de me cumprimentar. Hoje cumprimento as pessoas sem medo e me enturmo melhor."