Parques lideram preferência dos curitibanos e são trunfo turístico da capital

Redação
14/04/2025 19:01
Em Curitiba, a conexão com a natureza está tão enraizada no cotidiano que é difícil pensar na cidade sem imaginar seus gramados bem cuidados, trilhas na mata e espelhos d’água. Com 30 parques e 15 bosques espalhados por seu território urbano, a capital paranaense soma mais de 9,3 milhões de metros quadrados de áreas verdes voltadas ao lazer, à educação ambiental e à preservação do meio ambiente — números que explicam por que os curitibanos chamam seus parques, com orgulho, de “a praia da cidade”.
O amor é recíproco: 94,2% dos moradores consideram os parques e a natureza um dos maiores diferenciais de Curitiba, segundo a pesquisa Curitiba pelos olhos de quem a vive, realizada pela Casa Pinó em homenagem aos 332 anos da cidade. E não é só quem vive aqui que se encanta. Para quem visita a capital pela primeira vez, o Jardim Botânico é o principal ponto turístico imperdível, citado por 85,5% dos participantes da pesquisa. Logo atrás, os parques em geral aparecem com 84% das menções como parada obrigatória para turistas.
Barigui, Botânico e Tanguá: os queridinhos
Entre todos, o Parque Barigui reina absoluto na preferência local, com 39,1% dos votos como o melhor parque da cidade, seguido pelo Jardim Botânico (23%) e pelo Parque Tanguá (16%). O Barigui, por sinal, vai além da beleza: além dos espaços para esporte e lazer, oferece também eventos culturais, oficinas, exposições, capacitações profissionais e atividades educativas. Um verdadeiro centro multifuncional ao ar livre.
Já o Jardim Botânico é o grande cartão-postal da cidade. Seus jardins geométricos em estilo francês, aliados à famosa estufa de vidro, fazem dele o retrato perfeito da Curitiba verde, organizada e acolhedora. O Tanguá, por sua vez, conquista pela vista privilegiada e pela queda d’água de 65 metros, que completa o cenário natural com efeito impactante —  especialmente sob a iluminação cênica.
Lazer e preservação caminham juntos
Mas os parques curitibanos não são apenas espaços de contemplação. Eles também funcionam como instrumentos de educação, esporte e sustentabilidade. Alguns, como o Parque Náutico e o Parque Olímpico do Cajuru, recebem até campeonatos esportivos, como provas de remo e BMX. Outros são voltados à educação ambiental, como o Bosque Reinhard Maack e o Museu de História Natural do Capão da Imbuia, onde os estudantes aprendem sobre a fauna e flora da Mata Atlântica e os desafios da preservação.
Mais do que isso: os parques fazem parte do planejamento urbano com função estratégica de contenção de cheias, os chamados “parques-esponja”. É o que explica a presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ana Zornig Jayme.
"A solução dos parques em Curitiba, eu acho que ela é de múltipla função. Do ponto de vista urbano, ela acaba desempenhando sempre um papel para controle das cheias —  é o parque-esponja —, que hoje é até uma função reconhecida pelo cidadão. E, ao mesmo tempo, essa função social, emocional, que é o ponto de encontro das pessoas, onde você tem a área de lazer. São, de fato, patrimônios da cidade."
Segundo Ana, os parques são também fundamentais para um planejamento urbano de qualidade. "A questão ambiental tem que caminhar junto com o planejamento urbano, porque é o que permite você gerar um espaço de mais qualidade", explica.
Expansão e inovação no horizonte
A atual gestão da cidade estuda a criação de pelo menos oito novos parques, em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. A ideia é aumentar a cobertura vegetal em todas as regiões da cidade, incluindo bairros mais afastados, sem depender apenas das áreas às margens dos rios.
"Estamos estudando novas áreas para que a gente consiga gerar uma boa cobertura em todo o território da cidade. Temos uma concentração grande dos parques ao longo dos rios, por conta da função esponja, mas começamos a ampliar porque precisamos preservar mais áreas verdes para manter o microclima agradável na cidade", conta Ana.
Esse planejamento vai além da vegetação. Curitiba também investe em símbolos urbanos e equipamentos que se tornam referências para moradores e turistas. "Esses símbolos urbanos têm muito esse caráter de ‘acupuntura urbana’. É uma forma de induzir a transformação de determinados espaços. A estação-tubo, por exemplo, é um marco do transporte na cidade. Agora, estamos com um novo modelo de estação sendo proposto na linha Inter 2, que também deve se tornar um ícone para as pessoas, com ambiente climatizado e painéis solares para gerar energia."
Turismo fortalecido com inovação e calendário de eventos
O potencial dos parques e da natureza como atrativos turísticos também é reconhecido pela gestão municipal. O prefeito Eduardo Pimentel destaca que "o crescimento da atividade turística em Curitiba contribui para a economia da capital, não somente com o fluxo momentâneo da cidade, e sim todo o efeito multiplicador e, ainda, com o fomento e a atração de novos investimentos e empresas e com o aprimoramento do trabalho gerado. Com isso a cidade ganha e o curitibano é igualmente beneficiado".
Segundo ele, há um esforço contínuo para diversificar e enriquecer a experiência dos visitantes: "Para fortalecer ainda mais o setor, aposto em uma gestão eficiente, pautada na inovação, inteligência, sustentabilidade, inclusão e no enriquecimento das experiências na cidade, a exemplo do aprimorando do calendário de eventos. Iniciamos com o Domingo no Centro, com o Red Bull Run Show, o Festival da Primavera, até o grandioso Natal."
Curitiba além do urbano: ecoturismo nos arredores
E se a cidade é um destino consolidado para o turismo verde, os arredores também não deixam por menos. Quando perguntados sobre o que recomendariam a turistas com mais tempo para explorar a região, os curitibanos apontam em primeiro lugar os municípios históricos de Morretes e Antonina (79,9%), seguidos pela Estrada da Graciosa (72,4%), a Ilha do Mel (69,8%) e a Colônia Witmarsum (57%), destinos que integram natureza, gastronomia e história em roteiros de ecoturismo e turismo rural.
Um ecossistema urbano em harmonia
Além de servirem ao lazer, os parques de Curitiba ajudam na regulação do clima, previnem enchentes, impedem a expansão urbana desordenada, melhoram a qualidade do ar e contribuem com a biodiversidade local. 
Um exemplo disso é o projeto Jardins de Mel, que instala colmeias de abelhas nativas sem ferrão (como jataí, mirim e mandaçaia) dentro dos parques, contribuindo para a polinização e renovação da vegetação.
Seja no coreto digital do Passeio Público, no som dos pássaros do Tingui, nos shows na Pedreira Paulo Leminski ou no pôr do sol à beira do Barigui, os parques são, sem dúvida, a alma verde de Curitiba. Um convite ao descanso, à convivência e à esperança de um futuro urbano mais equilibrado —  para quem vive aqui e para quem chega de visita.