A decoração do bar é impactante por conta da laca bordô no teto que dá a sensação de gotas d'água pigando do alto.
Há mais de um século, o número 7 da rue du Bourg l’Abée, na “fronteira” entre os bairros de Les Halles e Marais, tem sido endereço obrigatório dos antenados e poderosos que moram ou visitam Paris. Em 1885, quando foi aberta, a Bains Guerbois era a casa de banho mais luxuosa da capital francesa. Nos anos 1980, já como o club Les Bains Douches, tinha na sua lista VIP nomes como Catherine Deneuve, Carla Bruni, Madonna, Jean Paul Gaultier, Mick Jagger e Roberto de Niro. Nos começo dos anos 2000, virou a boate gay mais concorrida da cidade, chamada apenas de Les Bains, atraindo também top models que queriam se divertir com seus amigos após as sessões de fotos.
O hall de entrada virou a recepção do hotel, que mantém seu ar nostálgico. O hall de entrada virou a recepção do hotel, que mantém seu ar nostálgico.
No começo de 2015, após alguns anos fechado e 12 milhões de euros em investimentos, o antigo prédio – com sua fachada haussmaniana e a escultura do deus Baco na arcada – renasceu como o hotel-restaurante-boate Les Bains, que voltou a ser o endereço mais concorrido de Paris. E, no mês passado, a consagração completa: na noite de gala do European Hotel Design Awards (EHDA 2015), em Londres, o juri deu o prêmio mais prestigioso, o “European Hotel Design of the Year Award”, ao conjunto do projeto. O novo Le Bains ganhou também nas categorias “Melhor Design para Quartos e Banheiros” e “Melhor Desing de Restaurante”.
A fachada haussmaniana continua intacta com suas ninfas e Baco.
O hotel butique oferece 39 quartos e suítes com decoração contemporânea que mistura mármore, madeira e detalhes inusitados como réplicas do sofá Wharolien; e tapetes iguais aos da casa do músico Serge Gainsbourg, um habitué da velha casa noturna. Entre as áreas comuns para os hóspedes, destaque para o lobby-biblioteca, que mistura elementos clássicos e contemporâneos, com seus magníficos vitrais coloridos com motivos chineses, telas com molduras de bambu e estantes recheadas de obras-primas de autores como Karen Blixen e Oscar Wilde.
Um dos 39 quartos: a decoração inclui cópias do sofá da Factory, de Andy Warhol.nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
O restaurante, localizado no térreo junto com o bar, é impactante aos olhos, principalmente, por conta da laca bordô no teto que dá a sensação de gotas d’água pigando do alto. No cardápio, pratos franceses assinados pelo chef Philippe Labbé, que comanda o restaurante duas estrelas do Shangri La de Paris.
No subsolo, a boate decorada na década de 1980 pelo então iniciante Philippe Starck perdeu em espaço (menos de 100 pessoas cabem no lugar hoje), mas a aura de “Studio 54 parisiense” permanece: um mosaico de azulejos pretos continua revestindo a sala. E para entrar ou se é hóspede ou muito bem relacionado, pois a seleção é draconiana. E um detalhe curioso: os famosos banho turco e piscina mudaram de lugar (antes integravam a boate). Agora fazem parte do spa do hotel, mas foram reproduzidos tal qual os de 1885. Neste momento, apenas a piscina está aberta.