Turismo

Aqui é bom para comprar…

Michele Bravos, especial para a Gazeta do Povo micheleb@gazetadopovo.com.br
06/03/2011 03:08
Mateus Leme
Da rua o que se vê são araras repletas de roupas usadas, algumas até com a cor desbotada. Mas os brechós da Mateus Leme (entre as ruas Inácio Lustosa e Treze de Maio) guardam tesouros e relíquias. No brechó Showroom, pioneiro na rua, além das peças convencionais de R$ 5 a R$ 10, do cesto de roupas por R$ 1 – voltado para pessoas carentes –, há peças de grande valor. A exemplo, um casaco alemão de couro verde, com botões pesados, delicadamente cunhados com símbolos, cujo preço o proprietário está avaliando, mas deve ficar em torno de R$ 1 mil. Outro exemplo é o relógio Tissot de R$ 600. Caixa e maquinário originais, pulseira de couro, barulho de tic-tac. Impossível não lembrar do avô com essa peça. Segundo o proprietário da Showroom, Anderson Mackey, os brechós são procurados por artistas, que buscam roupas diferentes; por tribos específicas, como punks e roqueiros, que vão atrás de peças exclusivas e por consumidores de classe média e média alta, que procuram peças de grife.
Voluntários da Pátria
Rua estreita, paredes antigas, arabescos em ferro. Se não fosse pelas vitrines, seria um passeio ao outro século. É possível passar algumas horinhas de uma manhã de sábado vasculhando a viela (entre a Emiliano Perneta e o fim do calçadão da XV). O comércio tem preços atrativos e quem procura faz boas compras. Vestidos de festa, roupas para o dia a dia – camisa feminina, com corte atual e estampa liberty por R$ 29 –, calçados, muitas bijuterias e mimos que toda mulher gosta (necessaires, caixinhas divertidas, porta-foto etc) é o que se encontra por lá. Por último, vale dizer que as compras podem ser feitas ao som de Guantanamera, canção cubana insistentemente repetida pelos vizinhos sul-americanos, que têm ponto fixo ali na região.
Teffé
Idos de 1980. A Rua Teffé era pacata, quase bucólica. As casas antigas estavam começando a dar lugar às lojas de sapatos. Hoje, ela é considerada o pólo dos calçados em Curitiba e já se tornou ponto turístico. Lá, é possível encontrar sapatos mais tradicionais, com ótimo acabamento. Eles têm um toque de tendência nas cores e em alguns modelos. A faixa de preço é R$ 100. A rua atrai uma clientela que busca acessórios diferentes para festas, mais do que para o dia a dia. Sendo assim, há bastante opção de sapatos de festas no coração da Teffé, que fica entre as ruas Professora Maria José Godoy e Emílio de Menezes. Durante toda a semana há movimento, mas aos sábados a concentração é maior. O único ponto negativo da Teffé é o trânsito. Por isso, a empresária Maria de Fátima Borges, proprietária da Calçare e presidente da Associação Civil dos Comerciantes da Rua Teffé tem muitos planos para a rua e ressalta a importância de mais sinalização, entre outras medidas, no local.
Trajano Reis/ Duque de Caxias
A história da arquitetura e urbanismo mostra que é uma tendência das grandes cidades valorizar o centro e proporcionar que essa região seja viva. Provas dessa tendência são as ruas Trajano Reis e Duque de Caxias. Ambas apresentam comércio voltado para um público diferenciado, que gosta de roupas e acessórios autênticos. A empresária Tânia Cruz, proprietária da loja Milho Guerreiro, há sete anos na Trajano Reis, afirma que escolheu esse ponto devido à proximidade com o Largo da Ordem, sendo visível, também, para os turistas da cidade. Nessa loja, quase todas as peças têm aplicações artesanais. Uma saia custa em média R$ 70 e uma calça R$ 100. Na Trajano, vale conferir, igualmente, a Mandaçaia e o NovoLouvre. Na Duque de Caxias, a concentração alternativa está na Galeria Lúdica, na loja Brique e no brechó De Outros Carnavais.
Visconde de Nácar
Senhor do comércio portuário, dono de casarões, líder de partido político e maçom. Diz a lenda que Visconde de Nácar era também presença garantida em bailes à fantasia. E que gostava tanto das vestimentas inusitadas que sonhava ter uma rua só com lojas de fantasias. Sonho realizado. A Rua Visconde de Nácar é referência para os curitibanos, principalmente para os universitários, nesse segmento. São cinco lojas – uma pertinho da outra –, sendo a Mansão das Fantasias e a Mundo Teatral as veteranas, com mais de 10 anos no local. É possível encontrar fantasias de R$ 35 (na Castelo das Fantasias) a R$ 150. Segundo as lojas da região, os bailes atuais estão cheios de piratas, Sininhos (a amiga de Peter Pan), melindrosas e penitenciários. Na Mansão, a fantasia de drag queen é bastante procurada, mesmo sendo uma das mais caras.
Vicente Machado
Ela tem até evento próprio: o Vicentina, que aconteceu pela primeira vez em fevereiro. Nessa rua há inovações e gente descolada. Segundo o estilista Roberto Arad, idealizador do Vicentina e proprietário da marca Arad, quem circula por lá é “um público de 25 a 45 anos que gosta de novidades. Jovem, bem resolvido, já estabelecido na vida”. A Vicente Machado sedia, há 10 anos, a loja Arad, focada em jeanswear. Os vizinhos vieram depois. Lamb – que além de vestuário único, comercializa cadernos, cadernetas e agendas com lindas capas de tecido – e Endossa (localizada no começo da Vicente Machado), loja colaborativa, que vende roupas, acessórios, artigos decorativos e, atualmente, também conta com uma galeria de arte.
Ubaldino do Amaral / Marechal Deodoro
Há cerca de 30 anos, a Maison Veridiane, ainda hoje imponente, e o ateliê Lenir Garcia foram os pioneiros no cruzamento da Ubaldino do Amaral com a Marechal Deodoro no segmento alta costura. Este segundo, ainda que com peças menos atuais, guarda preciosidades. Por exemplo, um vestido inteiro de renda, bordado com pérolas. Segundo a proprietária Lenir Garcia, a loja está passando por uma reformulação e por isso algumas peças serão vendidas para que novas venham compor as araras. Para quem gosta de vintage, vale dar uma olhada.
Nas ruas Ubaldino do Amaral e, principalmente, Marechal Deodoro (da Sete de Abril à General Carneiro), há mais de 15 lojas de confecção e aluguel de roupas de festa, sendo que a maioria atende noivas. É possível alugar vestidos sociais a partir de R$ 150, primeira locação; vestidos de noivas por R$ 800 e ternos a partir de R$ 120. Na loja Noivos e Cia – diferencial da rua, pois é especializada em trajes masculinos –, a primeira locação de um meio-fraque pode custar em torno de R$ 1,6 mil. Há 16 anos, a loja percebeu que o mercado de noivos era pouco explorado, principalmente na região, e resolveu investir – são 900 peças, sendo 300 dedicadas aos noivos. Segundo o assistente de produção da loja Fábio Ozelin, o homem curitibano é exigente e conservador, o que pede que a loja invista em peças de qualidade, priorizando texturas, cortes e formas.