O caminho para Ouro Preto é o mesmo há séculos: a estrada. De Curitiba, são mais de mil quilômetros de rodovia. De Belo Horizonte, são cerca de 100 km. O trecho, que no Brasil colonial era feito por carroças, pode ser percorrido de carro ou de ônibus.
Um veículo próprio também vai ajudar na exploração dos atrativos locais, especialmente por causa do relevo acidentado.
A paisagem urbana poderia ter sido congelada nos últimos 300 anos. Com exceção dos carros, turistas com máquinas fotográficas digitais e elevadores improvisados nos prédios antigos, as ruas parecem ter saído de um livro de História. No centro do que já foi Vila Rica, um dos pilares da economia colonial brasileira, não existe asfalto. As lojas e hotéis, abrigados em construções preservadas, dão a sensação de uma viagem no tempo aos turistas que visitam a maior das cidades históricas da região.
O destino possui um roteiro com 32 opções de pontos turísticos, com entradas que custam de R$ 2 a R$ 8. O passeio completo pode ser feito a pé, mas é preciso um calçado confortável e bom fôlego para o sobe e desce das ladeiras. A maior parte é de igrejas e museus, embora também existam prédios históricos e minas de ouro. Quem encara a visita, tem uma ideia de como era o cotidiano de um dos períodos mais prósperos do Brasil como colônia dos portugueses: a corrida pela exploração do ouro.
A Mina da Passagem é uma das mais visitadas da região. Localizada a cinco quilômetros de Ouro Preto, no município de Mariana, a atração é divulgada como a “maior mina de ouro aberta à visitação do mundo”. Por R$ 35, é possível andar num trolley (um trenzinho) que desce até 120 metros abaixo da superfície.
Utilizada para extração de ouro desde o século 18, o local foi desativado na década de 1980. Hoje, é usado por mergulhadores de cavernas e por visitantes que podem conhecer como era obtido o minério base de um de ciclos comerciais mais ricos do período colonial.
Escravos
A Casa dos Contos é um dos poucos lugares em que a visitação é gratuita. Construída entre 1782 e 1784, é um dos mais suntosos imóveis no estilo barroco mineiro. Era a casa de contratos do coletor tributário João Rodrigues de Macedo, um dos homens mais ricos da colônia no século 18. Também foi usada como prisão para revolucionários nobres. O que mais impressiona no lugar é o subsolo, que foi habitado por escravos. Hoje, a senzala traz utensílios de cozinha, correntes e instrumentos de tortura usados nos negros que serviam os colonos. A exposição serve como lembrete da violência que marcou a História brasileira.
Museus
Dois dos principais museus locais – o da Inconfidência e da Mineralogia da Escola de Minas – ficam na Praça Tiradentes, no centro da cidade. O primeiro preserva a memória do movimento da Inconfidência Mineira, um dos primeiros a defender a independência do país do domínio português. Entre objetos da época, existe uma ordem assinada em 1792 que pede a execução de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Mantido pela Universidade Federal de Ouro Preto, o Museu de Mineralogia da Escola de Minas funciona no antigo palácio do governo do estado. O local possui um acervo que conta a história natural e política da região e do Brasil.
Igrejas
No total, o visitante de Ouro Preto tem 13 locais religiosos para conhecer. Existem igrejas para diferentes ordens católicas, para a aristocracia e até mesmo para os escravos – como é o caso da Nossa Senhora do Rosário, a mais simples delas. Atualmente, somente dois lugares estão fechados para reformas: os santuários de São Francisco de Paula e de São José, no Morro do Pascoal.
A arquitetura dessas construções mostra ornamentos em ouro, azulejos europeus e muitas obras do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, ícone do barroco brasileiro. Em sua obra prima, a Igreja de São Francisco de Assis, o artista imprimiu seu estilo nos rostos de anjos de pedras-sabão. Nas laterais do altar, existem diferentes santos feitos de madeira (e com sombrias perucas que foram trocadas ao longo dos anos).
No chão, como em outras igrejas coloniais, existem tumbas vazias, onde foram sepultados os corpos de líderes religiosos e os mais ricos integrantes da aristocracia brasileira, conforme costume na época. A prática foi proibida no século 19, por causa do risco sanitário. As sepulturas numeradas sob os pés dos turistas, no entanto, são retratos da época colonial, como quase tudo em Ouro Preto.
Atenção com os falsos guias
“Nesta imagem de São Jorge, podemos ver diversos traços do estilo de Aleijadinho, como o cabelo enrolado da estátua e o olho profundo”, explica um guia dentro do Museu da Inconfidência. O homem está sem identificação, diz obviedades e informações rasas sobre as peças em exposição. O custo desse serviço pode chegar a R$ 100.
Os guias turísticos são um complemento para um passeio pela cidade mineira de Ouro Preto. Especialmente se o objetivo é aprender mais sobre a história local. O problema é a falta de qualificação de alguns profissionais que se colocam a serviço dos turistas.
Nos pontos de maior visitação da cidade existem diversas pessoas oferecendo acompanhamento. Quem optar por contratar um guia, precisa se certificar que ele esteja filiado à Associação dos Guias de Turismo de Ouro Preto (AGTOP), identificado por crachás verdes.
“Nossos associados são formados em nível acadêmico, especializados em atender turistas. Um guia desinformado pode passar informações erradas e isso ninguém quer”, explica Geraldo Magela, membro da AGTOP.
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