Turismo

Bariloche sem neve

Adriana Czelusniak
13/09/2012 03:02
A alta temporada em Ba­riloche, na Patagônia Ar­gen­tina, está chegando ao fim e, com isso, a neve também se despede. Destino número um para brasileiros esquiarem e praticarem outros esportes de inverno, a cidade argentina quer mostrar que tem muito a oferecer no restante do ano. O alvo são os jovens – um terço dos turistas que frequentam o lugar –, com atividades em áreas urbanas ou em um dos 40 parques nacionais.
Os esportes de aventura, combinados com variadas atividades de lazer, são as principais atrações. As atividades ligadas à natureza, realizadas sob o conceito de sustentabilidade, garantiram à cidade o título de Capital da Aventura da Argentina. O grande desafio é convencer o brasileiro a cruzar a fronteira em busca de atrativos que também são comuns no Brasil. Mas a região tem uma vantagem: montanhas, rios, grandes planícies e cores de vegetação que constituem uma paisagem única.
Segundo o ministro de Tu­rismo de Rio Negro, província onde está localizada Ba­riloche, Angel Rovira Bo­sch, cada vez mais o país tem investido em novas opções de esportes de aventura. “Ainda há quem pense que esses programas são de alto risco e que é preciso ser atleta para desfrutá-los. Mas isso é um engano. As opções de esporte de aventura que temos são boas para toda a família, para fazer com amigos e para fazer amigos”, afirma.
Depois que a neve derreter
Escolher entre inúmeros esportes de aventura ou simplesmente contemplar a natureza são as dicas para curtir Bariloche fora do inverno
Seja para um tranquilo passeio de bicicleta ou no meio de um downhill (quando é feito um percurso em descida rápida de moutain bike), são muitos os roteiros de aventuras em Bariloche, na Patagônia Argentina. Quem curte adrenalina também pode experimentar programas com ou sem emoção, como percursos off-road em quadriciclos, saltos de paraqueda ou parapente, rapel, tirolesa e escalada, ou ainda enfrentar as correntezas em caiaques ou botes infláveis, praticando rafting em dezenas de rios, em vários níveis de dificuldade. Bariloche quer ser o destino dos esportes de aventura da Amé­­rica do Sul, para turistas radicais ou não.
Além das versões moderadas das práticas esportivas, os mais contemplativos podem curtir atividades que aliam beleza e diversão. As cavalgadas aos pés da Cordilheira dos Andes são indicadas tanto para quem já está acostumado com a montaria como para quem nunca andou a cavalo. Feitos em grupo, os passeios percorrem belos cenários, entre bosques e praias. Outra opção é trocar a agitação das correntezas também pela navegação em águas calmas, a bordo de catamarãs ou botes a remo.
Com a proximidade da primavera, as temperaturas negativas dão lugar a um clima mais ameno. As noites são frias, mas durante o dia a variação costuma ficar entre 10 e 22ºC. Ainda é possível ver os topos das montanhas com neve, dando um aspecto pitoresco à paisagem.
Gastronomia
Para recarregar as energias, a dica é provar a boa variedade de pratos feitos com o cordeiro e a truta, ingredientes típicos locais. As casas de chá também trazem iguarias de chocolate e sobremesas com doce de leite. A vida noturna em Bariloche durante a primavera e o verão não tem o mesmo gás da alta temporada do inverno, mas é muito fácil encontrar ótimas cervejarias ou aproveitar vinhos regionais nos restaurantes da cidade. Não dá para deixar de provar também outros produtos locais, como licores, alfajores, conservas e produtos derivados de plantas como a rosa-mosqueta, usada em doces chás e cosméticos, por suas propriedades benéficas à pele.
No complexo turístico Los Baque­­anos, o turista faz as cavalgadas e conhece cenários de praias, montanhas e bosques. É preciso ter cuidado com a rosa-mosqueta, distribuída ao longo da trilha e repleta de espinhos. O ideal é usar uma calça comprida para se proteger. Outro passeio indicado é o rafting nas águas do Rio Limay. A paisagem inclui grandes áreas verdes e formações rochosas de origem vulcânica.
A trilha de quadriciclo no Cerro Catedral também pode ser feita à noite, no passeio La Cueva. Durante 2 horas e meia, o visitante observa a vegetação em degelo e encerra a noite em um restaurante dentro de uma caverna. Em todas as atrações, o turista desfruta da hospitalidade e do atendimento cordial dos anfitriões. Mais um bom motivo para voltar em breve.
Pescaria na região tem regras rígidas
De 1º de novembro a 30 de abril, a temporada de pesca em Bariloche atrai para os rios e lagos argentinos os pescadores que usam isca estilo mosca, o fly fisching. Eles querem fisgar a truta, peixe que foi introduzido na região e que pode pesar até oito quilos. Profissionais e amadores pagam uma taxa de cerca de US$ 7 para tirar a licença de pesca. Também recebem um manual com as regras e instruções, como a maneira correta de agir em encostas de rios, de preservar a vegetação e a água e de se comportar nas pescarias em embarcações.
Pelas normas locais, o pescador pode ficar apenas com uma truta. As demais devem ser devolvidas ainda vivas. Valem os cuidados para que os peixes retornem à água com as melhores chances de sobrevivência. O lema que se ouve por lá, parafraseando o famoso pescador Lee Wulff, é: “truta e salmão são peixes muito valiosos para serem pegos apenas uma vez”. Tanto a licença como o manual de regras e as dicas dos melhores pontos para a atividade podem ser adquiridas em casas de turismo e lojas de equipamentos para pesca. Dourados, surubins e pacus, entre outros peixes, também são encontrados na região.
A jornalista viajou a convite do Instituto Nacional de Promoção Turística (Inprotur), da Ente Misto de Promoção Turística de Bariloche (Emprotur) e Aerolineas Argentinas.
Panorama a jato
No Passeio Chico (“pequeno”, em espanhol), o visitante demora três horas para percorrer 65 quilômetros, em um trajeto em formato de nove. Ele pode ser contratado em qualquer agência de turismo da cidade e é uma ótima maneira de conhecer os principais pontos turísticos de Bariloche, sem empenhar muito tempo. Confira algumas das atrações do breve programa.

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Galeria Bariloche