Turismo

Beleza por todos os lados

Agência RBS
02/02/2014 02:21
Não é preciso viajar muito longe para deixar para trás a paisagem urbana da cidade, com seus arranha-céus de concreto, poluição e barulho, e encontrar um cenário de perder o fôlego, cheio de verde e ar puro. Distante cerca de 500 quilômetros de Curitiba, a Unidade de Conservação Municipal de Proteção Integral Monumento Natural Palanquinho, criada oficialmente em novembro do ano passado no distrito de Criúva, tem como atração principal o cânion Palanquinho.
A formação, considerada o maior patrimônio natural do município, surgiu a partir do mesmo evento geológico que deu origem aos cânions do Itaimbezinho, em Cambará do Sul, há mais de 120 milhões de anos. A fenda tem entre 25 e 30 metros de largura e uma profundidade de 82 metros. Apesar de a fenda ser visível por apenas dois quilômetros em linha reta, análises geológicas feitas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) indicam que ela se estenda por cerca de 27 quilômetros abaixo do chão. Lá no fundo, correm as águas do Arroio Sepultura.
No total, a área do monumento natural é composta de 230 hectares: 126 foram comprados pelo município, 15 foram adquiridos por meio de medida compensatória e os 87 hectares restantes de campo e mata nativa no entorno do cânion foram doados ao município pela empresa Hidrotérmica S.A. – que construiu as pequenas centrais hidrelétricas Criúva e Palanquinho no Rio Lajeado Grande – como forma de compensação ambiental pelos empreendimentos.
Na prática, apenas essa área de 87 hectares é que ficará aberta à visitação do público. Hoje, não há qualquer infraestrutura para receber visitantes. Para se chegar ao cânion, é preciso percorrer mais de 20 quilômetros de estradas de chão e passar por uma trilha aberta no campo. Para o futuro, o cenário deve mudar. Assim que a comunidade de Criúva decidir como deseja a estrutura física da unidade, a Secretaria de Meio Ambiente fará o projeto e apresentará aos moradores.
Apesar de não haver projeto pronto, algumas estruturas devem ser obrigatórias: trilhas, banheiros e espaços para alimentação e para exibição de documentários sobre o Palanquinho.
História indígena em sítio arqueológico
Na área do monumento Palanquinho também está localizado um importante sítio arqueológico, descoberto em julho de 1966 pelo arqueólogo Fernando La Salvia na propriedade de José Viana Rodrigues Barrote. Conforme registros no livro Patrimônio Arqueológico de Caxias do Sul, de Rafael Corteletti, La Salvia existe uma pequena gruta de 20 metros de boca por dois metros no ponto mais profundo. A estrutura, onde tinham ossadas de índios, está situada junto a um córrego que aflui para o Arroio Caixão, afluente do Arroio Palanquinho, e desemboca no Rio Lajeado Grande. Oficialmente, o sítio está catalogado como RS 124 Cxs.
Conforme a bióloga Vanise Sebben, da Semma, havia o costume entre os índios de envolver os cadáveres com algum material (como couro, por exemplo) e depositá-los junto a algum fluxo de água, uma vez que havia a crença de que a água purificava a alma do morto.