Os cineastas Patrick Belem e Lara Jacoski se valem das redes sociais para trocar trabalho por acomodação e comida nas viagens que fazem pelo mundo.
O mundo é grande e a vontade de desbravá-lo, maior ainda. Mas viajar envolve muitos gastos e, se o bolso anda vazio, fazer as malas e partir pode parecer difícil. A boa notícia é que há redes sociais e ferramentas que permitem diminuir as despesas com transporte, acomodação e passeios. Com um pouco de pesquisa e disposição, é possível conhecer locais e culturas diferentes mesmo com o orçamento limitado.
Para a cineasta Lara Jacoski, 26 anos, sair não só de casa, mas também da zona de conforto, é uma maneira de gastar pouco em moeda e consumir muito em experiência de vida. Ao lado do também cineasta Patrick Belem, 27, seu sócio na Bem Te Vi Produções, ela roda o mundo gravando filmes documentais e gastando o mínimo possível. Na Bolívia, no Peru e na França, a dupla se valeu da rede social Work a Way para trocar trabalho por acomodação e comida.
No país europeu, eles tiraram mato da plantação dos anfitriões por quatro horas diárias. Em troca, além de ganharem leito e alimentação, aprenderam muito sobre jardinagem. “Também trabalhamos em fazendas e demos aulas de artes para crianças. Antes de usar o dinheiro, a gente procura a troca”, diz Lara. Em suas viagens, os cineastas fogem da rota turística, onde tudo é mais caro, e se aproximam dos moradores. “Na Bolívia, perguntamos qual era o restaurante onde as pessoas almoçavam todo dia. Descobrimos um lugar barato, que servia comida típica de verdade, e ainda fizemos vínculos com os donos e funcionários”, conta ela.
Transporte
O analista de sistemas Guilherme Eisfeld, de 27 anos, morou em Mumbai, na Índia, e hoje vive em Berlim, na Alemanha. Desde que deixou o Brasil, aproveita folgas e feriados para conhecer outros países. De viagem em viagem, foi descobrindo formas de gastar menos. “O segredo é sempre procurar o meio de transporte com a maior antecedência possível. Parto do princípio de que quanto mais barato, melhor, mesmo que demore”. Fazer mais conexões aéreas e encarar rotas mais longas de trem ou ônibus pode representar uma economia significativa. Para não perder promoções, ele recomenda ficar sempre de olho nos sites de companhias low cost, como a Ryan Air.
Para acomodação, Guilherme recorre ao gratuito CouchSurfing, segundo ele a melhor forma de entrar em contato com outra cultura. As entradas para passeios costumam ser um gasto inevitável. Porém, um pouco de pesquisa ajuda a economizar. “Em muitos lugares os museus são gratuitos em alguns dias, depois de certo horário. Vale a pena estar informado”, afirma.
Atrações
Felipe Scott economiza para fazer passeios inusitados, como balonismo na Turquia.
Gastar pouco em hospedagem e alimentação foi uma decisão que permitiu a Felipe Scott, economista de 27 anos, saltar de bungee jumping na África do Sul e voar de balão na Turquia. “O low cost é para os gastos básicos de viagem. Não me importo de dormir mal, mas esses passeios únicos faço questão de fazer”. Chorar um descontinho também é sempre válido, lembra ele. Antes de sobrevoar a Capadócia, Felipe reuniu todos os hóspedes do hostel interessados na atração. “Chegamos em grupo e ganhamos 20% de desconto. Quando tem muitas pessoas, você fica com poder de barganha”.
Para encontrar passagens aéreas baratas, nacionais e internacionais, o economista usa o site SkyScanner. “É bom porque dá o preço final. Mas, antes de comprar, limpe os cookies ou mude de navegador. Assim, a página não fica sabendo que você pesquisou aquele voo antes e as taxas de embarque ficam mais baixas”, ensina ele.
OPÇÕES PARA GASTAR POUCO
Albergues
Se a opção é ficar num hotel econômico, há sites que encontram o estabelecimento mais adequado às suas demandas. O Hostelworld e o Booking são buscadores que filtram albergues em todo o mundo por cidade, faixa de preço, classificação (bed & breakfast, camping, pousada, apartamento) e tipo de quarto (individual ou compartilhado). Pelo próprio sistema das páginas, é possível ver o número de vagas, fazer sua reserva e efetuar o pagamento.
Work a Way e Wwoof
Cozinhar, ensinar matemática para crianças, pintar paredes ou trabalhar como funcionário de um hotel. Tudo isso pode ser usado como moeda de troca no Work a Way (em inglês e espanhol). Você trabalha quatro horas por dia e recebe acomodação e refeições como pagamento. Tanto pessoas comuns quanto estabelecimentos, como albergues, oferecem hospedagem por meio da ferramenta, presente em todo o mundo. O Wwoof (em inglês), por sua vez, é mais rural. Funciona de maneira semelhante, mas o trabalho é desenvolvido em sítios e fazendas orgânicas.
CouchSurfing
Dormir no sofá (ou na cama de hóspedes) de alguém que se propõe a acomodar um viajante gratuitamente. Esta é a ideia básica do CouchSurfing, uma rede social mundial que coloca em contato pessoas à procura de um pouso e anfitriões dispostos a recepcionar. Basta criar um perfil no site e escrever o destino da viagem na barra de busca. A rede localizará todos os possíveis anfitriões naquele local. Envie uma solicitação de hospedagem para o que mais lhe agradar e, se aceito, você terá um sofá onde surfar. Quanto à segurança, há mecanismos que garantem um sono sem riscos. Após a estada, todo couchsurfer deixa um depoimento positivo, negativo ou neutro sobre o anfitrião que o acolheu. Consulte essas informações, visíveis no perfil do usuário, para saber se ele é ou não confiável.
Air BnB
É uma ferramenta que possibilita alugar um quarto, um imóvel inteiro ou até um castelo, de anfitriões locais e por um preço acessível, pelo tempo que durará a viagem. Criando uma conta gratuitamente pelo site, o turista consegue reservar acomodações em 190 países. A própria plataforma recebe e transfere o pagamento. Há recursos de denúncia que permitem notificar o Air BnB caso ocorra alguma situação desagradável.
Bla Bla Car
Levantar o polegar na beira da estrada é quase loucura hoje em dia, levando em conta os riscos envolvidos. Mas, graças à tecnologia, há maneiras seguras de viajar de carona por 13 países da Europa. O Bla Bla Car (em inglês e espanhol), é uma ferramenta social que conecta caroneiros a viajantes com assentos livres no carro. Preenchendo os campos de busca do site com o ponto de partida, a data e o destino da viagem, aparecem motoristas que farão a mesma rota e procuram companheiros para compartilhar a jornada. Em cada perfil, há avaliações que permitem checar se o usuário é confiável. O pagamento, uma quantia módica para cobrir parte dos custos da viagem, é realizado através do site, e liberado apenas após a confirmação do caroneiro de que tudo ocorreu conforme combinado.
Voos
Há três sites que são como o Google dos voos baratos: o Skyscanner, o Cheap O Air (em inglês e espanhol) e o Jet Radar. Todos funcionam da mesma maneira: basta colocar o local de partida e o de destino, a data da viagem e o número de passageiros. Os sistemas fazem uma busca pelas companhias aéreas e apresentam a opção de voo mais em conta como primeiro resultado.
Passeios
Presente em 15 cidades europeias, além de Tel Aviv, Jerusalém e Nova York, a New Europe Free Walking Tours (em inglês ou espanhol) oferece tours a pé de graça para grupos de viajantes. Os passeios são guiados em inglês ou espanhol, dão informações históricas e incluem anedotas e curiosidades sobre os locais e monumentos visitados. Ao fim da rota, o participante agradece ao guia com uma gorjeta no valor que quiser – ou puder.