Turismo

Como viajar gastando pouco

Luisa Nucada
27/12/2015 09:00
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Os cineastas Patrick Belem e Lara Jacoski se valem das redes sociais para trocar trabalho por acomodação e comida nas viagens que fazem pelo mundo.

O mundo é grande e a vontade de desbravá-lo, maior ainda. Mas viajar envolve muitos gastos e, se o bolso anda vazio, fazer as malas e partir pode parecer difícil. A boa notícia é que há redes sociais e ferramentas que permitem diminuir as despesas com transporte, acomodação e passeios. Com um pouco de pesquisa e disposição, é possível conhecer locais e culturas diferentes mesmo com o orçamento limitado.
Para a cineasta Lara Jacoski, 26 anos, sair não só de casa, mas também da zona de conforto, é uma maneira de gastar pouco em moeda e consumir muito em experiência de vida. Ao lado do também cineasta Patrick Belem, 27, seu sócio na Bem Te Vi Produções, ela roda o mundo gravando filmes documentais e gastando o mínimo possível. Na Bolívia, no Peru e na França, a dupla se valeu da rede social Work a Way para trocar trabalho por acomodação e comida.
No país europeu, eles tiraram mato da plantação dos anfitriões por quatro horas diárias. Em troca, além de ganharem leito e alimentação, aprenderam muito sobre jardinagem. “Também trabalhamos em fazendas e demos aulas de artes para crianças. Antes de usar o dinheiro, a gente procura a troca”, diz Lara. Em suas viagens, os cineastas fogem da rota turística, onde tudo é mais caro, e se aproximam dos moradores. “Na Bolívia, perguntamos qual era o restaurante onde as pessoas almoçavam todo dia. Descobrimos um lugar barato, que servia comida típica de verdade, e ainda fizemos vínculos com os donos e funcionários”, conta ela.
Transporte
O analista de sistemas Guilherme Eisfeld, de 27 anos, morou em Mumbai, na Índia, e hoje vive em Berlim, na Alemanha. Desde que deixou o Brasil, aproveita folgas e feriados para conhecer outros países. De viagem em viagem, foi descobrindo formas de gastar menos. “O segredo é sempre procurar o meio de transporte com a maior antecedência possível. Parto do princípio de que quanto mais barato, melhor, mesmo que demore”. Fazer mais conexões aéreas e encarar rotas mais longas de trem ou ônibus pode representar uma economia significativa. Para não perder promoções, ele recomenda ficar sempre de olho nos sites de companhias low cost, como a Ryan Air.
Para acomodação, Guilherme recorre ao gratuito CouchSurfing, segundo ele a melhor forma de entrar em contato com outra cultura. As entradas para passeios costumam ser um gasto inevitável. Porém, um pouco de pesquisa ajuda a economizar. “Em muitos lugares os museus são gratuitos em alguns dias, depois de certo horário. Vale a pena estar informado”, afirma.
Atrações
Felipe Scott economiza para fazer passeios inusitados, como balonismo na Turquia.
Felipe Scott economiza para fazer passeios inusitados, como balonismo na Turquia.
Gastar pouco em hospedagem e alimentação foi uma decisão que permitiu a Felipe Scott, economista de 27 anos, saltar de bungee jumping na África do Sul e voar de balão na Turquia. “O low cost é para os gastos básicos de viagem. Não me importo de dormir mal, mas esses passeios únicos faço questão de fazer”. Chorar um descontinho também é sempre válido, lembra ele. Antes de sobrevoar a Capadócia, Felipe reuniu todos os hóspedes do hostel interessados na atração. “Chegamos em grupo e ganhamos 20% de desconto. Quando tem muitas pessoas, você fica com poder de barganha”.
Para encontrar passagens aéreas baratas, nacionais e internacionais, o economista usa o site SkyScanner. “É bom porque dá o preço final. Mas, antes de comprar, limpe os cookies ou mude de navegador. Assim, a página não fica sabendo que você pesquisou aquele voo antes e as taxas de embarque ficam mais baixas”, ensina ele.
OPÇÕES PARA GASTAR POUCO
Albergues
Se a opção é ficar num hotel econômico, há sites que encontram o estabelecimento mais adequado às suas demandas. O Hostelworld e o Booking são buscadores que filtram albergues em todo o mundo por cidade, faixa de preço, classificação (bed & breakfast, camping, pousada, apartamento) e tipo de quarto (individual ou compartilhado). Pelo próprio sistema das páginas, é possível ver o número de vagas, fazer sua reserva e efetuar o pagamento.
Work a Way e Wwoof
Cozinhar, ensinar matemática para crianças, pintar paredes ou trabalhar como funcionário de um hotel. Tudo isso pode ser usado como moeda de troca no Work a Way (em inglês e espanhol). Você trabalha quatro horas por dia e recebe acomodação e refeições como pagamento. Tanto pessoas comuns quanto estabelecimentos, como albergues, oferecem hospedagem por meio da ferramenta, presente em todo o mundo. O Wwoof (em inglês), por sua vez, é mais rural. Funciona de maneira semelhante, mas o trabalho é desenvolvido em sítios e fazendas orgânicas.
CouchSurfing
Dormir no sofá (ou na cama de hóspedes) de alguém que se propõe a acomodar um viajante gratuitamente. Esta é a ideia básica do CouchSurfing, uma rede social mundial que coloca em contato pessoas à procura de um pouso e anfitriões dispostos a recepcionar. Basta criar um perfil no site e escrever o destino da viagem na barra de busca. A rede localizará todos os possíveis anfitriões naquele local. Envie uma solicitação de hospedagem para o que mais lhe agradar e, se aceito, você terá um sofá onde surfar. Quanto à segurança, há mecanismos que garantem um sono sem riscos. Após a estada, todo couchsurfer deixa um depoimento positivo, negativo ou neutro sobre o anfitrião que o acolheu. Consulte essas informações, visíveis no perfil do usuário, para saber se ele é ou não confiável.
Air BnB
É uma ferramenta que possibilita alugar um quarto, um imóvel inteiro ou até um castelo, de anfitriões locais e por um preço acessível, pelo tempo que durará a viagem. Criando uma conta gratuitamente pelo site, o turista consegue reservar acomodações em 190 países. A própria plataforma recebe e transfere o pagamento. Há recursos de denúncia que permitem notificar o Air BnB caso ocorra alguma situação desagradável.
Bla Bla Car
Levantar o polegar na beira da estrada é quase loucura hoje em dia, levando em conta os riscos envolvidos. Mas, graças à tecnologia, há maneiras seguras de viajar de carona por 13 países da Europa. O Bla Bla Car (em inglês e espanhol), é uma ferramenta social que conecta caroneiros a viajantes com assentos livres no carro. Preenchendo os campos de busca do site com o ponto de partida, a data e o destino da viagem, aparecem motoristas que farão a mesma rota e procuram companheiros para compartilhar a jornada. Em cada perfil, há avaliações que permitem checar se o usuário é confiável. O pagamento, uma quantia módica para cobrir parte dos custos da viagem, é realizado através do site, e liberado apenas após a confirmação do caroneiro de que tudo ocorreu conforme combinado.
Voos
Há três sites que são como o Google dos voos baratos: o Skyscanner, o Cheap O Air (em inglês e espanhol) e o Jet Radar. Todos funcionam da mesma maneira: basta colocar o local de partida e o de destino, a data da viagem e o número de passageiros. Os sistemas fazem uma busca pelas companhias aéreas e apresentam a opção de voo mais em conta como primeiro resultado.
Passeios
Presente em 15 cidades europeias, além de Tel Aviv, Jerusalém e Nova York, a New Europe Free Walking Tours (em inglês ou espanhol) oferece tours a pé de graça para grupos de viajantes. Os passeios são guiados em inglês ou espanhol, dão informações históricas e incluem anedotas e curiosidades sobre os locais e monumentos visitados. Ao fim da rota, o participante agradece ao guia com uma gorjeta no valor que quiser – ou puder.