Turismo

Conheça a bela cidade de Lucerna, na Suíça

Roberto Couto
16/11/2014 02:18
A charmosa Lucerna, que fecha a série de reportagens sobre o tour de trem por atrações da Suíça que fala alemão, traz aqueles ingredientes clássicos que se espera de um destino do país europeu: lago, rio cortando o bem preservado centro histórico e os Alpes sempre à vista. A cidad e m erece ser explorada a pé e, por ser católica, é um pouco mais colorida e rebuscada que suas vizinhas protestantes, como a capital Berna, que abriu o ciclo de matérias, que ainda incluiu a região de Interlaken (saiba mais no www.gazetadopovo.com.br/turismo).
O périplo por Lucerna pode começar na parte antiga, pelo conjunto de monumentos que forma o cartão-postal mais famoso da cidade: a Chapel Bridge e a Water Tower, com mais de 700 anos. A ponte de madeira decorada com flores, que une as duas margens do rio Reuss, foi construída 60 anos depois da torre, mas pouco da estrutura original foi mantida. Em 1993, um incêndio destruiu quase toda a extensão da ponte, levando também boa parte pinturas que conta vam a história da cidade. E as chamas parecem ser, realmente, inimigas de Lucerna. Há 43 anos, outro incêndio consumiu a estação central de trens, nosso ponto de chegada ao destino. Da construção original, restaram apenas a fachada externa (que virou um monumento em frente à nova estação) e os murais instalados nas laterais do terminal de passageiros.
Olhando com mais atenção para o cenário, dá para perceber os diferentes estilos arquitetônicos que compõem a cidade, que é banhada pelo lago homônimo. Como Lucerna tem origem medieval, é possível notar algumas torres de fortificação “pipocando” entre os edifícios. As muralhas, por outro lado, quase que desapareceram completamente. Hoje apenas um trecho (denominado “Museggmauer”) continua de pé e é possível visitá-lo. Na cidade antiga, vários prédios trazem fachadas ricamente ornamentadas (verdadeiros afrescos ao ar livre), que tinham a missão de identificar seus moradores. A Hofkirche, igreja com sua escadaria em uma rua sem saída, se destaca por suas torres em estilo gótico e o barroco alemão da igreja jesuíta de São Francisco de Xavier (Jesuitenkirche) é o grande exemplo da reação da cidade à reforma protestante que se espalhou por boa parte da Suíça.
E o toque contemporâneo em pleno centro da cidade fica por conta do centro cultural KKL. Localizado ao lado da estação de trem, o gigante de vidro e aço reúne sala de concerto, espaço de exposições e local para congressos. Não deixe de visitar ainda o Rosengart Museum, que reúne principalmente obras de Pablo Picasso (amigo da fundadora do museu, Angela Rosengart), mas também há telas de mestres como Paul Klee, Monet e Kandinsky. Ao todo, são 300 obras.
Em meio ao tour, uma parada estratégica para um almoço sempre é bem-vinda e o restaurante Wirtshaus Taube pode ser uma boa opção, por estar bem no centro da cidade. No cardápio, pratos típicos da região de Lucerna, como o “Chapellbridge–Röschti”, um rösti de batata, tomate, bacon, ovo, cebolinha e queijo (25,80 francos suíços). Um jantar mais sofisticado pede o Restaurant Galerie, no Hotel Schweizerhof, com seus pratos que misturam ingredientes suíços e internacionais, como lagosta grelhada acompanhada de arroz, vegetais e molho béarnaise (68 francos suíços). E a noite pode ser fechada com um drinque no bar da cobertura do badalado Hotel Astoria, com seus quartos totalmente brancos e estilosos.
Teleféricos, neve e queijos no Monte Titlis
A mais impressionante das montanhas da região de Lucerna é o Monte Titlis, distante 45 minutos de trem de nossa última “base” nesta viagem. Para chegar à montanha, com 3.028 metros de altitude, é preciso descer em Engelberg, vilarejo de quatro mil habitantes, e seguir caminhando até a estação de onde saem os teleféricos que levam até o pico. De lá até o topo to Titlis, são cerca de 40 minutos de passeio sobre um dos cenários mais impressionantes do coração da Europa. Começa em teleféricos para seis pessoas até Trübsee, a 1.800 metros de altitude. Em seguida, entra-se num bondinho que segue até Stand, a 2.428 metros, de onde parte o Titlis Rotair, o primeiro teleférico do mundo que gira 360° ao longo de cinco minutos.
No alto, a estação do Titlis exibe a cadeia de montanhas nevadas em um grande terraço e também pelas janelas panorâmicas de seus restaurantes, entre eles o Panorama, que oferece um cardápio com fartas opções de pizzas, massas e pratos típicos suíços. Lá dentro, a calefação é permanente, o que não faz derreter os sorvetes suíços Mövenpick, balcão de fila permanente.
Quem se aventura ao ar livre pode ver os picos gelados de perto, acomodado no Ice Flyer, um teleférico de cadeira para cinco pessoas (o trajeto dura oito minutos). No Glacier Park, crianças e adultos curtem o snow-tube (um tipo de pneu que rodopia morro abaixo), trenós e outros brinquedos. Outra atração é a Titlis Cliff Walk, a ponte suspensa mais alta da Europa. Com 100 metros de comprimento e pouco mais de 90 centímetros de largura, a impressionante estrutura deixa qualquer um com um friozinho na barriga, principalmente,quando se olha para baixo e se vê aquela imensidão branca a mais de 3 mil metros.
De volta a terra firme, depois de outros 40 minutos descendo de teleféricos e bondinhos, um passeio a Engelberg não seria completo sem uma parada no monastério da cidade. No local, há uma pequena fábrica de queijos, recanto especial que merece uma visita sem pressa. Em um amplo salão que combina os tanques da fábrica em redoma de vidro, loja e restaurante, dá para acompanhar a preparação do queijo Engelberger Klosterglocke, além degustá-lo e se demorar na escolha de suvenires típicos. Um mestre queijeiro muito carismático, inclusive, mostra didaticamente todo o processo. Um programa para fechar com chave de ouro o tour pela Suíça. Afinal, era chegada a hora de voltar para Zurique e de lá para o Brasil.
O jornalista viajou a convite do Switzerland Tourism e da Swiss Air Lines.

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