No centro histórico da Lapa, 14 quarteirões e 235 construções tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Fotos: Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Mesmo depois de séculos, a Lapa é uma cidade que ainda conserva as pegadas dos antigos tropeiros. Para resgatar um dos fenômenos que contribuíram para a formação do Paraná, o programa Aprendiz de Tropeiro organiza roteiros para conhecer a história, o patrimônio cultural e a gastronomia da Lapa em um fim de semana.
A iniciativa, desenvolvida pelo pesquisador Márcio Anis Mattar Assad, em parceria com o Hotel Tropeiro da Lapa, tem uma finalidade didática e é particularmente indicado para crianças e famílias. As atividades são realizadas no próprio hotel e incluem, entre outras coisas, a visita ao recanto turístico Caminho das Tropas, com a possibilidade de passeios a cavalo e de experimentar o típico café tropeiro preparado na fogueira, à moda antiga. O roteiro conta também com uma visita guiada ao centro histórico do município, que fica a cerca de 60 km de Curitiba e foi fundado em 1769 pelos tropeiros, viajantes que transportavam gado e mercadorias do Rio Grande do Sul até Minas Gerais, entre os séculos 17 e 19.
Passeio a cavalo pelo recanto turístico Caminho das Tropas.
Hoje o centro da Lapa reúne o maior patrimônio cultural e conjunto arquitetônico preservado do Paraná. Ao todo são 14 quarteirões e 235 construções tombadas pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como o Theatro São João, construído em 1876 em estilo neoclássico, e a Igreja Matriz de Santo Antônio, de 1784. São lugares que transpiram história, como a praça General Carneiro, onde, em 1894, as tropas republicanas (os chamados “pica-paus”) e federalistas (“maragatos”) travaram a batalha conhecida como Cerco da Lapa. A resistência dos republicanos comandados pelo general Ernesto Gomes Carneiro é celebrada ainda hoje nos museus da cidade, como o Panteon dos Heróis, o Museu Histórico e o Museu de Armas.
Interior do Theatro São João, construído em 1876 em estilo neoclássico.
Memórias do tropeirismo são conservadas também na Casa Vermelha, um edifício construído em “pau a pique”, com madeiras verticais fixadas no solo entrelaçadas com vigas horizontais, onde se encontra um pequeno acervo do Museu dos Tropeiros e um centro de artesanato com cestarias, quadros, bordados e louças.
Gastronomia Além dos aspectos culturais, o Aprendiz de Tropeiro proporciona também experiências gastronômicas, experimentando quitutes como o bolo pipoca, um bolinho de polvilho parecido com pão de queijo, e a coxinha de farofa enrolada na massa de pastel.
Prato típico da Lapa, a coxinha de farofa é feita em massa de pastel.
O hotel serve no almoço pratos típicos da tradição tropeira, como o arroz de carreteiro, o feijão tropeiro, a vaca atolada, a costela ao fogo de chão e a quirera lapeana. A refeição é servida no restaurante, que tem capacidade para 300 pessoas, ou no rancho, uma choupana com cozinha ao ar livre pensada para aulas-show da culinária tradicional.
Crianças aprendem sobre a história do município através do programa Aprendiz de Tropeiro.
Antes de deixar o município, vale a pena fazer uma parada na entrada da cidade para uma foto de recordação no Monumento ao Tropeiro, de Poty Lazzarotto (1924-1998), que fica na Avenida Manoel Pedro.