Turismo

Cruzeiro Flor do Caribe

Marcos Xavier Vicente
22/06/2014 03:18
Ao contrário da maioria dos cruzeiros pelo Caribe, o embarque para o navio Monarch não é pelos portos de Miami ou Fort Lauderdale, na Flórida. A viagem pode começar por qualquer um dos cinco pontos de parada: Cartagena das Índias na Colômbia, Aruba ou La Guaira na Venezuela, Curaçao ou Colón no Panamá. O itinerário tem dois dias só de navegação, nos trajetos entre Cartagena e Aruba, e de Curaçao a Colón, o que permite ao passageiro desfrutar ainda mais dos atrativos do navio.
O público do Monarch, adquirido e reformado pela Pullmantur em 2013, que conta com 1.193 cabines capazes de hospedar 2.752 passageiros, é basicamente de famílias, e a embarcação oferece boas alternativas de lazer a adultos, adolescentes e crianças. O navio tem duas piscinas, cassino, danceteria, apresentações musicais, academia de ginástica, hidromassagem, salão de beleza, spa e uma quadra de basquete.
Para os adolescentes, há um espaço com videogames e mesas de jogos. As crianças contam com equipes de recreação especiais em dois espaços com atividades como pintura e brincadeiras. Enquanto a bordo, há ainda a opção de compras nas lojas duty free, com opções de roupas, joias, eletrônicos e bebidas.
O jornalista viajou a convite da Pullmantur.
Curaçao
Assim que chegar a Curaçao, não deixe de circular pelas ruas da capital Willemstad. Basta atravessar a pé a Baía de Santa Anna pela ponte Rainha Emma – que se abre feito um leque para a passagem de navios – para passear pela arquitetura colonial holandesa, que dá um ar de Amsterdã tropical à cidade, com seus casarios coloridos.
Passear pelo centro de Willemstad é fácil e rápido. Boa parte das ruas é de calçadões. No comércio, há desde lojas de roupas de grifes e restaurantes badalados a feira de frutas e estabelecimentos populares. E por onde você vai há uma tranquilidade, um silêncio, que se reflete no jeito manso de a população falar o papiamento – a principal língua de Curaçao e Aruba, que mistura português, espanhol e holandês a dialetos africanos.
Um passeio interessante é ir ao New Market, o mercadão popular. Além do contato direto com a população, o local é uma boa dica para se adquirir artesanato bonito e barato – uma bolsa de praia de palha decorada, por exemplo, sai por US$ 10. Outra opção, além das praias, claro, é a oportunidade de nadar com golfinhos no Curaçao Dolphin Academy – instituição criada em 2002 para difundir a importância da preservação desses animais. Por US$ 174, o turista pode nadar com dois golfinhos em uma piscina natural. Em meia hora, os bichos fazem a festa com os turistas: permitem passar a mão pelo seu dorso, saltam, puxam as pessoas pelas barbatanas e até beijam.
Cartagena das Índias – Colômbia
A escala do cruzeiro na mais famosa cidade caribenha da Colômbia é só um aperitivo. Uma tarde e uma noite são pouco para desbravar a cidade colonial, fundada em 1533 e rodeada por 11 km de muro, construído pelos espanhóis para protegê-la de ataques piratas. Principal entreposto de escravos do Caribe e declarada em 1984 pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade, Cartagena tem muita história e beleza – o que requer uma visita futura.
As excursões no navio oferecem passeios que podem ser feitos a pé, de ônibus, de charrete ou em um ônibus tipo jardineira. Durante o dia, a melhor opção é passear a pé, a partir da Torre do Relógio, porta de entrada da cidade amuralhada – o valor da excursão com guia é de US$ 56 por pessoa. O trajeto inclui o Forte de São Felipe de Barajas, a mais importante fortaleza espanhola nas Américas.
No fim da tarde, o chiva bus é uma opção de diversão, por US$ 15 por pessoa. Os turistas pegam o ônibus-jardineira ao som de rumba e têm disponível rum, coca-cola e gelo para preparar seus próprios drinques. A principal parada é no antigo paiol Las Bóvedas, hoje um mercado de artesanato. Em cima há um imenso espaço aberto, usado como ponto de encontro da população. Ali também há apresentações de bandas de rumba que levam tanto os locais quanto os turistas ao êxtase.
Panamá
O Panamá é a etapa de compras do cruzeiro. Tanto em Colón, onde o navio atraca, quanto na capital, Cidade do Panamá, os preços são convidativos, já que o país é zona livre de impostos. A visão dos centros comerciais vizinhos ao porto de Colón pode assustar, com arames farpados em cima dos muros e homens armados. Mas os preços, principalmente de eletrônicos, são realmente convidativos.
No caminho à Cidade do Panamá, outro atrativo. Em aproximadamente uma hora, é possível atravessar os 80 km que separam o Oceano Atlântico do Pacífico, cuja estrada margeia o Canal do Panamá. Construído pelos americanos entre 1903 e 1914, o canal, que passou às mãos dos panamenhos em 1999, mudou a navegação, evitando que embarcações do mundo todo tivessem de se deslocar até o Estreito de Magalhães, no extremo Sul do continente americano, para fazer a travessia Atlântico-Pacífico e vice-versa.
Portanto, dê uma paradinha na Eclusa de Gatún, de onde se pode assistir à travessia de cargueiros de até 32,5 metros de largura – o canal tem 33 metros de largura, o que faz com que os navios passem muito perto das paredes. A entrada custa US$ 5.
Na Cidade do Panamá, mais compras. O preço das roupas nos shoppings é bem próximo ao dos Estados Unidos. Como provavelmente o tempo será curto para pegar o avião de volta, a dica é ir ao shopping Metromall, a apenas 10 minutos do aeroporto. E se você ainda não estiver satisfeito, o Aeroporto de Tocumen conta com uma infinidade de lojas duty free.
Aruba
Após um dia de navegação, é na pequena ilha de apenas 110 mil moradores e com 70 km de costa que o passageiro do cruzeiro tem o primeiro contato com o Caribe do imaginário popular: mar verde-azul e cristalino e praias paradisíacas. O ponto mais badalado – mas nada que se iguale às praias brasileiras cheias de gente e de vendedores ambulantes – é Palm Beach. Cercada de bares, restaurantes e hotéis, a praia é tranquila. Ótima opção para relaxar, pegar um drinque e curtir, intercalando um mergulho e outro no mar de água quente.
Para quem quiser um passeio mais alternativo, antes de Palm Beach dá para passar pelo Parque Nacional Arikok, que ocupa 18% do território de Aruba. Pela paisagem árida entremeada por cactos, o turista cruza com a fauna local, formada basicamente por répteis, além das cabras trazidas pelos colonizadores.
O ponto alto do Parque Arikok, onde se pode fazer trilhas, é a praia Baby Beach: uma lagoa protegida por pedras, em que a água tranquila e transparente convida para um mergulho. Apesar da beleza, a praia tem pouca estrutura – apenas dois bares, sem maiores requintes. O passeio, feito de jipe pela companhia turística De Palm Tours, custa US$ 107, mais US$ 10 do ingresso do parque. Na volta, antes do reembarque, vale um passeio pela capital, Oranjestad. O comércio ali vai do artesanato popular às marcas de grife.
La Guaira – Venezuela
Se você estiver pensando em tirar um dia para descansar, invista na parada no Porto de La Guaira. Mas relaxe dentro do navio mesmo, porque fora as opções de diversão não são tão animadoras. La Guaira é o principal porto da Venezuela e está separada da capital Caracas por uma cadeia de montanhas. Há um passeio de jipe por uma estrada tortuosa que leva até o topo da montanha que divide as duas cidades, a dois mil metros de altitude. De lá, se a neblina não atrapalhar, pode-se ter uma bela visão da capital venezuelana.
Entretanto, a estrutura do passeio é precaríssima. O tour passa por uma queda d’água sem graça no meio da estrada, por um vilarejo na montanha – onde a única coisa interessante é o contato com as crianças da escola local – e, no topo, há um restaurante que vende apenas duas opções de pratos: sanduíche de pernil ou arepa (um tipo de panqueca de milho) com queijo. Na lojinha de artesanato, nada que realmente represente o país: canecas, bonecas e canetas, entre outros objetos que podem ser adquiridos em qualquer outro lugar.
O passeio perde muito da graça porque a principal estrutura nem sempre está disponível: quando a reportagem esteve em La Guaira, o Teleférico Warairarepano, que leva turistas e a população até Caracas, estava fechado para manutenção. Em 15 minutos, é possível descer até a capital.

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