Os golpes mais comuns aplicados em turistas brasileiros nas cidades do mundo
Guilherme Grandi
25/06/2018 17:00
Golpistas atuam principalmente em lugares com grande aglomeração de pessoas como estações de trem e pontos turísticos. Foto: Unsplash.
Turista que é turista é sempre muito visado em qualquer lugar do mundo. Seja nas cidades brasileiras, ou nas grandes capitais da Europa, Estados Unidos e Ásia, há sempre alguém pronto a tentar tirar um dinheiro fácil do viajante de férias. E o que era para ser um descanso acaba virando dor de cabeça.
Relatos sobre golpes sofridos em pontos turísticos se espalham por grupos de discussão na internet e nos registros no Ministério das Relações Exteriores. Geralmente seguem a mesma linha: um esbarrão, seguido de uma conversa despretensiosa, um presentinho que será cobrado depois, e até mesmo abordagem nos caixas eletrônicos de cara para a rua.
O truque do cartão
Há alguns anos, o casal Avary e Rosana Zeigelboim estava em uma viagem de férias por Veneza, na Itália, e por pouco não teve um enorme prejuízo no cartão de crédito. Ela conta que o marido foi até um caixa eletrônico para sacar dinheiro e, logo depois que colocou o valor e a senha, a máquina prendeu o cartão. “Neste momento chegou um casal e comentou que já havia acontecido com eles a mesma coisa, mas que não tinha problema. Era só ir ao banco na segunda-feira pela manhã que eles devolveriam o cartão”, relata a dona de casa.
A família de Rosana Zeigelboim teve o cartão preso em um caixa eletrônico de Veneza. Foto: acervo pessoal/Rosana Zeigelboim.
Rapidamente ela comentou o caso com o filho Fábio, que na época morava em Londres, e ele os alertou que aquilo com certeza era um golpe e que o pai deveria ligar no 0800 do banco para cancelar o cartão. “Porque até segunda-feira eles teriam condições de fazer até três saques diários de US$ 500. Não deu outra, quando ligamos para cancelar, o primeiro saque já tinha sido feito”, lamenta.
O barato que sai caro
Uma falsa noção que muitos turistas têm é a de que comprar lembranças de viagem com ambulantes ou camelôs é mais barato do que em lojas de souvernirs. Não em Paris.
O agente de viagens Leo Ricardo Del Ramos estava passeando pela capital francesa quando um ambulante o abordou na região da Torre Eiffel, para vender uma miniatura do famoso ponto turístico. “E do nada vieram mais uns 15 fazendo pressão pra gente comprar, eles já chegam colocando na mão e cercando até ceder”, lembra.
Ele conta que já viveu outras tentativas de golpes e também recebeu diversos relatos de clientes que passaram por apuros na Europa. Outro muito comum é o da pulseira, “em que o ambulante chega com uma conversa despretensiosa e amarra uma pulseirinha no braço como se fosse de graça, mas depois começa a pedir dinheiro”, fala.
Lá e aqui
O Itamaraty alerta para o golpe do desmaio súbito em cidades da América do Sul. Foto: Unsplash.
Mas não é preciso ir tão longe para descobrir que golpes contra turistas fazem parte do cotidiano de qualquer lugar. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Consulado-Geral do Brasil em Ciudad del Este recebe frequentemente relatos de cidadãos brasileiros sobre casos de extorsão cometidos por supostos agentes de comércio paraguaios.
Segundo um comunicado emitido pelo Itamaraty, agentes que se intitulam como guias de compras ou promotores de vendas “geralmente abordam os turistas com coletes caracterizados, como se atuassem em nome de marcas mundialmente conhecidas, e lhes oferecem estacionamentos e serviços de guias turísticos”. O Ministério recomenda que as pessoas evitem atravessar a fronteira de carro, e o deixe estacionado em Foz do Iguaçu.
O Ministério ainda exemplifica outro golpe muito comum aplicado no continente: “em alguns países da América do Sul, golpistas ‘caem’ subitamente nas ruas, para que seus comparsas roubem aqueles que se dispõem a ajudar”.
Muita atenção
Para o Ministério das Relações Exteriores, até mesmo cidades que parecem muito seguras, como as do Japão, devem ter algum nível de cautela por parte dos turistas. Foto: Unsplash.
O agente Leo Ricardo Del Ramos, da agência Target, recomenda que as pessoas tenham muita atenção ao viajar para lugares turísticos.“Evite comprar coisas de ambulantes, eles se aproveitam da situação e abusam da boa vontade do turista”, diz.
E o brasileiro ainda tem um agravante: “apesar de convivermos diariamente com a criminalidade, a gente quer se soltar e ser gentil quando viajamos de férias”, explica Leo. É nesta hora que os golpistas se aproveitam e começam com papos que remetem a duas das maiores paixões nacionais: o futebol e o carnaval.
O Ministério das Relações Exteriores elaborou uma lista com 5 níveis distintos de segurança para brasileiros que viajam para fora do país. De acordo com o Itamaraty, são levados em consideração diversos relatos da Rede Consular brasileira espalhada pelo mundo, com “eventual identificação de casos de violência, ameaças à saúde ou ao bem-estar de turistas e quaisquer outros problemas estruturais que possam eventualmente afetar nacionais do Brasil naquele local, incluindo diferenças culturais, sociais ou políticas que tenham impacto real na vida do estrangeiro”.
Os níveis de segurança de viagens vão desde precauções normais a até mesmo evitar algum destino. A classificação é revisada anualmente e pode ser consultada aqui.
A recomendação é de que o turista vítima de algum golpe registre um boletim de ocorrência na autoridade policial local e informe a representação diplomática ou repartição consular do Brasil sobre a situação. A perda ou roubo de passaporte fora do país, por exemplo, deve ser comunicada imediatamente ao consulado ou embaixada mais próxima.