Turismo

Ilhéus do cacau e dos romances de Jorge Amado

Luciane Horcel
23/07/2009 03:06
Andar em Ilhéus é como estar percorrendo as entranhas dos romances de Jorge Amado. A região que era chamada, pelo autor, de “Princesinha do sul, terra de encantos e magias” retrata o cenário e é berço de vários dos personagens criados pelo escritor baiano.
Localizada a 320 km de Porto Seguro e 472km de Salvador, Ilhéus guarda – na estrutura da cidade e nos pontos turísticos – toda cultura e história que permeiam seus 475 anos.
Para o povo do sul, que sempre se encolhe um pouco quando pensa no sol impiedoso da Bahia, a cidade é uma boa opção. Não que o bloqueador solar possa ser dispensado, mas os raios solares não castigam tanto com a temperatura média de 25º C. Lá, os meses onde as chuvas são mais recorrentes são maio e junho, mesmo assim os guias de turismo garantem que São Pedro é treinado e só chove de madrugada.
Entre os muitos pontos turísticos da cidade, está a Baía do Pontal, onde fica a ponte Lo­­manto Júnior sobre o encontro dos rios Cachoeira, Fundão e Santana. De lá dá para ver o “Ju­­ninho”, que é como os ilheenses chamam o Cristo Re­­dentor da cidade, que ganhou o apelido por ter somente 7,5 metros de altura.
Perto dali, no bairro Alto da Piedade, é possível encontrar o mirante da Rua Madre Tais, que dá vista para a Praia da Avenida e para o Porto de Ilhéus – porta de en­trada para os turistas chegados nos cruzeiros marítimos.
Centro
O melhor de Ilhéus está no centro histórico da cidade. Aliás, é lá também que a viagem pelas obras e a vida de um dos mais conhecidos escritores baianos começa. A primeira parada, como não podia deixar de ser, é na casa Casa de Cultura Jorge Amado. Lo­­calizada na praça Dom Eduardo, a casa, que hoje virou ponto turístico, foi onde o escritor passou a infância e parte da adolescência, e também o lugar onde ele escreveu seu primeiro livro: País do Carnaval. Como uma verdadeira homenagem ao “filho adotivo” (Amado nasceu na vizinha Itabuna), o palacete comprado pelo pai do escritor está intacto, com os mesmos vitrais coloridos portugueses, mármores de carrara e móveis feitos de jacarandá. Como se a estrutura antiga já não fosse o suficiente para se apreciar, lá – com vídeos,objetos pessoais e histórias – a vida do baiano das letras é passada a limpo.
Também é na Casa de Cul­tura que se encontra uma das figuras mais conhecidas de Ilhéus: o ator e contador de histórias José Delmo. Misturando a oratória impecável com boas doses de interpretação, o homem das calças surradas cita trechos poéticos de Sosígenes Costa e conta toda a história da região. Ninguém pisca, todos absorvidos pelos “causos” de séculos atrás. Não é preciso pagar para embarcar nessa viagem, mas poucos resistem a uma contribuição quando o Seu José passa o chapéu.
A poucos passos da casa do escritor, estão a Catedral de São Sebastião e o Teatro Municipal de Ilhéus. Os dois patrimônios históricos de Ilhéus ficam em uma das áreas mais agradáveis do centro: a praça Luis Viana Fi­­lho. Ali, é só achar uma sombra e degustar um sorvete típico de tapioca, cacau ou umbu (R$ 2 a bola) da sorveteria Ponto Chic, uma das mais tradicionais da cidade. Já quem prefere um salgado, o lance é pedir um acarajé para a baiana Maria que, faça sol ou faça sol (lá quase não chove), está servindo a delícia típica por R$2.
Quem quiser levar alguma lembrança da região poderá encontrar o que deseja no mercado do Artesanato, na praça Cairu. Outra opção é a loja Cacau Café e Cravo e Canela. Lá é possível encontrar desde objetos de decoração, até bebidas e doces típicos baianos. Os licores e geleias de cacau (R$ 10 cada) são os produtos mais procurados pelos turistas.