Turismo

Minha cidade, sua cidade

Laura Beal Bordin, especial para a Gazeta do Povo
18/05/2014 03:16
Há quem diga que só se conhece uma cidade de verdade quando se leva ao pé da letra o significado do verbo “flanar” – andar sem rumo, sem ter com que se preocupar. Simplesmente, flanando. E por que não flanar com quem conhece cada esquina, cada café e cada ponto que, além dos tradicionais, vale a pena conhecer? Nem sempre os roteiros proporcionam esse tipo de experiência – conhecer a cidade como um nativo. Pode ser caminhando, oferecendo um sofá e até levando um estrangeiro a um passeio personalizado, em que ele escolhe onde quer passar e o que quer fazer.
Free Walking
Depois de viajar por boa parte do Brasil e do mundo, os turismólogos Rafael Caon, 27 anos, e Heloísa Coutinho, 26, perceberam como é difícil ser gringo por aqui. Entre as barreiras da língua e os altos preços por um passeio, os turistas acabam saindo sem conhecer bons lugares e boas histórias da cidade. “Existe uma falta de produtos inovadores no turismo do país e o estrangeiro se sente perdido”, conta Rafael. Foi assim que resolveram criar o Curitiba Free Walking – um projeto sem fins lucrativos que, assim como em outras cidades do mundo, como Nova York, Londres, Rio de Janeiro e São Paulo, é gratuito e leva os turistas para caminhar (ou flanar, se preferir) pela cidade, conhecendo cada cantinho e suas histórias.
Por aqui, Rafael e Heloísa levam gente de todas as partes do mundo para conhecer o centro histórico de Curitiba por uma caminhada que dura cerca de 2 horas – começando no Teatro Guaíra, passando pela Praça Santos Andrade, Rua XV, Praça Osório e Tiradentes, Largo da Ordem e o colorido bairro São Francisco. Durante o passeio descobre-se que o Teatro Guaíra já foi abrigado no prédio da Biblioteca Pública do Paraná, e que a praça Santos Andrade já foi lixão e também chamado de Largo Teresa Cristina – coisas que nem todo curitibano sabe. Por isso, as instrutoras da Rede de Estudantes de Intercâmbio de Curitiba, Norma Müller e Gabriela Diniz, resolveram fazer o tour e indicar para os estudantes que visitam a cidade. “É legal conhecer a cidade por esse lado. É mais fácil indicar quando se conhece”, conta Norma. O roteiro pode ser modificado de acordo com o grupo, explica Heloísa. “Muitas vezes as pessoas se interessam mais por um lugar ou por outro. Tudo é muito flexível”, conta. A caminhada acaba de volta ao Guaíra e, para manter o projeto de pé, cada turista pode (ou não) dar uma contribuição.
Alugue um amigo
Quando morou em Londres, a jornalista carioca Alice Moura, 31 anos, sentiu falta de uma coisa: um amigo local, que pudesse lhe mostrar lugares que talvez ela não encontrasse sozinha, tornando sua viagem mais autêntica do que a tradicional. “Percebi que muita gente também buscava essa experiência e criei um serviço turístico – conectando viajantes com amigos locais, disponíveis para receber e mostrar a cidade”, explica Alice.
Por ser um serviço exclusivo, o Rent a Local Friend é pago e custa R$ 120 por quatro horas de passeio na capital paranaense. Para oito horas, o preço é R$ 240 para até dois viajantes.