Turismo

Na mala, lembranças tamanho G

Anna Paula Franco
03/11/2011 02:03
Vasos de cristal, estatuetas de pedra, cestos de palha, esculturas de barro ou madeira… O produtor de eventos Dado Dantas desconhece limites diante de um objeto de desejo, nas frequentes viagens que faz. “Compro, depois eu vejo como carrego”, confessa. Nada é obstáculo: tamanho, peso, fragilidade, preço. “O único critério é me apaixonar pelo objeto”, diz.
Tudo que Dantas adquire em trânsito é para seu próprio deleite. Colecionador de vidro de Murano, não pensou duas vezes na hora de carregar duas peças de mais de um metro de altura durante uma viagem à Europa. “Estava no interior da Itália e vi os vasos encostados num canto. Fiz uma oferta e levei. Embalados com papel pardo e plástico-bolha, a tiracolo, pareciam duas bazucas. Foram várias explicações nos aeroportos em que passei”, conta.
Aos 55 anos, o promotor de eventos viaja ao exterior pelo menos cinco vezes por ano. E faz questão de trazer lembranças dos lugares por onde passa. “E uso tudo na decoração da minha casa. Os objetos me levam de volta ao local onde foram adquiridos. Me remetem às histórias da viagem, sensações e descobertas”, conta. Dantas se preocupa muito em conhecer a cultura e as pessoas dos lugares que visita. “Todas as viagens que faço têm enfoque cultural. Invisto nesse aprendizado”, ensina. E as lembranças fazem parte desse conhecimento. “Trago algo que identifica aquele momento, que me diga respeito”, diz.
As explicações para abarrotar a bagagem de objetos comprados durante a viagem nem sempre são racionais. Dantas admite que exagera. Uma vez, na China, comprou 50 caixas de miniaturas de soldados de terracota, vendidos por meninos nas ruas, a US$ 1, preço final da negociação. “Era um ótimo presente. Mas fazia muito volume e pesava bastente. E eu tinha muitas conexões pela frente, estava na metade da viagem”, conta. Resultado: por onde passou, as camareiras dos hotéis eram presenteadas com o suvenir. “Consegui chegar com umas duas ou três caixinhas”, diz.
Ginástica para carregar presente é quase uma especialidade do somelier Rodrigo do Prado, de Curitiba. Ele e a esposa, Camila, fazem pelo menos uma viagem de 40 dias por ano, de férias. E sempre trazem lembranças para amigos e familiares, além de objetos que abastecem coleções pessoais e fazem parte da decoração da casa. Camila coleciona pratos e canecas de porcelana e traz um exemplar de cada lugar onde passa. Prado gosta de presentear o irmão, que é chef de cozinha, com utensílios e ferramentas para o seu dia a dia. “Já trouxe 12 facas no meio da roupa. E volto com o dobro, até o triplo, literalmente, de malas que fui”, conta.
Prevenido, Prado não arrisca perder a carga valiosa que adquire durante as viagens. Além do seguro viagem, usa um extra do cartão de crédito, que paga US$ 300 por quilo de bagagem extraviada. Mas tem sorte: só teve problemas uma vez, com furto de itens que estavam dentro da mala, aqui no Brasil. E, como sabe que sempre vai voltar carregado, toma providências antes mesmo de embarcar. “Procuro comprar voos mais diretos, despachar a bagagem diretamente para o destino final e reduzir as conexões”.
Franquias
O despacho de bagagem pelo passageiro em trânsito tem algumas regras. Observe as regras gerais das franquias para transporte nas companhias aéreas.
• Exclusivamente para passagens (ida e volta) emitidas do Brasil para EUA e Europa, o viajante tem dois volumes de 32 quilos cada.
• Nas viagens a países da América do Sul e Austrália, o bilhete emitido no Brasil dá direito a um volume de 23 quilos.
• Nos bilhetes adquiridos por milhagem ou promocionais, em geral, o despacho da bagagem é cobrado. Voos internos também têm limite e são taxados. Nos EUA, por exemplo, o primeiro volume (até 23kg) custa US$ 35. O segundo, do mesmo tamanho, US$ 25.
• A franquia para bagagem de mão é, em geral, de cinco quilos. As dimensões médias devem ser de 56x40x25 centímetros. Há companhias norte-americanas que não limitam o peso, mas as dimensões são inflexíveis, para que caibam no bagageiro da cabine de passageiro.
• Fique atento aos benefícios dos cartões de fidelidade das companhias aéreas ou do cartão de crédito. A categoria azul da TAM, por exemplo, dá direito a um volume extra de 10 quilos. O vermelho dobra a franquia dos dois volumes de 32 quilos por passageiro.
• Nem tudo vai na bagagem de mão: são probidos líquidos em embalagens acima de 100 ml, além de objetos péfuro-cortantes.
Depoimento
O produtor de eventos Dado Dantas é um comprador confesso de “big souvenires”. Conheça suas hilárias histórias, como quando trouxe dois vasos da Itália de 95 cm cada