Serra Verde Express lança passeio de luxo que integra litoral de São Paulo e Paraná, com destino à Ilha Comprida. Foto Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Existe uma receita bem perto de ser infalível quando o assunto é viajar: encontrar paisagens exuberantes, natureza intocada e misturar tudo isso com história, do lugar e das pessoas. O problema é que esse trinômio nem sempre é acessível. A não ser, claro, que você comece a olhar para locais fora do roteiro trivial. É o que acontece com o Litoral do Paraná.
E se você fosse para o Norte, no lugar do Leste ou Sul? E se você ousasse encontrar um lugar ainda pouco explorado, em que pudesse encontrar pequenas ilhas com 346 moradores (contados), cheio de histórias e de sonhos, só para citar algumas das “atrações”. Um roteiro feito pelo mar e não pela terra – começa aí o inusitado -para conhecer de perto esses locais acaba de ser lançado pela Serra Verde Express.
Um Catamarã de luxo faz o trajeto que liga o litoral paranaense ao litoral sul de São Paulo, com três possibilidades de embarque. Saindo de Ilha Comprida (SP) com destino à Antonina (PR), incluindo a descida de trem pela Serra do Mar (passeio que é a marca registrada da Serra Verde). O segundo roteiro sai de Curitiba com destino à Ilha Comprida e também inclui o passeio de trem. Na terceira opção, a saída de Curitiba, tem traslado rodoviário para Antonina, de onde o Catamarã parte para Ilha Comprida.
Todos os roteiros são realizados em três dias. No primeiro, uma parada na Ilha nas Peças para observação dos golfinhos e passagem por Guaraqueçaba, onde acontece a pernoite. No segundo dia, o Catamarã parte com destino ao Parque Nacional de Superagui, Ilha do Cardoso até a Ilha Comprida, em que acontece a próxima parada. O terceiro dia, dependendo do roteiro escolhido, encerra em São Paulo ou no Paraná.
No mar e terra, muitas histórias
Independente do roteiro escolhido, no entanto, o turista vai encontrar paisagens diferentes das usuais e muitas histórias. Em Guaraqueçada, por exemplo, não deixe de conhecer a Mercearia Rodrigues e conversar com o proprietário Fábio Danilo Rodrigues. Ele é filho do fundador da mercearia e quando o patriarca ficou doente, ele tinha a opção de fechar ou transformar o lugar em uma atração da ilha. Escolheu a segunda opção.
A Mercearia Rodrigues é um lugar que poderia estar localizado em qualquer bairro da moda do Rio de Janeiro, São Paulo ou Curitiba. Aliás, foi nesses estados que Fábio se inspirou para montar sua mercearia original. A diferença é que os objetos foram garimpados na própria família. Ele então investiu no diferencial gastronômico. Inclui uma carne de siri que serve tanto como petisco como recheio para pratos principais, como a panqueca, além de 60 rótulos de cerveja, incluindo uma própria, que ele desenvolveu em parceria com a cervejaria Porto de Morretes, em Morretes.
Saindo de Guaraqueçaba e chegando na Ilha das Peças, tanto a gastronomia quanto os locais ficam mais rústicos, mas nem por isso (e a até por isso) mais interessantes. Na ilha de 346 moradores, uma das atrações, além da água limpinha e do encontro com golfinhos, é o Restaurante Paulo Afonso Teodoro Dias. Por que esse nome? Paulinho, como é conhecido, nasceu e cresceu na ilha. Aos 17, quando saiu para estudar, ficou encantando com os estabelecimentos comerciais que ostentavam o nome dos proprietários nas placas.
Voltou para a ilha das Peças e montou o restaurante que leva seu nome e colocou toda a família para ajudar. “Eu sempre quis ver meu nome no restaurante”, brinca. Para atrair os marinheiros e turistas que passam por ali, ele inventou a “caipirinha no pote”. “Eu nem gostava de caipirinha, daí resolvi fazer a bebida no pote de palmito para ver se as pessoas paravam de pedir. Aconteceu o contrário”, conta. Hoje, a bebida é o carro chefe da casa, mas ele reclama. “O turismo ainda é bem pouco explorado por aqui e a gente depende disso”.
Em Superagui, a parada acontece na Pousada Sobre as Ondas, onde é possível degustar os petiscos feitos pela proprietária Denise de Ramos. Ela conta sobre a revoada dos papagaios que acontece na ilha, a calmaria do lugar e a beleza, que faz com que não tenha vontade de sair “por nada neste mundo”. “Aqui eu tenho movimento o ano inteiro. Não conheço crise”, comemora.
Olhe, respire, sinta
De volta ao Catamarã e no percurso da Ilha Comprida, é possível ver também a revoada dos guarás, os belos pássaros vermelhos da região, além de uma paisagem exuberante. Preste atenção nas “cidades fantasmas” que existem no percurso, algumas abandonadas por falta de recursos, outras com movimento sazonal, quando os moradores voltam para algumas festividades locais, como em São José do Ararapira, que ostenta uma capela bastante conservada para a realização de casamentos e batizados dos antigos moradores.
Enquanto acontece o trajeto, não deixe de conhecer a história do comandante, João da Cunha, que aos 60 anos comemora 45 pilotando barcos. Ele saiu de Piçarras (SC), onde nasceu, aos 11 anos, para desbravar o mundo. Chegou em Cananéia, em São Paulo. Virou pescador, piloto de balsa e comandante de Catamarã. Agora é funcionário da Prefeitura de Ilha Comprida, que desenvolveu o roteiro em parceria com a Serra Verde Express para que mais pessoas possam visitar esse percurso ainda pouco conhecido.
Os próximos roteiros acontecem em maio (26, 27 e 28), setembro (7, 8 e 9), novembro (13, 14 e 15) e dezembro (30, 31 e 1.º). Os passeios incluem transporte terrestre e marítimo, hospedagem em apartamento duplo, almoço e guia de turismo, que conta detalhes das histórias fantásticas que o roteiro oferece. Os valores variam de R$ 770 a R$ 920 por adulto. Mais informações no site da Serra Verde Express.