A parada na cidade de Congonhas, a 70 km de Belo Horizonte, tem destino certo: o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, que conquistou o título de Patrimônio Cultural da Humanidade conferido pela Unesco. A fama do local se deve, principalmente, aos 12 profetas esculpidos em pedra-sabão por Aleijadinho, em 1805. As esculturas religiosas parecem dar boas-vindas a quem sobe os degraus da igreja.
Mas, além das obras, o lugar tem um encanto diferente. Existem seis capelas com 66 figuras em cedro, que reproduzem as Estações da Paixão – a via sacra de Jesus Cristo. Mas só é possível ver através de janelinhas com grades. Os pequenos templos são fechados, para se preservar as obras.
Num primeiro momento, alguns detalhes podem passar despercebidos. Mas basta uma segunda observada para perceber as interferências do século 18, que Aleijadinho e seus ajudantes fizeram questão de deixar registradas. Na cena da Santa Ceia, por exemplo, retratada pelas esculturas em madeira na primeira capela, há dois garçons (que não existiam) servindo aos apóstolos e, na mesa, o prato principal é carne de porco (Jesus era judeu e, por isso, não comia carne suína).
Mesmo com essas interferências, que podem não agradar aos católicos mais fervorosos, a perfeição no desenho dos rostos e, principalmente, no caimento das roupas é de se admirar. Sem contar que, seguindo as pequeninas igrejas e, com isso, os passos de Cristo, a capela da crucificação reserva uma emoção a mais. Atrás da igreja, há ainda a Sala dos Milagres, onde fiéis depositam seus ex-votos e relatos de milagres concedidos. O lugar tem muitas fotos, cartas e objetos pessoais deixados pelos romeiros. A tradição religiosa do município é ainda mais forte entre os dias 7 e 14 de setembro, quando ocorrem as festas do Jubileu do Senhor Bom Jesus.
Serviço
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. Somente visitas agendadas para entrar na igreja. Praça da Basílica. Informações: (31) 3731-1590.
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