Penha, SC, e Vinhedo, SP – Se você pretende visitar um dos grandes parques temáticos brasileiros até outubro, cuidado! Nas antes tranquilas e alegres ruas embaladas por muita diversão, o que impera agora é o terror. Você está andando calmamente com a família e, de repente, zumbis e monstros irrompem do meio da multidão. Susto!
Beto Carrero World, Hopi Hari e Playcenter nessa época do ano apostam em superproduções aterrorizantes para atrair o público. Os enredos são diferentes, mas a intenção é a mesma: provocar o horror, brincar com o medo. “Lidar com os medos em atrações fantasiosas pode ser bom para analisar e exercitar o controle sobre os nossos medos reais do dia a dia, dos quais não é possível fugirmos”, afirma o diretor artístico do Beto Carrero, Maicon Clenk.
Para tornar o pesadelo quase realidade, os parques investiram alto. Só o Hopi Hari gastou R$ 7 milhões na 10.ª Hora do Horror. O Playcenter, R$ 4 milhões na 25.ª edição das Noites do Terror. E o Beto Carrero, R$ 500 mil na sua segunda Ilha das Trevas. As atrações são todas percorridas a pé, em um clima de muita expectativa e suspense.
Nostradamus assusta visitantes no Playcenter
Em sua 25.ª edição, as Noites do Terror do Playcenter trazem o tema Profecias Macabras. São quatro labirintos. No Apocalipse, o visitante é recebido por três anjos demoníacos. O Nostradamus proporciona um passeio assustador por uma das mentes mais brilhantes de todos os tempos.
O Oráculo dos Mortos é inspirado na mitologia grega. A Vala dos Advinhos, baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri, tem cavaleiros com a cabeça voltada para trás e profetas castigados, que se aproveitam dos fracos que hoje vagam pelo inferno.
Além deles, há os túneis. No Senhores da Escuridão, depare-se com os profetas maias que previram o fim do mundo em 2012. O Alucinações é psicodélico e está cheio de personagens à beira da loucura. No Centúrias, criaturas falam as previsões de Nostradamus. No Visões, diversos personagens que previram o fim do mundo. E uma área que fala das maldições ciganas: caracterizados como mortos, ciganos leem as mãos dos visitantes. Nesse local, há uma apresentação musical de hora em hora.
O parque contratou 300 profissionais, dos quais 180 darão vida aos personagens e 120 trabalharão nos bastidores (maquiadores, produtores, caracterizadores, costureiras, dançarinos, artistas circenses e aderecistas). Durante as Noites do Terror, todas as atrações do parque estarão em funcionamento. A área infantil é preservada: nada de cenários ou personagens por lá.
Erro em pesquisa vira ameaça
Cientistas testam em cobaias uma vacina que blindaria o sistema imunológico humano contra qualquer doença. Algo dá errado e ratinhos fofos tornam-se agressivos. O governo manda interromper as pesquisas. Alguns cientistas, no entanto, continuam clandestinamente os testes, desta vez com humanos. Está criado o enredo para muito suspense na Hora do Horror do Hopi Hari.
O vírus mortal, contagioso e que leva a mutações genéticas, escapa ao controle, transformando os contaminados em verdadeiros monstros. E o objetivo deles é um só: contaminar a todos que se aproximam. Ou seja: eles não vão deixar nenhum visitante em paz.
São três túneis, cada um representando uma parte da história. Tudo começa no Laboratório, um verdadeiro covil de infectados. É preciso desviar dos casulos, onde as criaturas estão encubadas, sob frio intenso. De lá, segue-se para o calor do crematório de evidências e depois para a sala de cobaias.
A segunda atração é o Expresso do Horror: um trem invadido por criaturas em estágio avançado de contaminação. Um túnel com holografia torna impossível a tarefa de andar em linha reta. De lá, siga para o Refúgio do Medo. Era para ser um local seguro, onde os civis deveriam ser protegidos. Mas um soldado infectado mudou tudo: agora é o local mais perigoso e vulnerável. Preste atenção no chão, que parece afundar ou tremer sob seus pés.
Os cenários são de um realismo impressionante. Maquiagens, próteses em 3D e efeitos especiais são usados para convencer o visitante de que aquilo é real. “O tema Epidemia é contemporâneo e alinhado com as tendência do entretenimento mundial”, afirma Cristina Tuna, gerente de Marketing do Hopi Hari. “Um vírus letal é um dos maiores medos da humanidade hoje”, completa Marcos Zambelli, que assina toda a criação do evento.
Os amigos Rafael Pereira da Silva e Jaqueline Farias, ambos estudantes de 16 anos de Jundiaí (SP), saíram das atrações entusiasmados. “Venho desde 2006 e essa foi a melhor Hora do Horror de todas. Os atores estão interagindo mais, souberam incorporar bem os personagens”, disse ele. “É muito assustador”, completa ela.
A Hora do Horror conta também com balada eletrônica e a Direversi – quando a Montezum, quinta maior montanha-russa de madeira do mundo, faz seu percurso de ré.
Tesouro de piratas é protegido por monstros
Quem se atreve a cruzar a ponte pênsil que leva à Ilha das Trevas, no Beto Carrero, deve estar preparado. Por centenas de anos, piratas esconderam seus mais preciosos tesouros ali e aprisionaram terríveis criaturas para protegê-los. Corpos boiam na água sob a ponte. Um barqueiro observa os visitantes e criaturas horripilantes ordenam: “Saiam daqui!”.
O parque conseguiu transformar uma área normalmente sem graça – a Ilha dos Piratas – em uma ótima atração. Efeitos de luz, sons, fumaça e cem atores muito bem caracterizados em cenários caprichados garantem o clima sinistro. E, quando e de onde menos se espera pode surgir um zumbi, um pirata ou uma sereia desfigurada para pregar um grande susto. “Os visitantes entram ali com medo e sem saber direito o que vão encontrar. A reação curiosa e surpreendente do público é o que tem de mais instigante em atuar neste evento”, diz a atriz Vivilie Teures, que personifica uma criatura presa em uma teia de aranhas gigantes, dentro do Labirinto.
A Ilha conta com o Barco Pirata, a Madame Sinistra – uma feiticeira que mora em um farol abandonado repleto de insetos gigantes – e uma caixa da qual monstros furiosos tentam fugir a todo custo. Mas o grande barato é mesmo o Labirinto. São três cenários distintos: floresta maldita, ilha dos canibais e caverna. Todas habitadas por seres amedrontadores, dispostos a proteger o tesouro a qualquer custo. De quem? De você, é claro.
“É fantástico. As fantasias são muito bem-feitas, tudo muito realista”, disse o administrador carioca Fernando Romeiro, 50 anos, após visitar a Ilha com os filhos Juan, 10, e Rafael, 8.
Dica para quem vai: ao entrar na Ilha das Trevas, logo após a ponte se forma uma grande fila. Vá ver as outras atrações primeiro e só depois entre na fila, que é para o Labirinto, cujo final é na saída da ilha.
A jornalista viajou a convite dos parques Beto Carrero e Hopi Hari
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