Turismo

Tradição gaúcho-europeia

Gabriel Azevedo
18/10/2012 03:04
A 120 km de Porto Alegre, no coração da Serra Gaúcha, a 830 metros de altitude, Gramado é um dos destinos mais visitados do Sul do país. O clima ameno no verão e as temperaturas negativas durante o inverno foram determinantes para a instalação das colônias alemã e italiana, que se estabeleceram na região há quase 60 anos e deixaram suas influências na rotina dos atuais 33 mil habitantes, na sua arquitetura e nos costumes locais.
Turistas precisam ficar atentos: os pedestres têm prioridade e os motoristas param nos cruzamentos e rotatórias, independentemente dos sinaleiros. O tratamento cortês ao visitante é outra característica marcante dos anfitriões, sem abrir mão das maneiras típicas gaúchas.
Quem recebe também quer impressionar pela boa mesa. Em Gramado, engordar é efeito colateral das férias: além da culinária típica dos colonos, há casas de carne de caça, cafés coloniais e churrascarias. A sequência de fondue é um exemplo da orgia alimentar possível por ali. Como sobremesa, chocolate de todos os formatos e apresentações, expostos nas vitrines das lojas especializadas.
Se a gula não for problema, o convite ao consumo pode ser outra tentação. As vitrines caprichadas exibem roupas de lã e couro, em pequenas e charmosas galerias. Vizinha da capital brasileira de sapatos, Caxias do Sul, Gramado tem outlets de marcas famosas.
A alta temporada é no inverno, quando as temperaturas negativas atraem turistas que buscam exatamente o que os colonos encontraram por ali: o clima europeu. Mas o calendário de eventos, com o Festival de Cinema, de Publicidade e o Natal Luz, garante bom movimento em todas as estações, com uma média de 2,5 milhões de turistas por ano.
Exclusividade no tour em Gramado
A igreja de São Pedro e o Parque Knorr – que fica repleto de hortênsias na primavera – no Centro, e o Lago Negro, no bairro Planalto, formam o roteiro básico para quem visita Gramado. A cidade também tem uma grande quantidade de museus, como o Mini Mundo (cheio réplicas de construções em escala única de 1:24), do Automóvel, da Moda e do Chocolate.
O Dreamland, com suas estátuas de cera, e o Gramadozoo também fazem parte das opções de turismo de massa, alvo de excursões que provam o cardápio calórico, aproveitam as ofertas em vestuário e calçados e admiram paisagens como o Vale do Quilombo, na Avenida das Hortênsias, que liga Gramado à vizinha Canela.
Mas a cidade tem um lado mais exclusivo e caro, bem familiar a artistas, produtores e diretores que visitam a cidade todo o mês de agosto, durante o Festival de Cinema. Carros esportivos, alta gastronomia, vinhos, chocolates, hospedagem de luxo e até residências de alto padrão podem fazer parte da experiência de conhecer um dos destinos mais visitados do Sul do país.
Uma das agências especializadas no turismo de luxo local é a Gramado Experience, idealizada por Domi Muller. O serviço seleciona os passeios e produtos turísticos de alto padrão e oferece exclusividades, como pilotar por 15 km uma Ferrari F430 Spider, por R$ 890. Um concierge pode cuidar da agenda do visitante e tratar das reservas no hotel Saint Andrews, o mais luxuoso da cidade, com diárias entre R$ 1,5 mil a R$ 6 mil.
Outra experiência possível é a oportunidade de morar na cidade em uma residência de alto padrão, por meio da hospedagem fractional. Dois imóveis da Gramado Experiencie são comercializados no sistema de fração: a Tuscan e a Allegro Escape.
A primeira está localizada no condomínio Reserva da Serra. É uma casa de alvenaria com 350 m². A mansão tem duas suítes com closet, dois quartos, duas salas com lareira, lavabo, sala de jantar, bar, churrasqueira, varanda, cozinha, lounge e calefação. A Allegro, no condomínio Serra Gaucha, tem duas suítes, três quartos e 440 m². Um corredor de vidro conecta a casa a um jardim de inverno, onde estão a piscina térmica e um espaço gourmet. A casa também possui uma quadra de paddle, com 260 m², que pode ser usado como salão de festas.
Na hospedagem por fração, o visitante adquire o imóvel em sociedade com outros parceiros, e tem direito ao uso durante determinadas semanas no ano, de acordo com a modalidade escolhida. Durante a permanência na casa, o hóspede tem direito a serviços de governança, cozinha, limpeza e lavanderia, troca de enxoval de cama e banho duas vezes na semana; amenities, tevê por assinatura, wireless e serviço de concierge, que pode ser acionado em qualquer ocasião.
Na Gramado Experience, cada casa é dividida em 12 frações, que dá direito a quatro semanas de uso por ano, podendo reunir quantas pessoas quiser na casa. As cotas são classificadas de acordo com a temporada do ano em que dão direito à ocupação e custam entre R$ 260 mil a R$ 390 mil, na Tuscan; e entre R$ 339 mil a R$ 490 mil, na Allegro.
Utensílios resgatam estilo de vida dos pampas
Um resgate antropológico do gaúcho. É assim que o guia – trajando botas, bombacha, lenço, colete, camisa, chapéu e facão – resume o Parque Gaúcho, museu que conta a história da formação de um povo que vai muito além dos limites geográficos do Rio Grande do Sul.
Inaugurado em 2011, em Gramado, o parque é uma chance de reviver o cotidiano dos primeiros habitantes dos pampas, que nada tem a ver com aquela figura imaginária, da Revolução Farroupilha, descendente de italianos e alemães. Na realidade, o gaúcho é resultado da miscigenação das raças que povoaram o Sul do continente – índios e espanhóis – e das características geográficas dos pampas.
Com cerca de mil peças, uma parte original e a outra recriada com base em relatos e registros, todos os ciclos econômicos da região estão expostos ali, desde os primórdios do consumo da erva-mate pelos índios até o período das charqueadas no início do século 20. Para exemplificar, maquetes ilustram o cotidiano de diferentes épocas.
O museu também expõe técnicas e antigos utensílios utilizados pelo gaúcho, como o sistema de estaqueamento feito com ossos para secagem do couro, o beneficiamento da lã, a produção do charque e o carijo ( secagem) da erva-mate. Há um carro de boi em tamanho real – que funciona – e a réplica de uma igreja, com direito ao confessionário e outros detalhes.
Outro ponto alto do museu são os guias, que contam a história como se estivessem lendo O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, obra que registra a formação do Rio Grande do Sul, em voz alta.
Na hora da fome, vale experimentar o restaurante temático que, ao invés de oferecer o tradicional o churrasco, serve outros pratos típicos como o charque e o arroz de china (puta) pobre, feito com linguiça e frango. O parque conta ainda com arena de shows e domas, exposição de animais crioulos, galpão mirim, horta orgânica, herbário, espaço para mostra de arte gauchesca, mangueira para apresentações da lida campeira e local para exibições artísticas.
O jornalista viajou a convite da CVC
Serviço:
• Mini Mundo. Rua Horácio Cardoso, 291. Diariamente, das 10 às 17 horas. Informações no fone (54) 3286-4055.
• Parque Knorr. Rua Bela Vista, 353. Informações pelo fone (54) 3286-7332.
• Dreamland. Av. das Hortênsias, 5507. De domingo a sexta-feira, das 8 às 18 horas. Sábado, das 8 às 19h30. Informações pelo fone (54) 3286-5100
• Lago Negro. Rua A. J. Renner, s/n°, bairro Planalto. Aberto 24h e com pedalinhos das 8:30h às 19 horas. Informações nos fones (54) 3286-1475 e (54) 3286-0220.
• Gramado Experience. Informações no site www.gramadoexperience.com
• Parque Gaúcho. Rodovia RS-115, Km 35, Várzea Grande, Gramado. Aberto todos os dias das 10 às 17 horas, inclusive domingos e feriados. Ingressos de R$ 10 a R$ 40. Estacionamento R$ 8. Informações pelo telefone (54) 3421 0800.