Turismo

Vales de muita luz e clima seco abrigam os vinhedos mais altos do mundo

Marisa Valério
16/07/2009 03:04
A família Mounier, como a maioria de seus vizinhos, ainda rotula manualmente todas as garrafas e fala com orgulho do trabalho quase artesanal para transformar as variedades de tintos (malbec, cabernet sauvignon e tannat) e de brancos (torrontés, típica da região, chardonnay e pinot noir) em vinhos que vende aos visitantes do ano todo e, especialmente, aos que se inscrevem para participar da festa da vindima, no mês de março. Uma pe­­quena parte, cerca de 10%, é exportada para o Brasil.
Em todo o vale, as bodegas ex­­portam 1,2 milhão de garrafas de vinhos Premium para 30 países. A participação dos vinhos saltenhos na produção argentina é de apenas 1%, mas sua presença nas exportações sobe para 15% do volume nacional.
O governo e os produtores saltenhos estão interessados em au­­­men­­tar sua presença na balança co­­­­­mercial. E os consum idores pa­­­ranaenses de vinho são público pre­­ferencial. Em maio, os governos de Salta e do Paraná aproveitaram a realização do Salão do Vinho para promover uma rodada de ne­­­gócios entre empresários e líderes classistas das duas regiões. Além dos vi­­nhos, Salta quer vender grãos para os paranaenses e comprar máquinas e equipamentos.
Os vinhedos dos Calchaquíes são os mais altos do mundo. Estão plantados em terrenos que ficam no mínimo a 1.750 metros acima do nível do mar, como em Cafayate. E chegam a 3.015 metros em Molinos e Payogasta. Os primeiros vinhedos foram plantados há mais de 400 anos e hoje ocupam 1.800 hectares. A combinação de altitude, clima, solo, água de degelo e amplitude térmica favorece a maturação e a concentração de aromas.
Com o desenvolvimento familiar da atividade, as várias bodegas produtoras de vinho deram origem à Rota do Vinho, que combina vinícolas, restaurantes, pousadas e hotéis. Alguns começam a trabalhar com a vinoterapia de aplicações cosméticas.