Seis rotas de peregrinação para fazer pelo mundo independente da religião
Carolina Werneck
09/11/2017 19:00
Peregrinas percorrem trecho do Caminho de Santiago, na Espanha. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Sair para ver o mundo usando como meio de transporte nada além dos próprios pés é uma prática que vem se popularizando, mas é mais antiga do que muita gente imagina. Tanto que um estudo divulgado e pela Universidade de Tübingen, na Alemanha, defende que a primeira grande viagem humana se deu há 130 mil anos. Os primeiros homo sapiens saíram, a pé, da África, em direção ao que hoje é a Oceania.
Desde então viajar tornou-se muito mais rápido e menos cansativo, mas há quem ainda prefira o método antigo: a caminhada. Prova disso são as rotas de peregrinação religiosa. Espalhadas pelo mundo, elas sobrevivem ao tempo e continuam conduzindo viajantes incólumes a destinos físicos e emocionais, um passo após o outro.
O Caminho de Santiago
Um dos mais famosos, o Caminho de Santiago tem, na verdade, muitos caminhos. Todos conduzem à cidade de Santiago de Compostela, na Espanha, onde reza a lenda que estão enterrados os restos mortais de São Tiago Apóstolo, um dos seguidores de Jesus. Há quase dois mil anos, portanto, peregrinos saem de diversos pontos da Europa rumo à Catedral de Santiago. Quem comprova ter feito pelo menos 100 km a pé ou a cavalo ou 200 km de bicicleta recebe a chamada Compostela, documento que comprova a realização da peregrinação. O caminho completo pode levar mais de um mês para ser feito.
Vista frontal da Catedral de Santiago de Compostela. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Peregrinação a Meca
Todo muçulmano com condições financeiras e físicas deve fazer a peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida, de acordo com as leis do Islã. Localizada na Arábia Saudita, Meca é a considerada a cidade sagrada da religião islâmica. A peregrinação deve ser realizada sempre entre os dias oito e 13 do último mês islâmico, chamado de Dhu al-Hijja. Carregada de tradições, essa é uma “viagem” bem mais curta que o Caminho de Santiago, por exemplo, e se concentra entre as cidades de Meca, Mina e Muzdalifah, além do Monte Arafat.
Peregrinos reunidos na mesquita Al Haram Sharif, em Meca. Foto: Ali Haider
Monte Kailash
Em pleno Tibete, uma região autônoma da China, uma rota de peregrinação a pé leva os fiéis até o Monte Kailash. De acordo com a tradição, quem faz o percurso de 52 km em um dia terá boa sorte. Verdade ou não, a oportunidade de andar pelo Tibete é, por si só, uma grande sorte. A região é uma das mais espiritualizadas do mundo, abrigando muitos mosteiros e templos budistas. Para entrar, no entanto, é preciso ter uma autorização especial do governo chinês. Também é obrigatório contratar os serviços de uma agência de viagem.
Via Francigena
Junto ao Caminho de Santiago e ao caminho que levava até o Santo Sepulcro, em Israel, a Via Francigena foi uma das três principais rotas de peregrinação na época da Idade Média. Ela tinha origem na Catedral de Canterbury, na Inglaterra, e ia até Roma, coração da igreja católica. Assim como no caso de Santiago, há atualmente muitas rotas possíveis para percorrer a Via Francigena. O caminho original tinha cerca de dois mil quilômetros, mas hoje é possível fazer caminhos bem mais curtos.
Roma é o destino final da Via Francigena, rota popular na Idade Média. Foto: Paul Hanna
Trilha Inca em Machu Picchu
Quem tem vontade de conhecer a antiga cidade inca de Machu Picchu, no Peru, pode optar por ir até lá pela “trilha inca“. São quatro dias de caminhada a partir de Piscacucho em direção a Aguas Calientes, que é o vilarejo mais próximo da cidade perdida dos incas. No caminho, ruínas da civilização pré-colombiana e muitas paisagens dignas de filme. Há quem diga que Machu Picchu é um lugar sagrado, mas, mesmo para aqueles que buscam apenas aventura, a experiência vale o esforço.
A América do Sul também tem uma rota de peregrinação a pé. É a trilha inca, que vai até a cidade perdida de Machu Picchu. Foto: Mariana Bazo
Caminho de São Tomás
De Roma a Ortona, também na Itália, outro caminho leva ao que seriam os espólios de São Tomé Apóstolo. São 316 km cruzando o país de uma costa à outra. Além das motivações religiosas, os peregrinos podem usar como desculpa para percorrer a rota as incríveis paisagens italianas e até mesmo uma fonte de vinho gratuita que funciona 24 horas por dia em uma vinícola na cidade de Caldari di Ortona.