Seis dicas para dar limites e não perder a autoridade com os filhos
Danielle Blaskievicz, especial para a Gazeta do Povo
07/08/2018 17:00
O limite é um pedido implícito da criança: a falta dele pode causar problemas na vida adulta. Foto: Bigstock.
Novos modelos de famílias, pais que trabalham demais e delegam a educação dos filhos para outras pessoas, pais que acreditam ser papel da escola educar, familiares e pessoas próximas que se acham no direito de opinar e interferir na educação infantil e ainda diversos tipos de mídia ditando regras e tendências. Exemplos não faltam. São tantas interferências externas que a autoridade dos pais sobre os filhos acaba sendo colocada em xeque diariamente.
Entretanto, especialistas que trabalham com crianças e adolescentes são enfáticos ao destacar a necessidade de que os responsáveis pela educação dos pequenos não percam o controle da situação e não tenham medo de colocar regras para o desenvolvimento saudável dos pequenos.
Limites necessários
Independentemente do modelo familiar – se é uma família tradicional, monoparental, homoafetiva, – a autoridade parental é necessária para a formação da personalidade, construção do caráter e a transmissão de valores para as crianças. “É papel do pai ou da mãe inserir a criança na sociedade, dar as coordenadas, apresentar quais são as regras e as normas de conduta da vida em comunidade”, destaca a psicanalista Bárbara Znizek Ferraz de Campos, que trabalha com crianças e adolescentes.
Na ausência do pai, da mãe ou de ambos, esse papel geralmente é responsabilidade do tutor da criança. Bárbara explica que, ao negligenciar esse papel, os adultos não estão fornecendo as ferramentas básicas necessárias para que essa criança possa conviver em sociedade. Para a psicóloga clínica Laurema Suckow de Castro, colocar regras e limites não é só uma questão necessária como um “pedido implícito” da criança, que pode desenvolver alguns sintomas psicossomáticos para chamar a atenção de que há algo errado na estrutura familiar.
São os casos de crianças com excesso de agressividade ou que apresentam sintomas físicos como dores de estômago ou de cabeça, alergias, entre outros fatores. Laurema alerta que, além das influências externas, outro problema grave hoje em dia é a crise da autoridade parental, quando os pais delegam as funções materna e paterna para terceiros e, consequentemente, não conseguem estabelecer os limites para os filhos. “As próprias crianças percebem essas brechas e acabam questionando essa autoridade”, analisa.
Autoridade x autoritarismo
A psicanalista Juliane Kravetz salienta a importância de se conceituar o que é autoridade e o que é autoritarismo para que as coisas dentro de casa não sejam confundidas. “São significados diferentes: autoridade é dar liberdade, com limites. Autoritarismo é opressão, não dar oportunidade de escolha”, compara.
Juliane comenta que muitos pais têm receio de impor limites aos filhos com medo de que isso venha a prejudicá-los, sufocar a personalidade ou a criatividade ou ainda criar traumas futuros. “É aí que é necessário saber ser autoridade e não autoritário. Caso contrário, os efeitos por causa da falta de limites podem ser devastadores. Quando adulto, ele não vai saber até onde pode ir e não conseguirá assumir a própria vida”, enfatiza.
Respeito é bom e todos gostam
Confira seis ações eficientes para impor autoridade com liberdade aos filhos:
• Pai e mãe não precisam concordar em tudo. Porém, um não deve desautorizar o outro diante dos filhos. • Crianças seguem exemplos. De nada adianta ditar normas para a criança e agir de forma contrária. • Educar e transmitir valores é papel dos pais, dos responsáveis pela criança. À escola, cabe ensinar, transmitir conhecimento, auxiliar na construção da cidadania e estimular a experiência científica e a participação social. • Depois da família, a escola e os professores também desempenham papeis de autoridade na vida das crianças. Na relação professor-aluno, a figura da autoridade é fundamental para o desenvolvimento saudável da criança. Pais que encaram a relação com a escola de forma comercial, como clientes que devem ter seus desejos satisfeitos, tiram a autoridade da instituição e o pior, prejudicam a formação de seus filhos. (Ex: “Meu filho tem que passar de ano! Eu pago a escola!). • Avós, tios ou outros familiares que auxiliam no cuidado diário das crianças devem procurar respeitar as regras familiares. Contradizer a orientação dos pais, além do risco de gerar conflitos internos na família, pode causar insegurança para as crianças. (Ex: Na casa da minha avó eu posso comer bala antes do almoço, então eu quero!”). • Babás e outros funcionários domésticos deveriam apenas dar suporte à família para atender as crianças. A educação e a transmissão de valores continua sendo papel dos pais. E isso inclui reservar um espaço para realizar atividades com a criança, passear, brincar, ações que contribuem na formação do vínculo familiar e no desenvolvimento infantil.