Comportamento

Atitude rock-n’-roll

Rafaella Coury, especial para a Gazeta do Povo
13/07/2014 03:04
Há exatos 29 anos, em 13 de julho de 1985, Londres, na Inglaterra, e Filadélfia, nos Estados Unidos, foram, simultaneamente, palco do que seria considerado o maior show de rock da história, o Live Aid. Com o objetivo de acabar com a fome na Etiópia, nomes como Led Zeppelin, Queen, David Bowie, BB King, Scorpions, U2, Paul McCartney e Black Sabbath, entre outros, uniram o mundo em torno da música, o que inspirou a adoção da data como o Dia Mundial do Rock.
Quase três décadas depois, o estilo musical evoluiu, foi inspiração para a criação de outros ritmos e bandas e influenciou a vida de muitos. Em Curitiba, a banda Os Penitentes é um exemplo. Formada em 2005, com o produtor Marcus “Coelho” Gusso, 42 anos, no baixo, Juliano Cocktail, 32, na bateria, André Tobler, 39, na percussão, Alexandre Gonçalves, 31, nos teclados e ruídos, e Klaus Koti, 34, na guitarra, tem dois CDs lançados e um terceiro pronto. A influência principal dos integrantes é o rock, mas eles misturam outros ritmos e criam seu próprio estilo. “Em cada disco experimentamos atmosferas diferentes, com uma nova camada de influências”, explica Koti. Para a banda e muitos amantes do gênero, o rock-n’-roll hoje em dia é isso: um som leva ao outro, os ritmos se misturam e novas variações vão surgindo.
Curitiba é uma cidade de destaque no cenário musical brasileiro. Koti afirma que “viver aqui teve grande influência na nossa música, principalmente nos anos 2000, quando tocávamos muito no Lino’s Bar, um reduto do nascimento de várias bandas emblemáticas da cidade”: “A cena musical da época tinha grande influência do rock-n’-roll e suas vertentes, como o psychobilly, o rockabilly, a surf music dos anos 60 e o garage rock”, descreve.
O casal Leonardo Stawski, 26 anos, e Andressa da Silveira, 25, concorda que o rock curitibano teve seus anos dourados. Apaixonados pelo estilo desde crianças, namoram há quatro anos, e até comemoram o Dia dos Namorados em 13 de julho. Eles afirmam que a cidade já teve um cenário musical melhor que o atual, pois hoje não há muito espaço para bandas autorais, e a frequência de covers é maior. “Faz parte do rock querer conhecer novidades, sempre procurar mais, então a oferta deveria acompanhar isso”, enfatiza Leonardo. Para conhecer novos sons, o casal dá preferência a bares, principalmente os que variam a programação: “um bom bar de rock é o que tem cerveja boa e uma banda que se encaixe na proposta, com uma pegada mais clássica”, resume Andressa.
Na opinião do casal, um bar que cumpre esses requisitos é o Barbarium, no Rebouças. Aberto em novembro de 2012, ele vai se firmando no segmento, com boa música, boa comida e uma farta oferta de cervejas artesanais. O dono, Diego Pestana, de 27 anos, conta que a ideia surgiu quando estava em um bar do gênero e resolveu abrir o próprio negócio. Depois de melhorias tanto no cardápio quanto na estrutura, o Barbarium, na sua opinião, é um verdadeiro bar de rock, pois os donos também são apaixonados pelo estilo. Assim, ali vai tocar o que eles gostam. “E quanto mais velho, melhor. Rock clássico, de verdade”, avisa.
Não é só a música que caracteriza o rock, mesmo em um bar. No caso do Barbarium, como explica o gerente João Miranda, de 27 anos, o rock está na decoração, no ambiente de pub, nas bebidas servidas, nos preços, e até nas porções, “que são ‘ogras’, muito bem servidas, como um bom roqueiro gosta”. Outro diferencial é ser um bom bar cervejeiro, com 22 opções de chopes artesanais, preferencialmente locais, além de música ao vivo. Em um palco inaugurado pelos Raimundos em maio deste ano, bandas variadas se apresentam de quarta a sábado, com covers de importantes nomes do estilo. “Temos algumas parcerias com bandas, que tocam pelo menos uma vez por mês, mas sempre gostamos de apresentar novos nomes, dar mais visibilidade aos músicos”, explica Diego.
Muito além da música
Mas gostar de rock não significa apenas ouvir música, frequentar bares e tocar em bandas. O vendedor Aitel Benzberg, de 42 anos, leva o estilo na maneira de se vestir, no que lê e até em como decora sua casa. Para ele, as referências que ajudaram a moldar seu gosto musical foram, de certa forma, repassadas para sua identidade visual. A escolha das roupas, portanto, passa a ser inconsciente: “A coisa fica um pouco ‘automática’ quando você passa muito tempo bebendo dessa fonte, seja na música, nos livros ou nos filmes. Eu e a Raphaela [Haack, esposa] estamos nessa estrada desde os tempos em que usar uma camiseta de banda errada no lugar errado era sinônimo de risco de morte”, lembra Aitel.