Comportamento

Os curitibanos que ganharam o mundo

Bruna Covacci
28/03/2015 15:00
O comendador e bom piá
O músico e ator curitibano Alexandre Nero, 45 anos, que interpretou o comendador José Alfredo em Império, credita a maior parte de sua formação a pessoas que vivem na capital. “Não digo 100% porque parte da minha vida foi fora da cidade. Estudei em Minas Gerais e passei por muitos perrengues em São Paulo. Mas na parte artística, tudo o que eu sei e sou devo a Curitiba”, diz.  Aos 18 anos, cansado da capital paulista, veio para cá para recomeçar. Nunca tinha trabalhado com arte, mas viu-se sem emprego e precisava se sustentar. O que ele sabia fazer? Tocar violão e cantar “mal e porcamente”, nas palavras dele. Envolveu-se com o teatro, foi integrante do Grupo Fato, esteve à frente da banda Maquinaíma e foi vocalista da Denorex 80. Com nostalgia, afirma sentir saudade daqui o tempo todo. “Você acredita que eu até sinto o cheiro da cidade? Sinto falta do clima, dos meus amigos e da cultura distante do universo televisivo”, confessa. Um sonho é se tornar como o também curitibano Luís Melo. “Eu quero poder voltar para Curitiba e ser um ator que pode deitar no sofá que as pessoas vão atrás de mim em qualquer lugar”, diz.
O urbanista 
O arquiteto e urbanista Jaime Lerner, 77 anos, revela que ser nascido na capital contribuiu muito para a sua formação profissional, que o transformou em referência internacional em urbanismo. “Cresci numa das ruas mais importantes, a Barão do Rio Branco. Na época o local concentrava todas as coisas, tinha estação de trem, era próxima da Assembleia (hoje Câmara Municipal de Curitiba), reunia fábricas, hotéis, restaurantes, jornais, estação de rádio e até um circo”, recorda. Segundo ele, a experiência permitiu dar importância para uma rua como síntese de uma cidade, que, por sua vez, é a síntese da sociedade. “Tenho certeza de que todos tiveram ruas importantes nas suas vidas e se tem algo que transformou a minha foi meu cotidiano na Barão”, comenta.
A top model
Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Aos 31 anos, Isabeli Fontana é uma das modelos mais requisitadas do planeta: estampa capas das mais importantes revistas de moda de todos os cantos, estrela campanhas das principais grifes internacionais e abre desfiles de fashion weeks por todo o mundo. Mas ela não esquece sua origem curitibana. “Minha maior característica, a franqueza, vem daqui. Falamos o que pensamos sem fazer rodeios”, diz. Crescida no bairro Portão, adora lembrar-se da infância  e se diz cheia de “curitibanices”. “É o lugar mais limpo que vi de todo o país”, conta. Todas as vezes que vem à cidade faz questão de ir à uma pastelaria ao centro, a Ton Jão, que segundo ela tem o mesmo serviço desde o tempo que era criança. “E o melhor pastel do mundo!”, garante.
O craque
Brunno Covello / Gazeta do Povo
Brunno Covello / Gazeta do Povo
Quando resolveu aposentar as chuteiras, o ídolo do Coritiba Alex (Alexsandro de Souza), 37 anos, só tinha duas certezas: seria no time do coração e na cidade natal. “Acho que o que Curitiba tem de mais importante é o seu povo. Na primeira impressão muita gente não gosta dos curitibanos, mas basta conhecê-los bem para amá-los”, observa. Ele avalia que sua imagem de um atleta diferenciado, com respostas aprofundadas, inteligentes e até provocativas em entrevistas, se deve a sua formação na cidade.  Para ele, o alto nível de exigência das pessoas da cidade o ajudou muito.