Comportamento

Imigrantes poloneses comemoram a Páscoa em Curitiba

Carolina Werneck
31/03/2018 15:50
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Crianças do grupo folclórico polonês Wiosna, de Campo Largo. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Todos os anos, no Sábado de Aleluia, o naturalmente fotogênico Bosque do Papa, em Curitiba, fica ainda mais colorido. É a Swieconka, a Páscoa celebrada pelas famílias de imigrantes poloneses. Passado de geração em geração, o costume de abençoar os alimentos se mantém vivo entre as famílias de descendentes que moram por aqui.
Nascida na Polônia, Danuta Lisicki de Abreu cuida do Bosque do Papa há 38 anos. É ela a responsável por organizar a festa, que começa com um almoço típico e só termina no fim da tarde, com a bênção. “Em 1983 eu fiz, lá em Castel Gandolfo, um juramento de que eu ia cuidar do Bosque do Papa até o fim dos meus dias”, conta ela. Castel Gandolfo é uma comuna italiana conhecida por sediar a residência de verão do Papa. “A Swieconka é uma tradição milenar na Polônia e os descendentes até hoje mantêm. Nós somos 39 milhões vivendo fora da Polônia, então é muito importante que os jovens também conheçam as tradições.”
Fazem parte da cesta de alimentos o pão, a linguiça defumada, carnes assadas, ovos, babkas – um tipo de pão doce -, crem – tipo de raiz forte – e um cordeirinho de manteiga. Este último simboliza o “Cordeiro de Deus”, Jesus Cristo, que, segundo a tradição cristã, foi crucificado na Sexta-feira Santa e ressuscitou no Domingo de Páscoa.
Uma programação especial foi preparada para receber o público durante todo este sábado (31), no Bosque do Papa. Apresentações culturais e comidas típicas estão entre as atrações.
Banda Lyra se apresenta no Bosque do Papa. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Banda Lyra se apresenta no Bosque do Papa. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

De geração em geração

Para Ana Turek, manter a cultura polonesa viva é uma forma de sentir-se mais próxima da Polônia. “A gente sempre ouviu as histórias de como se fazia lá na Europa. As pessoas que acordavam cedo saíam pela rua cantando porque o dia da ressurreição era um dia feliz. Aqui eles não podiam fazer isso, porque as famílias ficavam longe uma da outra. Agora a gente tem no domingo uma procissão para cantar aquelas mesmas músicas”, explica.
Acompanhada das sobrinhas-netas Caroline e Giovana, ela vende as cestas prontinhas, com todos os alimentos tradicionais para a bênção. Com apenas 21 anos, Caroline diz que “a gente consegue ter uma experiência diferente do que a gente vive no dia a dia. Essa festa é importante porque a gente consegue trazer vários poloneses que querem que essa tradição continue”.
Os alimentos abençoados no Sábado de Aleluia são consumidos no Domingo de Páscoa. É quando as famílias se reúnem para celebrar a ressurreição de Jesus e comemorar um novo ciclo que se inicia. Depois da missa, o patriarca da família divide um ovo entre todos os presentes.
Da esquerda para a direita: Izabel, polonesa de coração, e as descendentes de poloneses Giovana, Ana e Caroline. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Da esquerda para a direita: Izabel, polonesa de coração, e as descendentes de poloneses Giovana, Ana e Caroline. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Na tradição polonesa, a Páscoa é um momento de renovação. Por isso, as paredes das casas são pintadas com cores claras. Os poloneses também capricham na decoração dos ambientes internos, não sem antes fazerem uma bela limpeza da casa.
Continuar difundindo essa cultura entre os mais jovens é um dos objetivos de vida de Danuta. “Queremos que a Polônia e o Brasil se orgulhem desses poloneses que estão aqui.”

Serviço

Swieconka – Páscoa polonesa
Onde: Memorial da Imigração Polonesa São João Paulo II (Bosque do Papa). Rua Mateus Leme, s/nº, Centro Cívico
Quando: Sábado, 31 de março
Apresentações folclóricas a partir das 14h; entrega da casa polonesa restaurada às 15h45; concerto do Coral João Paulo II às 16h45; bênção dos alimentos às 17h.
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