Lixo é o que vai para o aterro sanitário, o que não é reciclável. O que é reciclável não considero lixo. Atualmente, minha única produção de lixo é a do banheiro, que já decidi que vou colocar na composteira [minhocário ou vermicomposteira, com minhocas que comem o material orgânico e o transformam em húmus e fertilizante].
O que mais pega são as coisas essenciais para o ser humano: comer, tomar banho, ir ao banheiro. Comer, principalmente. Comecei a analisar minha vida e ver o que eu estava desperdiçando, fosse luz, água, roupa… olhei para minha cozinha e vi que jogava muita comida fora. Pensei: “não preciso ter toda essa comida na geladeira e no armário”. A segunda coisa foi ver o que era descartável e que eu poderia substituir por reutilizáveis. Fiz guardanapos de tecido, passei a levar comigo um pote de vidro pequeno com tampa, para usar como copo. Depois, ganhei um copo retrátil de alumínio. Passei a carregar hashis e talheres na bolsa. Também sempre ando com uma sacola de pano, para eventualmente passar no mercado e comprar alguma fruta.
É tipo levar a escova de dente, assim como preciso ter a escova comigo, preciso do guardanapo, do copinho. Na minha rotina não preciso ter muito além disso. Se vou para um bar depois do trabalho, preciso ter a certeza de que meu copo está comigo. É um hábito, mesmo.
É meio engraçado, porque não mudei muito, eu tinha uma rotina que facilitou. Nunca comprei lasanha congelada, pizza congelada, então não tive que parar de comprar coisas em potes e caixas. Também não como muito fora. O que estou mudando agora é que arroz, farinha e feijão estou me esforçando para ir comprar a granel. Tem que ter planejamento, passar em casa antes para pegar os potinhos. Delivery também parei de pedir. No único lugar que eu pedia, vinha fita adesiva, um monte de guardanapo, sanduíche no saco plástico, sachês de catchup. Daí não peço mais, mas não tem sido um sofrimento.
Parei de comprar tudo que não era reciclável ou que eu não sabia se era reciclável. Tem algumas coisas que não dá para fugir, como pilhas, baterias e lâmpadas, mas levo no lugar certo de coleta para isso, depois. Mas de embalagens mesmo parei de comprar isopor e tetrapak, que, apesar de recicláveis, não tenho certeza se aqui em Santa Catarina acontece a reciclagem. Prefiro evitar porque é um lixo que acho problemático produzir. Produtos de limpeza parei de comprar quase tudo. Com vinagre de álcool, bicarbonato de sódio e óleo de coco dá para limpar tudo numa casa.
Sim, passei a usar um coletor menstrual [copinho de silicone que é introduzido no canal vaginal e coleta o sangue, e é reutilizável]. Canudinhos já não usava muito antes, minha luta agora é para comprar um canudinho de metal. Lenços umedecidos parei de usar, também.
Na primeira TPM [Tensão Pré-Menstrual], pensei: “ai, que saco, por que eu fui fazer um blog, agora vou ter que ficar atualizando”, mas foi um breve momento, logo depois começaram a surgir várias pessoas animadas a reduzir o lixo também, falando que era legal, super inspirador. Estou me sentindo com a missão cumprida. Há várias pessoas que vivem em busca do zero waste [zero lixo]. Principalmente na França, Alemanha, Austrália e Estados Unidos. A luta do zero waste também é usar menos derivados de petróleo, é parar de gastar todo esse petróleo com coisas que vão ser jogadas fora. O pequeno gesto de cada um faz a diferença, podemos reduzir o impacto ambiental e exigir que as empresas reduzam também, no começo, no meio e no fim da produção.