A literatura contemporânea chama de autoconhecimento o processo de se conhecer. A necessidade das pessoas saberem sobre si e sobre suas histórias pertence ao ser humano desde Sócrates (filósofo grego – 470 – 399 a.C.). Quando em uma de suas famosas frases ele diz: “conhece-te a ti mesmo”, traz a tona à sociedade da época que o filósofo, ao estudar sobre o ser humano, precisava também se conhecer.
O autoconhecimento é aquele saber que a pessoa desenvolve a seu próprio respeito. Refere-se às histórias que o indivíduo constrói sobre sua vida, nas quais se delineiam o que ele é, como ele é e como se relaciona.
Na vida, as pessoas desempenham papéis: o de profissional, o de mãe ou pai, esposa ou esposo, filho ou filha, amigo, irmão, dentre tantos outros. Ao desempenhar esses papéis, elas usam máscaras. Estas servem para que as pessoas se adaptem e sejam aceitas pelo meio.
Não há problemas em usar máscaras, elas são necessárias. O problema ocorre quando a pessoa se relaciona usando sempre só uma delas.
O outro problema é quando a pessoa troca os papéis, ou seja, está em um lugar, mas se comporta com atitudes que seriam mais coerentes para outros lugares.
Muitas vezes as pessoas usam máscaras diferentes daquilo que elas são. Isto pode ocorrer por diversos motivos: por necessidade de ser aceita ou por precisar contar uma história diferente do seu real jeito de ser.
Quando a pessoa vive com pouca flexibilidade entre os papéis que desempenha ou quando troca os papéis ou quando demonstra ser o aquilo que não é, podem ocorrer dificuldades emocionais, comportamentais ou de adaptação.
O autoconhecimento que se refere à capacidade de o sujeito olhar para como ele se relaciona, diz respeito ao saber que possibilita ao sujeito perceber a forma como está se colocando no meio que o cerca. Os feedbacks que recebemos podem nos ajudar a construir uma imagem de como somos percebidos pelo meio e o grau de adequação do nosso jeito a cada situação.
A segunda forma de autoconhecimento se refere a como a pessoa é. Esta maneira de se ver, diz respeito às características físicas. A pessoa nasce com uma biologia, em parte genética, mas há outras, moldadas pelas histórias vividas. Reflexões que envolvem conhecer as características físicas ajudam a pessoa a aceitar aquilo que a genética lhe impõe e a perceber aquilo que ela pode ou quer transformar em si mesma.
Há ainda uma terceira forma de autoconhecimento que diz respeito ao que a pessoa é. Esta terceira parece ser a mais difícil de ser percebida. Costumo dizer que esse tipo de autoconhecimento é como se a pessoa olhasse em seus olhos num espelho: o que ela veria?
Esse tipo de se conhecer envolve perceber valores, missão de vida, histórias, dificuldades, talentos, escolhas, decisões, requer que a pessoa compreenda a sua unicidade e seu jeito particular de ser. Significa se olhar e se perceber como um ser único e inteiro. A Psicologia Analítica chama de processo de individuação, o qual possibilita que a pessoa se reconheça como um ser único para ser a melhor pessoa que poderia ser para si mesmo e para o meio em que vive.
Esta terceira forma envolve refletir sobre a verdadeira essência humana. E é um processo. As pessoas não nascem com sua identidade pronta, ela é construída ao longo da vida. Muitas vezes, as pessoas se imaginam com alguma deficiência naquilo que pensam não serem muito adequadas e vão construindo saberes paralelos a seu próprio respeito. Algumas pessoas constroem imagens negativas de si mesma e outras se supervalorizam.
O analista junguiano Gustavo Barcellos faz o seguinte comentário: “contamos histórias e somos as histórias que contamos. Mais que isso, somos a maneira como contamos nossa história”. O autoconhecimento está muito atrelado à percepção que a pessoa tem sobre a maneira como foi construindo sua identidade ao longo da vida e a forma como fala seu respeito.
Conhecer a si próprio é um processo, não termina nunca, pois a vida está em constante mudança e sempre coloca a pessoa diante de algo novo que vai requerer construir uma nova identidade para lidar com a situação. A psicologia pode ajudá-lo. Uma das formas é com a terapia.
Outra forma é o coaching, um processo conduzido por um profissional (coach) que, através de técnicas, possibilita à pessoa aprendizado sobre si mesmo, conscientização de suas potencialidades e elaboração de ações para o seu desenvolvimento. Os diversos ramos da ciência estão aí para ajudá-lo, mas só você pode decidir se quer ou não conhecer sua verdadeira essência.
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