Comportamento

Da tribo para a cidade

Com a colaboração de André Acorsi
08/07/2007 04:26
Já é comum encontrar jovens utilizando alargadores nas orelhas. Além dos lóbulos, essa tribo anda alargando umbigo, mamilos, queixo, nariz e até a língua. Isso mesmo, o corpo está virando um laboratório para os adeptos do alargamento. Segundo a piercer Maria Fernanda Meneses, que trabalha há cinco anos na área e atende no estúdio Edu Meca, este tipo de body art (arte no corpo) é bem comum na Europa e Estados Unidos e aos poucos vai se estabelecendo por aqui.
No Brasil, o que reina mesmo é o alargador nas orelhas, principalmente de um ano para cá. Mas o que leva alguém a não só sofrer uma perfuração, mas também fazer com que ela se alargue? A piercer tem a sua interpretação: “Isso vicia, depois de colocar, a pessoa quer sempre um maior”.
Um novo adepto da tendência é o cabeleireiro Roberto Pimentel, mais conhecido como Beto. Ele viu um alargador pela primeira vez há quatro anos, mas na época não se interessou. Mudou de idéia assim que passou a ver mais pessoas adotando o estilo e resolveu entrar para o time há dois meses. Pesou bastante para ele o fato de que os furos pequenos fecham naturalmente quando se cansa de usar a jóia. “Com a tatuagem, que dura a vida toda, é diferente”, compara Beto.
Quem também se empolgou com a idéia foi a sua mulher. Schaiana de Lima Pimentel resolveu colocar o alargador assim que o marido trocou o dele para um de medida maior. Perfurada de longa data, ela já teve piercings na orelha, umbigo e nariz, mas tinha medo dos alargadores. “Eu achava que poderia perder a feminilidade, mas convivendo com pessoas que usam, vi que não era assim.” Schaiana nunca sofreu preconceito por usar piercings, mas acha que as pessoas devem levar em conta a profissão antes de alargar as orelhas. “Eu me permito isso porque trabalho numa empresa familiar. Quem trabalha num banco, por exemplo, é diferente.”
A piercer Maria Fernanda, responsável pelos “furos” do casal, garante que não há dor no uso do acessório. O único desconforto é para furar a orelha da primeira vez em que se põe a jóia. O primeiro furo costuma ser de dois milímetros, mas pode começar até com seis milímetros para os mais apressados em ver o lóbulo crescer. O período de cicatrização dura um pouco mais de um mês e não requer medicamento cicatrizante. O alargador deve ser mexido somente durante o banho para lavagem com um sabonete bactericida. “Depois da cicatrização, não há nenhuma recomendação especial, é como um brinco comum.”
A piercer só alerta para os cuidados de higiene, pois o alargador pode criar odor desagradável dependendo do material de que é feito – o mais comum é o aço cirúrgico.
Maria Fernanda recomenda ainda esperar pelo menos dois meses para trocar a jóia por uma de medida maior. Elas costumam aumentar de dois em dois milímetros de diâmetro e podem chegar a tamanhos grandes como a espessura de uma lata de cerveja. Furos com até dez milímetros de diâmetro (metade de uma moeda de um real), fecham naturalmente. Acima disso é preciso fazer uma cirurgia plástica para voltar ao normal.
Serviço – Edu Meca, Tattoo e Body Piercing, fone (41) 3233-9392/ Tony Body Piercing, fone (41) 3324-8645 / Ronald Rippel da Clínica Magna Corpore (cirurgião plástico), fone (41) 3343-0909.