Você se considera uma pessoa legal? Daquele jeito, sabe, que age com educação e simpatia em diversas situações do cotidiano. Segurar a porta do elevador para um estranho ou mesmo indicar as direções para alguém que está perdido, por exemplo, fazem parte do “portfólio de camaradagem” das pessoas legais. Ou, pelo menos, essas são algumas das atitudes consideradas honrosas pelos participantes de um estudo conduzido pelo professor do departamento de psicologia de Goldsmiths, da Universidade de Londres, Jonathan Freeman, que avaliou quão “legais” as pessoas se percebem. Resultado: dos cem entrevistados, 98 acreditam fazer parte do grupo.
De acordo com o estudo, a palavra “legal” está intrinsecamente relacionada com características positivas como confiança, compaixão, empatia e inteligência emocional. Pessoas que se consideram legais tendem a praticar mais atos de ‘bondade’, ou seja, afirmaram durante a pesquisa que ajudam, com frequência, estranhos a carregar malas pesadas, a empurrar carros emperrados e a segurar portas para estranhos, por exemplo.
Para Ulisses Domingos Natal, coordenador-adjunto do curso de psicologia da PUCPR, essa percepção da autoimagem representa a forma como o indivíduo se sente a respeito das próprias potencialidades e atitudes. “A formação da autoimagem começa na infância e leva em conta a história de vida, os grupos sociais e os relacionamentos vividos pelo indivíduo. Isso está ligado à autoestima, que representa o quanto nós gostamos de nós mesmos”, afirma.
Você pode ser legal, ou nem tanto
Considerar-se uma pessoa agradável é bom, mas é preciso cautela. O modo como nos percebemos, afinal, pode ser totalmente diferente de como os outros nos veem, segundo o psicólogo. “A supervalorização da imagem pode acarretar diversos problemas para o indivíduo, considerado narcisista e, em alguns casos, prepotente. Quando se tem uma visão de si mesmo diferente da realidade, é difícil lidar com críticas externas”, explica Natal. Em outras palavras, quem se acha muito legal tem mais chances de se frustrar.
A chave para uma autopercepção real, de acordo com Cairu Vieira Corrêa, psicólogo clínico e professor do curso de psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná, é observar como as pessoas ao nosso redor nos percebem. “É preciso haver um equilíbrio entre aquilo que penso, sinto e expresso e o modo como transmito isso aos outros, pois às vezes eles me percebem de uma forma que eu não me vejo”, diz.
Autoestima positiva x autoestima negativa
Assim como se considerar “a última bolacha do pacote” pode ser um problema para o convívio em sociedade, ter pouca consideração consigo mesmo também é prejudicial. Uma autoimagem negativa gera relações de dependência, depreciação e sentimento de culpa, o que acaba afetando a autoestima, afirma Corrêa. “Os dois extremos limitam a possibilidade de nos relacionarmos de forma agradável, por isso é interessante nos perguntarmos: com qual qualidade as minhas relações estão se dando no dia a dia? A partir disso, podemos observar a nós mesmos com mais consciência.”
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