Comportamento

Desafio da Momo: nova Baleia Azul se espalha pelo WhatsApp e Minecraft

Amanda Milléo
08/08/2018 11:45
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A personagem Momo, que aterrorizou crianças e adolescentes no ano passado, está de volta em outros meios de divulgação. (Foto: reprodução WhatsApp)

Os olhos esbugalhados e o sorriso aterrorizante dá cara à mais nova protagonista dos desafios na internet: a Momo. Comparado ao jogo da Baleia Azul, o desafio da Momo exige que os participantes enviem mensagens via WhatsApp a ela. ou conversem via jogos interativos, como o Minecraft. Momo então os responde com imagens de violência, ameaças, xingamentos, ligações de madrugada e provas. A cada nova prova, uma oportunidade de descobrir um pouco mais do participante, e usar as informações e dados hackeados de outras redes sociais para ameaçar a vítima.
As primeiras aparições de Momo ocorreram no Japão, e um dos números de contato mais divulgados tem o código do país. Mas, a popularidade do “demônio” cresceu entre os latino-americanos, com a divulgação de outros contatos da Momo, com códigos da Colômbia e México. Diante da ameaça, no início de julho a Unidade de Investigação de Delitos Informáticos do estado de Tabasco, no México, compartilhou na página oficial do Twitter informações de alerta aos pais a respeito do desafio da Momo.
#UIDI #FGETabasco #Cibernetica #Tabasco #Villahermosa #PolicíaCibernéticaTabasco #SegurosAlNavegar #PrevencionDelitosCibernéticos #MOMO Advertencia por nuevo reto en niños y jóvenes, evita hablar con desconocidos, buscan obtener información que puede ser utilizada en tu contra. pic.twitter.com/FywFhZFyyH
— UIDI FGE Tabasco (@UIDIFGETabasco) 12 de julho de 2018
De acordo com as informações divulgadas pela Unidade mexicana, a história da “demônio” Momo teve início em um grupo de Facebook, que instigava os participantes a começarem uma conversa através de um número desconhecido. O envio de imagens de violência vem acompanhado de ameaças de divulgação das informações hackeadas dos aparelhos, como fotos e mensagens pessoais. Como as pessoas mais vulneráveis são as crianças e adolescentes, este se tornou o público alvo da Momo.
Os riscos, ainda segundo o órgão mexicano, estão no roubo de informações pessoais, a incitação à violência, ou mesmo ao suicídio, extorsão e bullying, além de gerar transtornos físicos e psicológicos, como ansiedade e depressão.

Sem resposta

O Viver Bem tentou contato com um dos números divulgados na Internet como sendo de Momo. Com o dígito do Japão, no WhatsApp o número traz a imagem da mulher assustadora e a mensagem de apresentação diz: “Me chamam de L”, em símbolos katakana (um dos silabários usados na escrita japonesa).
(Foto: reprodução WhatsApp)
(Foto: reprodução WhatsApp)
O contato do Viver Bem não obteve resposta, e a mensagem de apresentação teria sido publicada no dia 30 de junho.
(Foto: reprodução WhatsApp)
(Foto: reprodução WhatsApp)

Quem é Momo?

Como toda lenda urbana, a história por trás da Momo revela que ela seria o espírito de uma jovem japonesa, que teria sido assassinada e, em busca de vingança, usaria as redes sociais para encontrar a próxima vítima.
A imagem de Momo se assemelha a uma personagem folclórica japonesa, chamada de Ubume, que seria uma mulher que teria falecido no parto e, para garantir que o filho sobrevivesse, apareceria na rua segurando o bebê e pedindo para que os passantes o segurassem. Logo que eles pegassem a criança, a mãe desapareceria.
Embora assustadora, Momo na vida real seria a fotografia de uma escultura de “mulher-pássaro”, produzida por um artista plástico japonês, chamado Keisuke Aizawa. A obra teria sido exposta em 2016 na galeria de arte Vanilla Gallery, em Tóquio, no Japão. Essa informação não pode ser confirmada, no entanto, embora várias imagens de turistas ao lado da escultura sejam encontradas na Internet.

O que os pais podem fazer contra a Momo?

Apesar de assustar os pais, a ameaça pode ser controlada com uma conversa com os filhos e mudanças no uso das redes sociais, especialmente o WhatsApp, além de jogos, como o Minecraft – onde as “Momos” também se escondem.
“Uma conversa só não ajuda. Mas é importante mesclar o binômio diálogo e autoridade. A curiosidade das crianças, e dos adolescentes, é grande e os pais precisam entender que eles não têm condições de gerenciar tudo o que visualizam nas redes sociais. Os pais precisam ser os intermediários”, explica Tonio Luna, psicólogo e coordenador da Comissão de Psicologia e Cultura do Conselho Regional de Psicologia- Paraná (CRP-PR).
Sentar e explicar à criança as consequências daquela conversa com a Momo pode ajudar, e aproveitar para impor a hierarquia e autoridade no discurso. “Falar para a criança que você não quer que ela faça esse tipo de coisa, que converse com desconhecidos nas redes sociais, é essencial. A questão de impor a autoridade, de dizer ‘não’ é imensamente importante”, reforça o psicólogo.
A violência faz parte da curiosidade humana e terceirizar o ato também, ao ver outras pessoas aplicando a violência. “A diferença é que o adulto vê a cena de violência e entende, consegue separar ou se negar a vê-la. A criança, não. Ela não consegue se defender disso, e fica vulnerável”, diz Luna.
Como resposta, medos, fobias são alguns dos transtornos que podem se desenvolver – especialmente quando há a ameaça e o apelo emocional envolvidos. “Se você recebe uma ligação ou mensagem dizendo que sabem tudo sobre você, mesmo que a outra pessoa não saiba nada, é o suficiente para gerar um desconforto e manipulação”, explica o especialista.

Ameaças denunciadas

Se você receber ameaças via Internet, como as redes sociais, denuncie. O primeiro passo é coletar as provas da ameaça. No WhatsApp, por exemplo, não basta tirar uma foto da tela, é preciso exportar a conversa – ferramenta que a plataforma mesmo disponibiliza.
Faça um registro dos documentos em cartório e busque pela Delegacia de Crimes Cibernéticos da cidade para registrar o boletim de ocorrência. Em Curitiba, o Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes) está localizado na Rua José Loureiro, 376 – 2º andar.
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