Comportamento

“Engolir sapos” faz mal

Daniela Piva
10/02/2015 19:27
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A expressão “engolir sapos” vem dos antigos romanos, que não se sentiam à vontade com as ordens do imperador Júlio César, mas tinham de segui-las à risca. No dia a dia, frequentemente, muitos se veem obrigados a realizar tarefas que vão contra os seus desejos, valores ou crenças, e vivenciam sensações de falta de liberdade, de direito ou de coragem de responder à altura, por exemplo, uma solicitação ou uma humilhação.
Não saber dizer “não”, de acordo com a psicanalista Andrea D’haese, é um comportamento aprendido ainda na infância, com consequências nas relações adultas. “Para a criança, o apreço dos pais é fundamental, e ela faz de tudo para não perdê-lo. Ao se tornar adulto, muitos ainda carregam a falsa equação de que o ‘sim’ quer dizer ‘amor’, e acabam cedendo às pressões do outro”.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo?
No trabalho, de acordo com a coach Emanuelle Mendes, é preciso perceber se a cultura da empresa direciona para esse comportamento. “É fundamental descobrir o papel do líder e o nível de comunicação entre ele e os seus colaboradores. Se o grau de abertura for baixo e a tendência for a repreensão, o bom senso tem de ser utilizado no momento de decidir se deve ou não ‘engolir o sapo’”, pondera.
Normalmente, esse tipo de decisão provém do nível de ameaça que se recebe no ambiente. Porém, sentir-se coagido e não ser assertivo pode causar doenças como gastrite, depressão e outros transtornos afetivos, além de gerar angústia, diminuição da autoestima e frustração. Para não cair nesse abismo, segundo Andrea, é preciso saber seus limites e se posicionar frente aos abusos emocionais. “Sair da passividade não significa fazer-se de vítima nem ser agressivo. É preciso saber seus limites, se posicionar frente às questões e aprender a suportar o fato de não ser querido o tempo inteiro”.
Como ser mais assertivo
Para as especialistas, o primeiro passo é saber o que se quer e onde se quer chegar. Depois de estar com estas questões claras, para se posicionar de maneira efetiva e sem ferir os próprios valores, é preciso observar três competências e usá-las a seu favor na hora de argumentar: “a primeira é a comportamental, que diz respeito à capacidade de gerenciar seu comportamento no ambiente de trabalho. A segunda é a emocional, que nada mais é do que o modo como se administra o que vem para você. A terceira é sua competência técnica, que é o que você sabe e o que exerce ali dentro”, resume a coach.