Passar as manhãs e boa parte da tarde estudando disciplinas como cálculo I, geometria analítica e programação de computadores não é bem um sacrifício para o calouro de engenharia elétrica, Vinícius Castagna Lepca. Aos 17 anos, o estudante começou o primeiro ano na universidade com duas conquistas valiosas: tirou a maior nota histórica do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e recebeu uma bolsa para estudar na universidade norte-americana Johns Hopkins, em Baltimore, a partir de setembro.
Hoje, quase seis meses após a grande prova, ele percebe o quão importante foi a preparação durante o ensino médio. “Estou achando esse semestre bem tranquilo por enquanto. Tento estudar um pouco todos os dias, mas vejo que muita coisa do que aprendi no ano passado está sendo útil agora”, explica. Para ele, a única matéria mais desafiadora, até agora, é cálculo. “É um pouco difícil, mas nada anormal”.
Para incentivar futuros vestibulandos, o jovem calouro selecionou algumas dicas essenciais na hora de estudar. Confira:
1. Rotina: tente estudar todas as matérias aprendidas na aula no mesmo dia. Para fixar o conteúdo, nada melhor do que fazer muitos exercícios. Se não der tempo de revisar tudo, não se desespere! Você pode recuperar durante o fim de semana.
2. Espaço de estudo: escolha o mais produtivo para você, seja na sala de estudos do cursinho ou em casa. O importante é ficar longe de tentações como a cama, o computador ou o celular. Vinícius ativava o modo avião para se concentrar melhor.
3. Descanso/lazer: você precisa ter um tempo durante a semana sem que precise pensar em fórmulas e conceitos, caso contrário todo o aprendizado ficará bloqueado pelo estresse. Separe um dia para ir ao cinema, sair com os amigos ou mesmo não fazer absolutamente nada.
4. Não decore, aprenda: todo mundo fala isso e é verdade. É claro que você precisará decorar alguns conteúdos, mas escolha os que realmente precisam ser memorizados. Com o restante, tente entender os assuntos por associação; assim, você cria gatilhos de memória que ajudam muito na hora da prova. Em vez de decorar uma fórmula, por exemplo, pense nos caminhos que levam à resolução do problema.
5. Encontre seu método de estudo: isso varia de pessoa para pessoa. Fazer resumos, ler em voz alta ou focar nos exercícios são algumas maneiras de fixar o conteúdo.
6. Saiba fazer a prova: muita gente sabe o conteúdo, mas não tem afinidade com a prova. Para isso, o jeito é treinar, seja com os simulados da escola, seja fazendo vestibulares de inverno. Eliminar alternativas, analisar o enunciado cuidadosamente e não perder muito tempo com uma questão são algumas dicas.
Maior nota histórica da UFPR
Das 80 questões da primeira fase, Vinícius acertou 76; na prova dissertativa da segunda etapa, os resultados também foram excepcionais: gabaritou matemática e física e tirou 54,9 na redação, que valia 60. Isso fez com que ele fosse o primeiro colocado frente aos outros 54.491 candidatos do vestibular 2016/2017. A nota também foi a maior desde que a universidade implementou o atual sistema de seleção, em 2006.
O sucesso não veio à toa. Desde o ensino médio, fazia questão de manter um boletim impecável e, logo no primeiro ano, inscreveu-se como treineiro no vestibular – ao longo dos anos seguintes, faria mais quatro provas antes da “oficial”. Em uma delas, tentou passar em medicina para ver como estava a concorrência; ficou em primeiro lugar.
“Eu sempre gostei de aprender coisas diferentes, então eu ia atrás durante o ensino médio porque se eu deixasse para o terceirão seria mais difícil”, conta. Além disso, Vinícius ficava fora da curva no que diz respeito ao “povo das exatas”. Ao contrário do senso comum, o calouro de engenharia tem uma queda pelas ciências humanas, em especial pela literatura. “Quando era pequeno, lia muitos livros, o que me ajudou nas partes de redação e gramática.”
De olho na aprovação, o estudante manteve uma rotina rígida durante todo o ano, mas garante que separava um dia na semana para não pensar em nada relacionado ao vestibular. Pelas manhãs, assistia às aulas regulares do terceirão e, à tarde, fazia um preparatório para o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), cuja prova é uma das mais concorridas do Brasil. Depois, revisava a matéria do dia até às 22h na sala de estudos, quando o colégio fechava.
Em três dias da semana, reservava cerca de duas horas para ir à academia e, aos sábados, estudava até o começo da tarde. Dali em diante, relaxava até segunda-feira, quando recomeçava os estudos. Embora puxada, a rotina não prejudicava seu rendimento. “Às vezes eu ficava com muito sono, mas em nenhum momento me sentia esgotado. Para me concentrar melhor nos estudos, eu trabalhava com metas: delimitava uns 45 minutos por matéria e separava mais tempo para os conteúdos que tinha menos facilidade, como história e filosofia”, conta.
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