Comportamento

Jovens deverão ser considerados adolescentes até os 24 anos, sugere estudo

Amanda Milléo
31/01/2018 12:00
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Tuco (Lúcio Mauro Filho), personagem do seriado A Grande Família (Rede Globo) era um dos principais representantes dessa geração de adolescentes tardios (Foto: Globo/Paulo Belote) | Paulo Belote

Hoje, a pessoa é considerada adolescente até os 19 anos de idade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, conforme sugere uma pesquisa australiana publicada no início deste mês na revista científica The Lancet Child and Adolescent Health, a adolescência talvez devesse durar até os 24 anos para ser compatível com as mudanças na sociedade.
Como a adolescência representa tanto um crescimento biológico quanto a transição para uma maior participação social, o estudo defende que os jovens de hoje não atendem a essas exigências e poderiam ser chamados de adolescentes por mais tempo.
“Uma definição de adolescência mais extensa e inclusiva é essencial para o desenvolvimento apropriado e enquadramento de leis, políticas sociais e sistemas de serviços. Ao invés da variação de 10 a 19 anos, a definição dos 10 aos 24 anos corresponderia melhor ao crescimento adolescente e à percepção popular dessa fase da vida”, afirmam os pesquisadores no estudo divulgado.
Por outro lado, segundo a psicóloga Larissa Canan, mais que se adaptar às mudanças sociais, discutir essa alteração indicaria o crescimento da imaturidade. “Passar dos 19 aos 24 anos o fim da adolescência só demonstra que provavelmente esses jovens estão tendo dificuldades para amadurecer do ponto de vista psicológico e comportamental”, explica.
Isso significa que a geração de 20 e poucos anos, hoje, não adquiriu a tempo noções de responsabilidade, como cumprir horários, aceitar regras, regular as vontades de deveres ou mesmo controlar melhor os impulsos e imediatismo. Eles, inclusive, são reconhecidos como a geração floco de neve, por não aguentarem ouvir “não”.

Erro dos pais?

Culpar a situação econômica e a superproteção dos pais como justificativa para a permanência dos jovens na adolescência nem sempre é um argumento válido.
“Devido a baixa oferta de emprego, os jovens estão mais inseguros para entrar na vida profissional e alcançar a independência financeira. Acabam, então, estendendo a vida estudantil e, consequentemente, permanecendo na casa dos pais por mais tempo. Mas há também uma resistência desses jovens em perder o conforto e a não aceitação do status rebaixado”, explica a psicóloga.
Os pais, também, têm cada vez mais incentivado a permanência dos filhos em casa, favorecendo a imaturidade da prole. “Eles aumentam as regalias e concessões, como deixar o namorado ou namorada dormir em casa, e isso incentiva casamentos mais tardios, que era o principal motivo para se mudar em outros tempos”.

Adolescência impacta a saúde

De acordo com Larissa Canan, psicóloga, há cada vez mais casos de depressão e transtorno de ansiedade entre os jovens, que se sentem pressionados e com medo de virar adultos. “Crescer é quase sempre doloroso e assustador. É o que chamamos de síndrome do Peter Pan, quando eles permanecem na “terra do Nunca”, fugindo das responsabilidades”, explica.
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