Comportamento

Katia Michelle

Mãe deixa filha ser picada por cobra para “ensinar”; quais os limites da educação?

Katia Michelle
07/06/2017 12:35
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Psicanalista explica que até os três anos as crianças ainda não tem o cérebro completamente formado e nem noção do perigo. Foto: Bigstock

Uma mãe que mora na área rural da Flórida, nos EUA,  postou um vídeo nas redes sociais mostrando a filha de um ano sendo picada por uma cobra. A intenção, disse a mãe em entrevista ao canal inglês ABC, era mostrar uma “valiosa lição” à filha. Ela explicou que na região tem vários animais selvagens e precisava ensinar a criança desde cedo a lidar com a situação.
De acordo com a explicação da mãe, que disse não se arrepender, a filha se assustou apenas com o movimento da cobra e não com as mordidas. O vídeo foi retirado do Facebook e foi registrada queixa de abuso infantil às autoridades. Mas qual o limite da educação: Os pais devem ensinar as crianças desde cedo os perigos da vida estimulando que eles tenham as próprias experiências?
O vídeo que mostra a criança sendo picada foi retirado do Facebook, mas o print serviu de prova para uma ação contra maus tratos. Fotto: reprodução
O vídeo que mostra a criança sendo picada foi retirado do Facebook, mas o print serviu de prova para uma ação contra maus tratos. Fotto: reprodução
Para a psicanalista Claudia Serathiuk, pelo menos até os três anos o cérebro ainda está em formação e as crianças não tem noção dos perigos. “Cabe ao adulto tomar as decisões e ensinar sempre com intermédio da palavra, nunca expondo as crianças a situações de perigos. Não é colocando a mão dela no fogo que você vai ensinar a não se queimar”, salienta.
Claudia explica que os limites são aprendidos desde o nascimento. “A criança aprende que tem que dormir de noite, que precisa comer em determinado horário”, exemplifica. A partir daí, sempre através do diálogo, os pais devem educar a criança de acordo com o discernimento que ela apresenta em cada fase.
A medida que a criança vai crescendo e se desenvolvendo, é possível dar a ela o poder de escolha para que ela vá ganhando autonomia. “Mas isso deve ser feito de acordo com a capacidade da criança. Ela precisa comer fruta, por exemplo, mas pode escolher entre manga e uva. O ideal é sempre dar duas opções para não confundir, mas nunca colocar à criança em risco para que ela aprenda. Não é assim que a educação acontece”, enfatiza.
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