Comportamento

“A velhice não é um peso, mas uma fase para resgatar sonhos”, diz psicóloga

Camila Petry Feiler, especial para Gazeta do Povo
05/06/2017 08:00
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Maria Celia de Abreu vai lançar o livro “Velhice – uma nova paisagem” em Curitiba. (Foto: Divulgação)

Aos 72 anos, a psicóloga Maria Celia de Abreu sempre pega o carro e segue viagem sozinha para a praia. Ao ouvir que não tem idade para tamanha audácia, ela pergunta: “por que não? Por que eu não vou me dar esse prazer? Eu estou em boas condições físicas e sempre dirigi bem”. E é exatamente esse comportamento que ela indica para desconstruir o preconceito em relação à velhice. “Eu acho que a gente tem que fazer como uma criança pequena. Tudo perguntar ‘por quê?’ ou ‘por que não?’”, afirma.
Autora do livro “Velhice – uma nova paisagem” (Editora Ágora), Maria Celia queria entender porque a velhice ainda permanece um estigma na sociedade. O livro será lançado em Curitiba na próxima quarta-feira (7), na Loja Namix, no Cabral. A obra é resultado dos anos de estudos e reflexão que ela mantém junto ao Instituto para o Desenvolvimento Educacional, Artístico e Científico (Ideac), criado em 1981, que apoia a maturidade como uma fase para resgatar os sonhos.
Maria Celia colheu depoimentos de formadores de opinião e especialistas para compor o livro. Entre eles, as atrizes Aracy Balabanian e Eva Wilma, o médico Drauzio Varella, o psicoterapeuta Flávio Gikovate (falecido em 2016), o jornalista Paulo Markun, a dramaturga Maria Adelaide Amaral, a antropóloga Mirian Goldenberg, o professor Mario Sergio Cortella (que escreveu o prefácio) e o autor de novelas Silvio de Abreu, seu marido. No livro, os depoimentos revelam diferentes opiniões sobre a velhice.
E mesmo que não exista uma receita mágica para envelhecer bem, a autora propõe que a velhice seja explorada com todas as possibilidades que a fase permite: enxergando a vida como um caminho e sabendo que cada parte do percurso será diferente. “A vida da gente tem que ser vivida plenamente em todas as fases”, afirma.
Por isso, ela ressalta a necessidade de os mais velhos exercerem algumas habilidades, como flexibilidade e resiliência. “Você precisa se adaptar às novas paisagens, largar mão do que era útil para você antigamente, agora a situação mudou e você também”, diz ela, sugerindo que é possível tirar proveito das condições que a vida dá, inclusive na terceira idade.
Maria Celia também defende o bom humor como questão fundamental. Além de olhar para vida sempre de um jeito leve. “Qualquer pessoa se aproxima de um velho que tenha bom humor, é bom conviver com uma pessoa assim”, diz.
A psicóloga destaca que também é preciso ter uma ocupação. Pode ser um trabalho remunerado ou não, mas o importante é ter compromissos e responsabilidades quando se vai envelhecendo. Uma sugestão é se ocupar com coisas que vão ser importantes para outras pessoas.
Outra dica para se dar bem na velhice é cultivar as relações sociais. “Dá trabalho, você tem que se mexer, ir atrás, ser criativo, as vezes você tem perda, mas é o que vai te sustentar quando você estiver em crise. Pode ser com os familiares ou com pessoas da sua eleição, mas vá atrás, em qualquer idade. Também não precisa ficar limitado, só velho com velho”, comenta Maria.
Mas ela destaca um porém: “tem pessoas que durante a vida inteira não gostaram de vida social, de festa, de sair. Essas pessoas não vão mudar só porque ficaram velhas. Mas, ao ficarem sozinhas com um bom livro, com filme, essas pessoas não se sentem sozinhas. Não existe um sentimento ruim. E existem pessoas que sempre foram extrovertidas e provavelmente vão continuar. Precisa ser respeitada a história de vida de cada um, sem preconceitos”.
Serviço
Lançamento do livro “Velhice – uma nova paisagem”, de Maria Celia de Abreu
Data: 07 de junho
Horário: Das 16h às 21h
Local: Loja Namix – Rua Recife, 51, Cabral.

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