Comportamento

Depois do milagre, família do garoto curado no Paraná dá conselhos religiosos

Talita Boros Voitch
08/06/2017 15:31
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Na cerimônia de canonização dos Pastorinhos de Fátima, Papa Francisco abraçou Lucas. (Foto: Alessandra Tarantino/AP/Estadão Conteúdo) | ESTADÃO CONTEÚDO

A vida da família do menino Lucas Maeda de Oliveira, de 9 anos, foi transformada pela . Quando tinha 5 anos, ele caiu do primeiro andar do prédio dos avós. Na queda, Lucas bateu a cabeça no chão e sofreu um traumatismo craniano grave, com perda de tecido cerebral. Era 2013. Praticamente sem chances de sobreviver e desenganado pelos médicos que o atenderam na época, Lucas contrariou as previsões e se recuperou. Sem sequelas. Sua cura foi atribuída a um milagre dos Pastorinhos de Fátima, canonizados no mês passado pelo Papa Francisco.
De lá pra cá, a vida da família, natural de Juranda, no Centro-Oeste do Paraná, mudou. Em maio, eles embarcaram para Fatima, em Portugal, para participar da cerimônia de canonização dos irmãos Francisco e Jacinta. O pai de Lucas, João Batista de Oliveira, deu um testemunho sobre o milagre para 600 mil pessoas que participavam da cerimônia. Juntos, abraçaram o Papa Francisco.
Desde então, a família é procurada por pessoas que buscam palavras de fé e consolo. “Embora a gente tente levar uma vida normal, o milagre mudou também a nossa fé. Tem muita gente que nos procura pedindo orações, ajuda espiritual. Eu acho isso muito bonito”, diz Oliveira, que é dono de uma farmácia no município de Juranda.
Hoje Lucas hoje vive uma vida comum de criança de 9 anos. O acidente não o deixou com nenhuma restrição ou outro tipo de sequela. Cursa o 5º ano do Ensino Fundamental e vai à missa com a família aos sábados e domingos. Ainda gosta de brincar com a irmã mais velha, Eduarda, de 11 anos, coisa que fazia no momento em que caiu da janela em 2013.
O acidente
Era uma noite quente de março e a família visitava os avós, que moram no primeiro andar de um edifício na cidade com pouco mais de 7.400 habitantes. Lucas e Eduarda estavam brincando no sofá da sala. O móvel ficava encostado na janela. Estava quente, por isso a janela estava aberta. “Foi rápido. Você não imagina o que é buscar seu filho caído no chão daquele jeito”, lembra o pai.
Lucas foi levado às pressas para o hospital. Em coma, sofreu duas paradas cardiorrespiratórias. A equipe médica avisou a família que ele tinha poucas chances de sobreviver. Caso sobrevivesse, os médicos disseram que o menino ficaria com graves sequelas, até em estado vegetativo.
A família decidiu então rezar para Jesus e Nossa Senhora de Fátima. No dia seguinte ao acidente, ligaram para as irmãs Carmelitas de Campo Mourão, cidade vizinha a Juranda, pedindo orações.
Uma das irmãs recorreu às relíquias dos beatos Francisco e Jacinta pedindo ajuda para Lucas, que “era uma criança assim como eles”. “Ela conseguiu convencer toda a comunidade do Carmelo a rezar apenas com a intercessão dos Pastorinhos”, conta Oliveira. A família também começou a rezar aos irmãos Francisco e Jacinta, pedindo pela melhora de Lucas.
Dois dias depois, o menino acordou. Lúcido, perguntou pela irmã e em três dias saiu da UTI. Por fim, foram apenas 12 dias de internamento e uma recuperação considerada “inexplicável” pela equipe médica. Lucas não tem nenhum dano neurológico ou cognitivo.
Os Pastorinhos de Fátima
Os pequenos pastores, Francisco e Jacinta, morreram de gripe espanhola aos 10 e 9 anos, respectivamente, anos depois de terem presenciado, junto com a prima Lúcia, seis aparições da mãe de Jesus, Virgem Maria. A primeira foi em 13 de março de 1917, e as outras ocorreram no dia 13 de cada mês seguinte. Os irmãos, enterrados na Basílica de Fátima, tornaram-se os santos mais jovens da Igreja Católica que não são mártires. O processo de beatificação de Lúcia, que morreu em 2005, aos 97 anos, continua.
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