Anna Moraes e a sogra Luciene Thomazi: respeito mútuo e muito amor. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Leticia Akemi
Esqueça as piadinhas, os apelidos “carinhosos” e, principalmente, as brigas em família. Quem pensa que o relacionamento com a sogra sempre é protocolar e limitado a visitas em reuniões de família, ainda tem muito o que aprender com os personagens que ilustram esta matéria – uma homenagem ao Dia da Sogra, comemorado no dia 28 de abril. Diferentemente do que se possa imaginar, eles se dão muito bem com as mães dos seus parceiros e avisam de antemão que não existem problemas que não possam ser resolvidos com uma boa conversa.
Há dois anos e meio na família, o desenvolvedor web Israel Block, de 26 anos, conquistou a sogra muito rapidamente. O motivo? Já chegou com um sorriso aberto e fazendo cafezinho para os pais de Vitória, de 20 anos. “O Israel é muito comunicativo, igual ao meu marido, então foi muito fácil gostar dele. É engraçado que, muitas vezes, as filhas buscam namorados muito parecidos com o pai e isso, com certeza, ajudou aqui em casa”, conta a empresária e hoje sogra de Israel, Gleyce Bastos Vitorino, de 39 anos. Antes do casamento, Israel era chamado de “candidatoa genro” como uma forma de fazer graça com o desenvolvedor web.
Block lembra que a logística do dia a dia foi um dos motivos que facilitou a convivência com a família da esposa. Como ele morava no Boqueirão e ela no Bairro Alto, ele passava muito tempo na casa da família e chegou a pousar algumas vezes quando ficava muito tarde. Mesmo convivendo tantas horas juntos, sogra e genro garantem que nunca brigaram nesse tempo todo. “Sempre tivemos muito respeito um pelo outro”, conta Block. “Quando estou na casa dos meus sogros, eu sei que preciso respeitar o espaço deles, assim como eles respeitam o meu. Isso fez com que nosso bom relacionamento perdurasse até hoje”.
Para Gleyce, um dos fatores que mais afetam o relacionamento com uma sogra é a postura do casal em relação à intimidade a dois. “O que acontece dentro de quatro paredes, deve ficar entre quatro paredes. O que eu vejo muito hoje, e dou graças a Deus que minha filha não faz, é um dos parceiros ficar levando e trazendo os problemas da relação para o ouvido do pai ou da mãe. E isso é a pior coisa que uma filha pode fazer no relacionamento entre genro e sogra”, pontua.
Segunda Mãe
O primeiro contato, há 7 anos, entre a designer gráfica Anna Moraes, de 23 anos, e a empresária Luciene Thomazi, de 49 anos, causou percepções diferentes para cada uma, lembram entre gargalhadas a hoje nora e sogra.
Enquanto a Luciene amou no primeiro instante a escolhida do filho, Rodrigo Thomazi, 25 anos, Anna teve a impressão de que tinha acabado de ser apresentada a uma daquelas sogras do imaginário popular. “Quando ela saiu do carro, veio me cumprimentar e deu aquele abraço de tapinhas. Na hora, eu pensei: ‘estou frita. Ela é daquelas megeras’”. A empresária, por outro lado, ficou encantada com a jovem.
Mas logo em seguida a impressão negativa começou a se dissipar, garante Anna. “Fomos encontrando muitos pontos em comum, como o amor pelas artes. Além disso, minha sogra é muito alegre e carinhosa”, recorda. E acrescenta: “hoje eu considero Luciene minha segundamãe”. A sogra também se desmancha em elogios à nora. “A Anna é muito simpática, cativante e companheira. Eu sou apaixonada por ela”.
Para ambas, o segredo de um bom relacionamento é o respeitomútuo. “Não adianta eu querer me dar bem com a pessoa se a outra parte não for receptiva e não quiser se entrosar”, avalia a empresária. E mesmo com tantos “corações” de uma para a outra, as vezes há puxões de orelha de ambas as partes. “Nada, no entanto, que uma boa conversa não resolva e acalme”, completa Anna.
Convivência
Bom relacionamento e respeito têm reflexos inclusive nos netos
Quando o assunto é se dar bem com a sogra, especialistas são unânimes: é preciso saber se relacionar e respeitar. Sem isso, o convívio de toda a família é afetado. “O bom convívio com os sogros favorece a boa relação de todos os membros. Quando existe respeito dos parceiros com seus sogros, isso enriquece a vivência entre os avós e seus netos, por exemplo”, salienta a terapeuta familiar e membro da diretoria da Associação Paranaense de Terapia Familiar (APRTF), Milena Buccianti. Caso a relação não tenha começado bem, a especialista afirma que é importante verificar se há como reparar o problema evitando maiores tensões e conflitos. Outra dica é estabelecer limites, pois muitos dos conflitos – principalmente entre a nora e a sogra – ocorrem por causa de disputas, diferenças e interferências.
Dicas de ouro
A terapeuta familiar, Denise Diniz, dá orientações simples para manter o bom relacionamento com a sogra:
Não chegue para conhecer sua sogra com idealizações: não existe uma pessoa só boa ou só ruim.
Avalie a dinâmica da família do seu companheiro: por que essas pessoas agem como agem?
Não esqueça que foi você que chegou depois, não a mãe do seu parceiro.
Estabeleça seus limites na relação e respeite os limites de sua sogra.
Se você já tentou de tudo e nada deu certo, é melhor se afastar.
Nunca peça para que seu companheiro tome lado nas brigas ou até mesmo que se afaste da própria mãe.