Como utilizar o “pote da calma”nos momentos de birra e chilique das crianças
Raquel Derevecki
07/03/2019 07:00
Foto: Reprodução/Youtube/ Canal Dan Frediani
Basta misturar um pouco de glitter, corante alimentício e água dentro de um recipiente de plástico com tampa para que o “pote da calma” esteja pronto. O objeto – chamado de calming jar, em inglês” – promete tranquilizar as crianças ao atrair a atenção delas para os pontos brilhantes que se movimentam quando são chacoalhados. Além disso, se tornou famoso depois que o príncipe George, filho mais velho do príncipe Willian, da Inglaterra, começou a brincar com um deles na escola.
A ideia faz parte do método de ensino Montessori, que procura criar um ambiente de aprendizado mais criativo para o desenvolvimento da criança. “É uma das técnicas da médica e educadora Maria Montessori e já tem sido usada há muitos anos para acalmar crianças como uma forma de distraí-las”, afirma a psicóloga Elciane Lipski, especialista em psicopedagogia e neuropsicologia de Curitiba.
Segundo ela, o pote da calma funciona como uma atividade sensorial que ajuda a criança a manter o foco no momento presente, esquecendo o fator estressante que passou. Isso faz com que seus batimentos cardíacos desacelerem, contribui para a redução da ansiedade e ainda ajuda no controle da respiração.
“Entre os 2 e 7 anos, os pais podem entregar o pote à criança falando que voltarão a conversar depois que cair o último brilho. Aquilo se tornará uma referência de tempo para ela e ainda a ajudará a controlar a ansiedade e respirar profundamente até se acalmar”, explica a psicóloga.
Depois que a criança observa os brilhos se movendo e se distrai, é mais fácil conversar com clareza a respeito do que a chateou. No entanto, ainda que essa seja a maneira amais indicada para uso do pote da calma, não é o único jeito de utilizar o objeto. “Você pode usá-lo na hora da criança dormir para que baixe a agitação e ansiedade, pode deixar na mão dela como um brinquedo em um momento de stress ou ainda pode segurar o pote e começar a contar uma história”, pontua Elciane.
O modo de usar o pote da calma depende de cada situação e, nem sempre, chegará aos resultados esperados. Na primeira vez que a médica veterinária Mariana Weigel tentou usar o objeto para acalmar a filha Alice, por exemplo, a garota não aceitou. “Eu mostrei o colorido do pote tentando entretê-la, mas ela bateu com raiva na minha mão e o pote caiu”, relata a moradora de Manaus, no Amazonas.
Para evitar que a criança jogue o pote em um momento de raiva como esse, a especialista em psicopedagogia orienta os pais a segurarem o recipiente fora do alcance da criança enquanto conversam com ela, cantam alguma música ou contam uma história.
“Os pais vão brincando com aquilo até a criança se interessar e se aproximar mais”.
Já nos momentos de extrema raiva, pode ser necessário desviar o foco do stress de outra forma. “Para crianças muito pequenas é necessário entender o motivo daquilo. E, para as maiores, você pode conversar e sugerir outras maneiras de resolver. Se for uma briga com o irmão, por exemplo, é importante que o adulto faça uma intervenção sem brigar, mas acolhendo e tentando ouvir o que a criança tem a dizer”.
Esse foi o método escolhido pela mãe Mariana. Depois de perceber que o pote da calma não funcionou com a filha Alice, ela descobriu que apenas sentar ao lado da menina nos momentos de crise era o método mais eficaz. “Eu dizia com uma voz tranquila que estava ali na hora que ela precisasse, e tentava abraçar e fazer carinho”, relata.
De acordo com Elciane, outra orientação para casos como esse é separar trinta minutos diariamente para brincar com a criança. “Faça as coisas que ela escolher, de preferência sentado no chão em um momento lúdico, para que ela entenda que as coisas que ela gosta também são importantes para o adulto”. Se, mesmo assim, os momentos de raiva continuarem constantes, os pais devem procurar orientação de um psicólogo para identificar a motivação do stress da criança e corrigir o fator desencadeante.
Dicas para fazer o pote da calma
Na hora de montar o pote da calma, é necessário escolher um recipiente de plástico que trave bem para evitar que a criança quebre o objeto ou abra a tampa. “E, para as crianças menores, evite garrafas associadas a bebidas, como de água, para evitar enganos”, aconselha a especialista.
Segundo ela, a criança também pode participar da montagem ao escolher as cores de cola glitter, corante, purpurina e outros detalhes como lantejoulas e estrelinhas, que podem ser colocados no recipiente. Depois, basta deixar um espaço sem água na parte superior do pote para que seja possível agitar o conteúdo e ver a “magia” acontecer.