Fenômeno da comunicação atual, o whatsapp é amplamente utilizado por pessoas de todas as idades. Ótimo para trocar informações, ele também
reacende a questão de limites e intimidade. Quando o ambiente de que se fala é a escola, então, a discussão torna-se ainda mais necessária. Tanto que a psicopedagoga
Isabel Parolin tem feitos palestras sobre o tema em diversas escolas, particulares e públicas, e ressalta o quanto é importante falar sobre o tema para que o aplicativo – que tem vantagens e desvantagens – não se transforme em um verdadeiro campo de batalha, tendo a escola como palco.
“O acesso à informação tem sempre um lado bom, mas é preciso ter limites. Não dá nem para invadir a intimidade das pessoas só porque a adicionou no whatsapp, nem interferir na forma como a escola lida com as situações”, diz Isabel. Ela acumula exemplos de como o aplicativo tem se tornado uma “arma indiscreta” da educação. Tanto sobre grupos de pais que discutem situações que só cabem a escola resolver, como mães e pais “invadindo” a intimidade dos professores em horários nada usuais.
Já entre as crianças e adolescentes, o bullying também é uma prática usual para quem não sai do aplicativo, cada vez mais disseminado nas escolas. “Tanto alunos como pais devem entender que o whatsapp é um registro escrito. Não dá para se esconder por trás de um aparelho”, diz. Para ela, as pessoas estão “perdendo a noção do bom senso” por causa do instrumento que tem à mão. Os limites da privacidade e da intimidade, por exemplo, estão sendo quebrado o tempo todo.
De acordo com a psicopedagoga, isso é resultado de uma geração que não teve limites e agora está passando valores equivocados para os próprios filhos. “Não podemos esquecer que cabe aos pais orientar os filhos sobre educação, bom senso e valores. Não dá para deixar esse papel somente para escola”, diz.
E qual o papel da escola?
Frente às situações constrangedoras, como pais questionando em grupos as atividades pedagógicas, o comportamento dos professores e até trocando injúrias pelo aplicativo, a escola deve orientar quanto ao uso indiscriminado do whatsapp e até das redes sociais para assuntos que sejam interesse apenas do estabelecimento de ensino.
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Para evitar situações constrangedoras, a coordenadora do Expoente Simone Kleina Machado enviou para os pais um texto orientando sobre o uso do whatsapp. “Vivemos muitas situações nas quais a escola é informada indiretamente sobre cenas do cotidiano distorcidas, muitas vezes deixando de lado o principal interessado em esclarecer o ocorrido: a própria escola.”, diz.
Para Simone, o diálogo é fundamental para lidar com essas situações. Mesmo porque o uso do aplicativo é uma realidade sem volta. Cabe à escola e aos pais encontrarem formas de lidar com as situações pontuais. “A necessidade do face a face, do olho no olho nunca será substituída pelo virtual”, salienta Simone.
Virtual X Real
Veja dicas da psicopedagoga Isabel Parolin para uma boa convivência entre o real e o virtual, quando o assunto é o uso do whatsaap pela comunidade que envolve a escola:
- O celular é uma janela para o mundo. Quando der um aparelho para o seu filho, ensine sobre as responsabilidades. Não dá para se “esconder” atrás do aparelho.
- Monitore a interação das crianças e adolescente nos grupos e reforce que tudo fica registrado.
- Ensine sobre intimidade e respeito e pense sobre isso. Quando é adequado abordar o outro?
- A resposta não precisa ser imediata. Respeite o tempo do outro e não cobre disponibilidade.
- Pense sobre a adequação do instrumento para discussões dos temas. Assuntos complexos devem ser tratados pessoalmente.